imprensa – Nocaute https://controle.nocaute.blog.br Blog do escritor e jornalista Fernando Morais Tue, 27 Aug 2019 01:14:32 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=5.3.1 https://nocaute.blog.br/wp-content/uploads/2018/06/nocaute-icone.png imprensa – Nocaute https://controle.nocaute.blog.br 32 32 Presidente Bolsonaro declara guerra às Organizações Globo https://nocaute.blog.br/2019/08/26/presidente-bolsonaro-declara-guerra-as-organizacoes-globo/ Mon, 26 Aug 2019 18:42:41 +0000 https://nocaute.blog.br/?p=53307 Furioso, com um exemplar do jornal O Globo nas mãos, o presidente Jair Bolsonaro surgiu hoje no gradil do Palácio da Alvorada para, diante de um grupo de jornalistas, atacar as Organizações Globo e os jornalistas de um modo geral. Bolsonaro disse que, como os jornais não publicaram a denúncia que ele fez contra o colunista de O Globo, Merval Pereira, ele não daria entrevista. E disparou a falar.

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Furioso, com um exemplar do jornal O Globo nas mãos, o presidente Jair Bolsonaro surgiu hoje no gradil do Palácio da Alvorada para, diante de um grupo de jornalistas, atacar as Organizações Globo e os jornalistas de um modo geral. Bolsonaro disse que, como os jornais não publicaram a denúncia que ele fez contra o colunista de O Globo, Merval Pereira, ele não daria entrevista. E disparou a falar. Trouxe outros nomes que teriam recebido somas volumosas com palestras, “pagas com o dinheiro público, sem licitação”.

Citou Cristiana Lobo, Samy Dana, Giulliana Morrone e Pedro de Morais. Todos, segundo o presidente, teriam recebido mais de 200 mil reais por palestras. “É, justamente, o pessoal que mais desce o pau em mim”. Cobrou dos jornais por não publicar nada, quando a denúncia “é contra seus colegas”. Na sexta-feira, Bolsonaro havia ameaçado os jornalistas de não dar mais entrevistas a eles, caso não saísse, no dia seguinte, sua denúncia contra Merval (de que ele recebera 375 mil reais em uma palestra, paga com dinheiro público).

Merval respondeu que foram treze palestras e todas com nota fiscal e impostos descontados. Bolsonaro, com ar muito irritado, mostrou aos jornalistas a manchete principal do Globo – “Macron promete ajuda de países ricos à Amazônia” – e disse: “Quem ajuda alguém… a não ser uma pessoa pobre… sem retorno?”

Disse ainda: “Eu apanho desde 1991, será que eu não tenho nada que presta?” Bolsonaro completou que “a grande mídia quer que eu saia daqui” pra voltar os antigos e eles continuarem faturando com o dinheiro público. E profetizou: “Tenho certeza que os donos dos jornais vão tirar vocês daqui”.

À noite, o Jornal Nacional, da Rede Globo, ignorou solenemente as acusações do presidente Jair Bolsonaro. O assunto Amazônia ocupou quase 80 por cento do tempo total do telejornal.

Imagens e mais imagens da floresta em chamas foram mostradas e analisadas, mas sobre as acusações, em tom de ameaças às Organizações Globo, a direção do JN resolveu não dar a menor importância às declarações do presidente da República.

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Como começou a quinta-feira https://nocaute.blog.br/2019/06/27/quinta-feira-270619/ Thu, 27 Jun 2019 14:50:08 +0000 https://nocaute.blog.br/?p=50314 O vexame do governo Bolsonaro agora não é apenas nacional. O escândalo do pó se espalhou pela imprensa mundial.

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O vexame do governo Bolsonaro agora não é apenas nacional. O escândalo do pó se espalhou pela imprensa mundial.

A quinta-feira começou cheirando mal. Apenas a Folha de S.Paulo estampou, em sua manchete principal, o escândalo que estourou ontem no meio da tarde: “Sargento preso com 39 quilos de cocaína constrange Planalto. Na verdade, mata de vergonha, se é que a vergonha ainda está viva por lá.

