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Bolsonaro tenta apagar incêndio no Congresso

Após trocas de acusações pesadas com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, Bolsonaro diz que a briga entre eles é página virada, “chuva de verão”. Em meio à crise com Maia, Bolsonaro também enfrenta o desgaste do ministro da Educação, Vélez Rodríguez, e a ameaça de Paulo Guedes de deixar o governo.

No dia seguinte das trocas de farpas com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), o presidente Jair Bolsonaro amenizou o desentendimento entre eles e chamou de “uma chuva de verão”.

“Para mim isso foi uma chuva de verão, o sol está lindo e o Brasil está acima de nós”, disse.

A declaração foi feita após cerimônia em comemoração dos 211 anos da Justiça Militar. Rodrigo Maia, que foi convidado para o evento, não compareceu.

Segundo a assessoria de imprensa do STM (Superior Tribunal Militar), o presidente da Câmara não respondeu ao convite, como fez nos três últimos anos.

Na quarta (27) Bolsonaro afirmou que Maia estava “abalado” por “questões pessoais”, se referindo a prisão do sogro de Maia, Moreira Franco. Maia reagiu dizendo que Bolsonaro estava “brincando de presidir o Brasil”.

“Abalados estão os brasileiros que estão esperando desde 1º de janeiro que o governo comece a funcionar. São 12 milhões de desempregados, 15 milhões de brasileiros vivendo abaixo da linha da pobreza e o presidente brincando de presidir o Brasil”, disse o presidente da Câmara.

“Agora está na hora de a gente parar de brincadeira e está na hora de ele sentar na cadeira dele, de o Parlamento sentar aqui e a gente resolver em conjunto os problemas do Brasil”, acrescentou Rodrigo Maia.

Em resposta a Maia, o capitão reformado disse que a declaração era irresponsável.

“Se foi isso mesmo que ele falou, eu lamento. Não é uma palavra de uma pessoa que conduz uma Casa. Muita irresponsabilidade”, disse Bolsonaro a emissoras de televisão, após encontro com empresários e artistas na casa do fundador da Cyrela, Elie Horn.

Em meio à crise com Maia, Bolsonaro também enfrenta outra turbulência. Na noite da quarta (27), a jornalista Eliane Cantanhêde da Globo News publicou que o ministro da Educação, Vélez Rodríguez tinha sido demitido.

“Bolsonaro decidiu demitir o ministro da Educação, Vélez Rodriguez. Os motivos são óbvios”, publicou Cantanhêde em seu Twitter.

Uma hora depois, Bolsonaro desmentia a informação.

“Sofro fake news diárias como esse caso da “demissão” do Ministro Vélez. A mídia cria narrativas de que NÃO GOVERNO, SOU ATRAPALHADO, etc. Você sabe quem quer nos desgastar para se criar uma ação definitiva contra meu mandato no futuro. Nosso compromisso é com você, com o Brasil”, disse Bolsonaro no Twitter.

“Ele tem problemas sim, ele é novo no assunto. Não tem o tato politico, vou conversar com ele e tomar as decisões que tem que tomar”, afirmou.

Bolsonaro não respondeu se Vélez permanecerá no cargo, mas disse apenas que não demitiria nenhum de seus auxiliares por telefone.

“Olha, eu estava em São Paulo ontem, estou tomando o pé da situação. Não procede a informação de ontem, que ele teria sido exonerado, jamais iria exonerar alguém por telefone. Já estávamos conversando com outros ministros. É educação, né? Tem que dar certo no Brasil, é um dos ministérios mais importantes”, afirmou.

Na mesma quarta (27), o ministro Paulo Guedes também deu demonstrações de que as coisas não andam bem no governo Bolsonaro. Primeiro, ao participar da audiência na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, Guedes bateu boca com a senadora Katia Abreu (PDT-TO).

Guedes foi interrompido ao falar sobre a aposentadoria que os congressistas recebem.

“Por favor, eu posso falar? A senhora terá o seu horário”, disse o ministro.

“O senhor não é o mandante da comissão”, rebateu a senadora.

O presidente da Comissão de Assuntos Econômicos, Omar Aziz, entrou na discussão a favor de Kátia Abreu: “O senhor é convidado aqui, vamos lhe tratar com respeito. Mas o senhor não vai desrespeitar senador ou senadora aqui não. O senhor adiou 3 vezes sua vinda aqui. Entre nós a gente pode ter divergência política. Os senadores são os verdadeiros representantes da população brasileira. Mal ou bem, o governo atacando a velha política, nós somos representantes”.

Na mesma reunião, o ministro enviou recados que, nos últimos dois dias, já havia externado nos corredores de sua pasta. Disse que se não tiver respaldo deixará o cargo.

Os auxiliares traduziram a ação da seguinte forma: um dos pilares de sustentação do governo Jair Bolsonaro decidiu avisar publicamente que, sem retaguarda, não permanecerá no posto. O destinatário da mensagem é o presidente Bolsonaro.

 

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