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Atolado em novo escândalo, Facebook perde 49 bi em valor de mercado

Nesta terça-feira a imprensa americana anunciou que a Comissão Federal de Comércio dos Estados Unidos decidiu investigar o vazamento de dados de usuários do Facebook e o uso indevido deste material em consultorias políticas, como a contratada pela campanha de Donald Trump.
 
A Cambridge Analytica (CA), empresa de análise de dados para processos eleitorais, filiada à britânica Strategic Communication Laboratories – que pesquisa comportamento e comunicação estratégica – teve acesso ao perfil de 50 milhões de usuários do Facebook e os usou para fins políticos a partir de 2014.
 
A coleta dos dados foi realizada através de um aplicativo desenvolvido por Aleksandr Kogan, psicólogo acadêmico e cientista de dados, que desenvolveu a ferramenta “this is your digital life”, que oferecia ao usuário uma previsão de sua própria personalidade. Após a consulta, o app se auto publicava no Facebook como “um aplicativo de pesquisa usado por psicólogos”.
 
Aleksandr Kogan teria encaminhado ilegalmente 50 milhões de dados à Cambridge Analytica. Informação suficiente para traçar um panorama da situação política a curto prazo, possibilitando consolidar, ou modificar, estratégias eleitorais. Segundo o The New York Times, Kogan violou as regras do Facebook ao compartilhar os dados sem a autorização de seus detentores.
 
No último domingo o Facebook informou que está investigando o vazamento provocado pela empresa inglesa. De acordo com as investigações a Cambridge Analytica tem como objetivo, entre outras atividades, prever resultados eleitorais.
 
Após a divulgação, as ações do Facebook caíram 9,15%, cerca de 49 bilhões de dólares em valor de mercado. Parlamentares britânicos e americanos pediram explicações à empresa.
 
Curiosamente, um dos investidores da Cambridge Analytica é o ex-estrategista-chefe da campanha de Donald Trump, Steve Bannon. A empresa foi contratada por Trump nas eleições de 2016.
 
O caso ganhou ainda mais repercussão quando Alexander Nix, dono da Cambridge Analytica, foi filmado pelo Channel 4 – canal de TV britânico – admitindo que sua empresa conspira contra governos e trabalha secretamente em eleições. Nix revelou suas táticasa um jornalista que se passava por cliente potencial.
 
O repórter simulou ser um consultor do Sri Lanka que buscava eleger candidatos em eleições locais. Nas explicações dadas ao suposto cliente sobre as ferramentas que podem ser utilizadas para ganhar pleitos, Nix revelou que já trabalhou em mais de duzentas eleições em todo o mundo, incluindo República Tcheca, Índia, Nigéria, Quênia e Argentina.
 
A reportagem foi além e o Channel 4 conseguiu gravar Mark Turnbull, diretor-executivo, e Alex Tayler, diretor de informação da mesma empresa. No vídeo Tyler explica como “segmentar a população” de modo a “transmitir mensagens sobre assuntos com que as pessoas se importam em linguagens e com imagens que os atraiam”.
 
O diretor-executivo revela que a empresa põe informação “na corrente sanguínea da internet”:
 

  • Tem que acontecer sem que alguém perceba que é uma propaganda, porque no momento em que pensa ‘isto é uma propaganda’ a próxima questão é ‘quem a publicou’?

 
Segundo Tyler, “fizemos isso no México, fizemos na Malásia… E agora vamos entrar no Brasil, na Austrália e na China — mas não em política.”

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