A história do “aeropó”, “aerococa”, “aero mula”, como está sendo chamado nas redes sociais, ganhou as páginas dos grandes jornais do mundo. Um vexame internacional que Bolsonaro vai ter de engolir, ao chegar no Japão com cara de pastel.

No Estadão, uma chamada mais discreta: “Militar com droga embaraça o Planalto”

No Globo, também em chamada discretinha: “Militar na Espanha com cocaína levada em avião da FAB”

No Correio Braziliense, uma discretíssima chamada: “IPM investigará cocaína em voo da Presidência”.

O Jornal Nacional de ontem à noite, abriu com a história do pó. Mas fizeram questão de jogar no ar, uma imagem de Dilma Rousseff, afirmando que o militar que estava levando drogas no avião da FAB, já trabalhou também com a ex-presidente.

veja a íntegra

O Globo e Estadão preferiram deixar de lado o assunto pó como manchete principal, optando pela aprovação do senado, da punição para abuso de autoridade de juiz.

Os três principais jornais do país estão preocupados e são unânimes em perceber que existem mais ou menos umas mil pedras no caminho da reforma da Previdência, que eles amam tanto.

A foto principal da Folha é a estreia do filme da Mônica. No Estadão, o calor em Paris e no Globo, o governador Witzel e o prefeito Crivella, enfim juntos, depois do bispo ter escapado de um processo de impeachment.

Os cartunistas, antenados, registram, em poucas linhas, o assunto do dia, o avião do pó. Aqui, Benett, na Folha.

A Capa, um jornal que não tem jornal, só capa, saiu com essa hoje.

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Copidescando: “Joice Hasselmann usa verba pública para brincar no carnaval”. https://nocaute.blog.br/2019/04/15/copidescando-joice-hasselmann-usa-verba-publica-para-brincar-no-carnaval/ Mon, 15 Apr 2019 19:05:57 +0000 https://nocaute.blog.br/?p=47391 Sempre afiado, nosso copidesque Alberto Villas não descansa nem um minuto. Veja as principais manchetes da grande mídia depois das canetadas do Villas.

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Sempre afiado, nosso copidesque Alberto Villas não descansa nem um minuto. Veja as principais manchetes da grande mídia depois das canetadas do Villas.

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Copidescando: “Bolsonaro matou a reforma da Previdência e foi ao cinema”. https://nocaute.blog.br/2019/04/01/copidescando-bolsonaro-matou-a-reforma-da-previdencia-e-foi-ao-cinema/ Mon, 01 Apr 2019 21:18:08 +0000 https://nocaute.blog.br/?p=46973 Mais uma semana cheia para o nosso copidesque. Mas nenhuma manchete da grande mídia escapou da caneta do Villas.

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Mais uma semana cheia para o nosso copidesque. Mas nenhuma manchete da grande mídia escapou da caneta do Villas.

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Jornalistas na posse de Bolsonaro são proibidos de circular e têm acesso restrito a água e café https://nocaute.blog.br/2019/01/01/jornalistas-na-posse-de-bolsonaro-sao-proibidos-de-circular-e-tem-acesso-restrito-a-agua-e-cafe/ Tue, 01 Jan 2019 16:50:51 +0000 https://nocaute.blog.br/?p=44253 Segundo reportagem da CBN, blogueiros pró-Bolsonaro receberam credenciais especiais que permitem o trânsito livre entre os locais. Correspondentes estrangeiros abandonaram o evento devido às restrições.

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Jornalistas brasileiros e estrangeiros denunciam restrições na cobertura da posse do presidente eleito Jair Bolsonaro em Brasília, nesta terça-feira (1). Alguns chegaram a abandonar o evento por causa das más condições de trabalho. Segundo reportagem da CBN, correspondentes da China e da França deixaram o local por serem proibidos de sair de uma sala de imprensa sem janelas, por exemplo.

Profissionais da imprensa ficarão em média sete horas fechados em locais pré-determinados e, pela primeira vez em uma cobertura de posse presidencial, não podem se deslocar entre locais-chave de Brasília, como o Palácio do Planalto, o Congresso Nacional e o Palácio do Itamaraty, espaços que sediarão as solenidades.

De acordo com a CBN, alguns profissionais receberam credenciais especiais que permitem o trânsito livre entre os locais, entre eles blogueiros pró-Bolsonaro.

A jornalista Amanha Audi, em Brasília para a posse de Bolsonaro pelo site The Intercept Brasil, reclamou das condições pelo Twitter.

“Não se trata cachorro como os jornalistas são tratados na posse de Bolsonaro. Não tem água, precisa de autorização pra ir ao banheiro, não pode circular pra lugar nenhum, jornada de 14 horas, fomos revistados duas vezes e nos alertaram que há risco de levar bala dos atiradores”, escreveu.


O jornalista Afonso Benites, do jornal El País, disse que maçãs foram barradas pela revista.

A jornalista Basilia Rodrigues, da CBN, afirmou que alimentos previamente autorizados foram jogados no lixo.

Em artigo publicado no Globo, a jornalista Miriam Leitão também denunciou o tratamento dado à imprensa: “A necessidade real de segurança do presidente eleito está sendo usada como pretexto para restringir o trabalho da imprensa. É claro que a segurança do presidente eleito, Jair Bolsonaro, e dos chefes de Estado que estão entre nós exige a imposição de regras, mas o que está acontecendo com os jornalistas é impensável e inaceitável.”

Do lado de fora, à espera da posse, apoiadores de Bolsonaro cantavam na Praça dos Três Poderes: “WhatsApp, WhatsApp! Facebook, Facebook”. Também vaiaram a Globo e cantaram apoios à Band e Record.

A jornalista Monica Bergamo, da Folha de S. Paulo, escreveu um artigo detalhando o que ela chamou de “dia de cão”. Leia abaixo na íntegra:

É uma posse diferenciada e todos têm que entender isso.

Com essas palavras, a assessora do Palácio do Planalto que acompanhava jornalistas num ônibus rumo ao Congresso Nacional, na manhã desta terça (1º), procurava acalmar veteranos da profissão (esta colunista entre eles) que não conseguiam, digamos, entender os novos tempos —e o tratamento reservado à imprensa na posse de Jair Bolsonaro na Presidência da República.

Foi, de fato, algo jamais visto depois da redemocratização do país, em que a estreia de um novo governo eleito era sempre uma festa acompanhada de perto, e com quase total liberdade de locomoção, pelos profissionais da imprensa.

O sufoco começou dias antes, no credenciamento.

Os jornalistas foram informados de que não poderiam ter acesso livre, por exemplo, ao salão nobre do Palácio do Planalto, onde o presidente sobe a rampa, dá posse aos seus ministros e recebe cumprimentos de autoridades internacionais.

Na posse de Lula, em 2003, repórteres chegavam a se aglomerar em torno dele e de Fernando Henrique Cardoso, misturando-se entre a equipe recém-empossada e a que deixava o governo.

Um dos repórteres lembrava, no ônibus, que chegou a subir no elevador do Planalto com Lula, furando um esquema nada rigoroso de segurança.

A colunista chegou a entrar em salas privadas com o então vice-presidente dos EUA Joe Biden na posse de Dilma Rousseff, em 2014.

Desta vez, tudo seria diferente. Apenas um jornalista de cada veículo poderia entrar no palácio, e com acesso restrito às autoridades.

Os outros ficariam do lado de fora, na portaria ou num corredor aberto no meio da população. E a assessoria alertava: neste local, era preciso evitar movimentos bruscos. Fotógrafos não deveriam erguer suas máquinas. Qualquer movimento suspeito poderia levar um sniper [atirador de elite] a abater o “alvo”.

Uma jornalista voltou apavorada para a redação. Avisou à chefia que preferia não cobrir a posse. Não queria morrer. Foi convencida do contrário.

Os organizadores da cerimônia também distribuíram orientações por escrito à imprensa: os jornalistas credenciados deveriam chegar ao CCBB (Centro Cultural do Banco do Brasil), no dia 1º, às 7 horas da manhã.

Como é que é?

Era isso mesmo: embora a posse no Congresso estivesse marcada para as 15 horas, os jornalistas teriam que se concentrar desde cedo, embarcar nos ônibus às 8 horas, chegar no Congresso pouco depois e esperar, sem fazer nada, por mais de seis horas, para ver Bolsonaro entrar no parlamento.

Era preciso levar lanche pois não haveria comida. Tudo precisava ser embalado em sacos de plástico transparente.

“Garrafas não são permitidas. Haverá água potável disponível nas áreas de imprensa”, dizia o comunicado.

Os veículos providenciaram kits de sobrevivência para seus profissionais. No caso da Folha, bolachas Club Social, biscoitos Bis, castanhas de caju, barrinhas de cereal, gomas de mascar, um sanduíche de queijo e salame e suco de caixinha.

Na terça (1º), logo cedo, os jornalistas, seguindo as regras, chegaram cedo ao CCBB.

Foram todos divididos em grupos, em cercadinhos com grades de ferro: os que iriam para o Congresso sairiam primeiro, depois os do Palácio do Planalto e, por fim, os do Itamaraty.

“Pessoal, vocês vão em 13 ônibus. Às 17 horas, nós traremos vocês de volta”, gritava um assessor que se apresentou como Tiago.

E quem quisesse ficar mais?

“Pessoal, [os seguranças] não vão deixar vocês passarem [nas ruas]. O direito de ir e vir dos jornalistas tá assim!”.

Os repórteres caíram na risada.

Apesar da situação, considerada um tanto surreal, havia motivo para risos. Um deles era a proibição de levar maçã inteira na merenda. Só picada, em pedacinhos.

“Razões de segurança: acham que alguém pode jogar uma delas na cabeça do Bolsonaro. E maçã machuca”, explicava um dos profissionais.

Em fila, todos começaram a embarcar nos ônibus.

“Bem-vindos à rodoviária do CCBB”, dizia o assessor que iria em um dos veículos.

Os alertas eram muitos. “Não tentem subir na Esplanada [dos Ministérios, avenida que leva à Praça dos Três Poderes]. Não tentem passar de uma área à outra. E, mais importante: não tentem pular uma cerca. Não façam isso!”

“A gente tem que avisar. Porque depois alguém toma um tiro…”, completava outra assessora.

“O que nós viramos?”, questionava um veterano jornalista. “Fizemos tudo o que já fizemos para terminar aqui?”

Pouco depois das 8 horas, o comboio de ônibus sai até o Congresso, onde novas surpresas nos esperavam. Ao chegar no parlamento, os repórteres passaram por detectores de metais.

E foram levados ao salão verde da Câmara dos Deputados, na entrada do plenário.

“É surreal!”, reagiu um jornalista ao ver a cena: todas as cadeiras e poltronas do local haviam sido retiradas. Não havia onde sentar. Os profissionais tinham que se acomodar no chão.

Eram centenas de jornalistas, mas só havia um banheiro disponível.

Alguns se dirigiram ao setor do cafezinho. Um segurança logo orientou as copeiras: “Não é para servir nada à imprensa”.

Os profissionais foram convidados a se retirar do local.

Teriam que ficar confinados no salão, separados por um cordão da passarela com tapete vermelho por onde passariam as autoridades.

“É preciso um pouco de dignidade!”, reclamava um repórter.

Um deles conseguiu um banquinho para se sentar. E logo começaram as brincadeiras: era preciso fazer rodízio para que todos pudessem descansar um pouco.

Na mesma situação no Itamaraty, correspondentes internacionais chegaram a se retirar do prédio.

Jornalistas com larga experiência em coberturas políticas prognosticavam: essa postura do governo durará pouco. Até a primeira crise.

 

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The Independent faz retrato da vitória de Bolsonaro https://nocaute.blog.br/2018/10/29/the-independent-faz-retrato-da-vitoria-de-bolsonaro/ https://nocaute.blog.br/2018/10/29/the-independent-faz-retrato-da-vitoria-de-bolsonaro/#respond Mon, 29 Oct 2018 17:32:27 +0000 https://nocaute.blog.br/?p=41503 Jornal britânico mostra receio de brasileiros com a eleição do ex-capitão.

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O candidato presidencial de extrema-direita Jair Bolsonaro venceu as eleições do Brasil na noite de ontem, ganhando 55% dos votos. No rescaldo imediato surgiram celebrações estridentes de torcedores vestidos de verde e amarelo do Brasil, que se reuniram do lado de fora da casa de Bolsonaro no Rio de Janeiro.

No entanto, a preocupação com o futuro do país continua forte – mesmo entre os eleitores de Bolsonaro. Marcelo Cotrim, de 34 anos, que trabalha em marketing, diz que votou em Bolsonaro e em seu Partido Social Liberal para expulsar o Partido dos Trabalhadores (PT) do poder após 13 anos liderando o país.

Mas Cotrim não está exultante com o triunfo de Bolsonaro, vendo-o simplesmente como necessário. “Ele ter vencido é meio que sentir que você derrubou seu oponente”, ele diz, fazendo caretas.

Para os 45 por cento dos brasileiros que votaram pelo candidato da oposição de Bolsonaro, Fernando Haddad, o resultado da eleição também não é nada a ser comemorado.

“Eu realmente tinha esperança”, diz Juliana Pina, uma estudante de comunicação de 23 anos. De cara pálida e mal conseguindo falar, ela relatou seu choque por ter sentido medo no início da noite, quando os partidários de Bolsonaro ameaçaram eleitores do PT.

“Estou arrasada. Eu realmente nunca imaginei que isso fosse acontecer ”, diz ela. Relatos de violência em outros lugares nos estados do Rio, São Paulo e Bahia surgiram horas após o anúncio da vitória de Bolsonaro.

Pina, como muitos brasileiros, está preocupada com as ameaças que Bolsonaro representa aos direitos civis e à própria democracia.

Ao longo de 27 anos como político, Bolsonaro ganhou notoriedade por um discurso agressivo que ataca os direitos das mulheres, dos negros, da população indígena e dos indivíduos LGBT +.

Além disso, os frequentes comentários de Bolsonaro em apoio à ditadura militar no Brasil, que governou o país de 1964 a 1985, aumentaram os temores de eleitores de que seu compromisso com a democracia é fraco.

Enquanto muitos eleitores do Bolsonaro, como o Cotrim, podem relevar os comentários de Bolsonaro, outros acreditam que isso estimula a violência.

“A base orgânica de eleitores do novo presidente é neonazista, violenta e está nas ruas para provocar e matar minorias”, diz Edgar Monteiro, um advogado criminalista que trabalha em comunidades de baixa renda.

Monteiro acredita que o discurso extremista de Bolsonaro, tendo obtido legitimidade entre a população com o resultado eleitoral, só piorará a situação das minorias e dos mais pobres.

“Ele está firmemente alinhado com essa nova extrema direita global”, diz ele. “Figuras políticas estão sendo substituídas pelos ‘de fora’ – juízes, pastores, militares”.

Os militares se fortaleceram com a campanha de Bolsonaro. O Brasil elegeu o maior número de candidatos militares e policiais neste século, totalizando 74 representantes – quatro vezes mais do que os 18 eleitos em 2014. Ele também deve nomear figuras militares para altos cargos de gabinete, como o Ministério da Ciência e Tecnologia e o Ministério da Educação.

Enquanto isso, o vice-presidente do Bolsonaro, Hamilton Mourão, general da reserva do Exército, disse logo após o primeiro turno de votação que os militares poderiam realizar um “auto-golpe” em casos de “anarquia”. Embora ele já tenha tentado “esclarecer” esse comentário, o deputado federal e filho do próximo presidente do Brasil, Eduardo Bolsonaro, disse que a escolha era estratégica.

“Sempre aconselhei meu pai: você tem que escolher um cara ‘faca no caveira’ para ser vice”, disse ele à mídia brasileira em agosto, referindo-se ao logotipo da polícia brasileira de operações especiais (BOPE), conhecida por sua abordagem brutalmente violenta no combate ao crime. “Tem que ser alguém pelo qual não valeria a pena tentar um impeachment.”

Apesar do histórico de comentários autocráticos, especialistas dizem que ainda não está claro como será o governo do Brasil quando Bolsonaro assumir a presidência em 1º de janeiro.

Para muitos, ainda não se sabe se Bolsonaro poderá realizar as prometidas mudanças que animaram os mercados internacionais e atraíram investidores. No entanto, a discussão de uma nova nomeação militar para supervisionar a companhia de petróleo estatal Petrobras causou espanto e deu uma indicação do que pode vir.

“Se você olhar para o histórico dele de votação ao longo dos anos, [Bolsonaro] sempre foi um nacionalista econômico”, diz Oliver Stuenkel, professor de relações internacionais da escola de administração da Fundação Getulio Vargas (FGV).

Stuenkel também acredita que o conselheiro econômico de Bolsonaro, Paulo Guedes, é politicamente inexperiente, e que o provável período econômico de “lua de mel” de Bolsonaro irá durar pouco se ele falhar em aprovar reformas previdenciárias que são tão impopulares entre os brasileiros quanto populares entre os investidores internacionais.

“Acho que o mercado está otimista demais sobre o que é possível para esse governo do ponto de vista econômico”, diz Stuenkel.

“Ele é, como todos os outros presidentes brasileiros, um presidente da minoria – e terá que se engajar no mesmo tipo de negociação que todos os outros presidentes tiveram que enfrentar”.

Mas mudanças na legislação podem ser mais fáceis de passar.

Além da crescente presença militar nas casas políticas do Brasil, a eleição deste ano também teve um crescimento adicional do grupo “Bala, Bíblia e Boi”, uma aliança de congressistas que defendem o avanço das políticas religiosas, de armas de fogo e favoráveis ao agronegócio.

Silvio Costa, fundador do site Congresso em Foco, diz que a proximidade de Bolsonaro com essas bancadas políticas moralmente conservadoras pode trazer enormes retrocessos nos direitos civis.

“Antes os evangélicos [no congresso] pretendiam apenas manter a legislação como está hoje. Agora você tem um governo de extrema direita e um Congresso ainda mais conservador ”, disse ele. “Eles vão tentar aprovar uma legislação ainda mais rigorosa em relação a coisas como drogas, aborto”.

Enquanto isso, outros alertam que a fé nas próprias instituições brasileiras poderia estar em apuros, colocando a democracia do país ainda mais em perigo.

Tai Nalon, jornalista e fundadora da organização de verificação de fatos Aos Fatos, diz que as notícias falsas frequentemente atingem a credibilidade do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) do Brasil – algo que o próprio Bolsonaro também incitou ao questionar a confiabilidade das urnas eletrônicas.

“Sabemos que notícias falsas aceleram a polarização nas eleições. O TSE viveu sob o fogo de notícias falsas que tentaram invalidar a legitimidade do processo de votação”, diz Nalon. Ela teme que, se o tratamento hostil de Bolsonaro à imprensa livre continuar, a polarização crescerá com o descrédito das instituições.

Enquanto especialistas acreditam que é improvável que o Brasil retorne à ditadura, Maurício Santoro, professor de Relações Internacionais da Universidade Estadual do Rio (UERJ), diz que os próximos quatro anos – o primeiro mandato de Bolsonaro como presidente, embora haja um limite de dois mandatos – seguirá o mesmo padrão de outros países que elegeram líderes extremistas nos últimos anos. Com uma democracia muito mais jovem e instituições mais fracas do que outros países, Santoro diz que pode haver muito em jogo para o Brasil.

“Esses países continuam a ter eleições, e há certo nível de liberdade política, mas a democracia fica enfraquecida”, diz ele. “Há ameaças à liberdade de imprensa, os movimentos sociais são reprimidos e há ataques contra minorias. Esse é o grande risco que vejo para o Brasil nos próximos anos ”.

 

*Originialmente publicado no The Independent, escrito por Ciara Long

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Editorial do New York Times critica Bolsonaro: “A triste escolha do Brasil”. https://nocaute.blog.br/2018/10/22/editorial-do-new-york-times-critica-bolsonaro-a-triste-escolha-do-brasil/ https://nocaute.blog.br/2018/10/22/editorial-do-new-york-times-critica-bolsonaro-a-triste-escolha-do-brasil/#comments Mon, 22 Oct 2018 15:26:38 +0000 https://nocaute.blog.br/?p=40860 Editorial do jornal dos Estados Unidos descreve Bolsonaro como "um brasileiro de direita com opiniões repulsivas".

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Jair Bolsonaro, o candidato de extrema-direita descrito como “um Donald Trump brasileiro”, é favorito nas eleições presidenciais.

Jair Bolsonaro é um brasileiro de direita com opiniões repulsivas. Ele disse que preferiria um filho morto a um homossexual; que uma colega no Congresso era feia demais para ser estuprada; que os afro-brasileiros são preguiçosos e gordos; que aquecimento global é apenas uma “fábula”. Ele é nostálgico dos generais e torturadores que governaram o Brasil por 20 anos. No próximo domingo, na segunda turno da eleição, o Sr. Bolsonaro provavelmente será eleito presidente do Brasil.

Por trás dessa perspectiva apavorante há uma história que se tornou assustadoramente comum entre as democracias do mundo. O Brasil está saindo da pior recessão da história do país; uma ampla investigação chamada Operação Lava Jato revelou corrupção no governo; um ex-presidente popular, Luiz Inácio Lula da Silva, está preso por corrupção; sua sucessora, Dilma Rousseff, sofreu um impeachment; seu sucessor, Michel Temer, está sob investigação; o crime violento é desenfreado. Os brasileiros estão desesperados por mudanças.

Nesse cenário, as opiniões toscas de Bolsonaro são interpretadas como franqueza, sua carreira obscura como congressista como a promessa de um forasteiro que limpará o sistema, e sua promessa de mão de ferro como esperança de uma queda na média recorde de 175 homicídios por dia no ano passado. Cristão evangélico, ele prega uma mistura de conservadorismo social e liberalismo econômico, embora admita apenas uma compreensão superficial de economia.

Soa familiar? Ele é o mais recente caso de uma longa lista de populistas que surfaram uma onda de descontentamento, frustração e desespero até chegar ao mais alto cargo em cada um de seus países. Não por acaso, ele é frequentemente descrito como um Donald Trump brasileiro.

Se ele chegar ao palácio presidencial, um dos perdedores será o meio ambiente e, especificamente, a floresta tropical da Amazônia, também conhecida como os pulmões da Terra, por seu papel na absorção de dióxido de carbono. Bolsonaro prometeu desfazer muitas das proteções da floresta para oferecer mais terras para o poderoso agronegócio brasileiro. Ele levantou a possibilidade de se retirar do acordo climático de Paris, de desmantelar o Ministério do Meio Ambiente e impedir a criação de reservas indígenas – tudo isso em um país até recentemente elogiado por sua liderança na proteção do meio ambiente.

Não é apenas a mensagem de “boi, Bíblia e bala” que fortalece o Sr. Bolsonaro. O popular Sr. da Silva continuou sendo um forte candidato apesar de ter sido preso, até que o Tribunal Superior Eleitoral decidiu, em agosto, que ele estava inelegível para concorrer. Como substituto, o Partido dos Trabalhadores (PT), de tendência esquerdista, voltou-se para Fernando Haddad, professor, ex-ministro da Educação e ex-prefeito de São Paulo. Embora Haddad tenha sobrevivido ao primeiro turno, ele não conseguiu superar a associação do seu partido com a corrupção e a má administração, o que alimentou o espírito de algo como “qualquer um menos o PT”. As pesquisas mostram que ele está muito atrás de Bolsonaro no segundo turno.

A escolha é dos brasileiros. Mas é um dia triste para a democracia quando a desordem e o desapontamento levam os eleitores à distração e abrem as portas para populistas ofensivos, brutos e truculentos.

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Alberto Villas passa a caneta nas manchetes da chamada grande imprensa https://nocaute.blog.br/2018/09/17/alberto-villas-manchetes-imprensa/ https://nocaute.blog.br/2018/09/17/alberto-villas-manchetes-imprensa/#respond Mon, 17 Sep 2018 16:01:01 +0000 https://nocaute.blog.br/?p=38667 Vamos ver o que foi manchete essa semana mas precisou da nossa copidescada.

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Olá pessoal do Nocaute, vamos ver o que foi manchete essa semana mas precisou da nossa copidescada.

Vamos começar pelo jornal O Globo, que deu na primeira página: “Extrema direita cresce e chega a 17% na Suécia”. Copidescando fica assim: “Extrema direita cresce e chega a 17% no Brasil.”

Continuando no Globo.com, que deu a manchete “Bolsonaro não fará campanha nas ruas e médicos pediram para que ele evite falar, revela filho”. Copidescando ficou assim: “Bolsonaro não fará campanha nas ruas e médicos pediram para que ele evite merda”.

A gente vai agora para o site da revista Veja, que deu “Candidato de Marina cria saia-justa ao se juntar a bolsonaristas”. Aí eu deixei assim: “Candidato de Marina cria saia-justa com rendas e bordados”.

Agora a gente vai para o site da RedeTV: “TRE-PR nega a Lula o direito de votar na cadeia da PF”. Aí eu coloquei: “TRE-PR nega a Lula o direito de fazer qualquer coisa”.

Agora vamos para o UOL: “Alckmin já mostrou que não é um adversário competitivo”, diz Meirelles. Aí faltou completar: “Alckmin já mostrou que não é um adversário competitivo”, diz Meirelles, com 3% no Ibope.

A gente continua no UOL: “Ministro Dias Toffoli toma posse como presidente do STF”. Aí eu completei com aquela frase do Jucá: “Ministro Dias Toffoli toma posse como presidente do STF e tudo”.

Ainda no UOL: “Raquel Dodge arquiva inquérito contra Aécio por falta de provas”. Achei que ficou bem melhor assim: “Raquel Dodge arquiva inquérito contra Aécio por falta de vergonha”.

Para terminar, vamos estrear o Meia-Hora do Rio, que é um dos jornais mais engraçados que tem. Eles deram um título tão maluco para a morte do Catra. Veja aí.

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Veja, UOL, Globo, G1: ninguém escapa da caneta-copidesque do Villas https://nocaute.blog.br/2018/08/14/veja-uol-g1-copidesque-villas/ https://nocaute.blog.br/2018/08/14/veja-uol-g1-copidesque-villas/#comments Tue, 14 Aug 2018 13:51:39 +0000 https://nocaute.blog.br/?p=36690 O jornalista Alberto Villas desmascara os títulos da chamada grande imprensa.

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O jornalista Alberto Villas desmascara os títulos da chamada grande imprensa.

Olá pessoal do Nocaute, hoje é dia de copidescando e vamos começar copidescando o UOL. O título deles é o seguinte: “Preso e candidato, Lula terá duas frentes de defesa nas ações eleitorais”. Eu canetei e coloquei: “Líder nas pesquisas, Lula terá duas frentes de defesa nas ações eleitorais”.

A segunda vem da Revista Veja, que colocou assim o título: “Haddad deve tomar cuidado com a propaganda perigosa”. Eu canetei e pus lá: “Haddad deve tomar cuidado com a Revista Veja”.

A terceira é “STF propõe reajuste de 16% no salário dos ministros”. Meti a caneta e pus: “Ministros propõem reajuste de 16% no salário dos ministros”.

Do Globo.com: “Consumidor vai pagar R$ 1,4 bi a mais por déficit, propõe Aneel”. Eu só pus assim: “Consumidor vai pagar o pato”.

Esse aqui é fácil, inacreditável, vem do G1: “Processo que investiga morte de jovem morto após abordagem de guardas municipais tem primeira audiência nesta quarta-feira (8)”. Eu fiz que nem no buraco, tirei o morto: “Processo que investiga morte de jovem após abordagem de guardas municipais tem primeira audiência nesta quarta-feira (8)”.

O último é a capa da Revista Veja. A manchete é “As artimanhas de Lula – Um almanaque das jogadas do petista para ter sua foto na urna eletrônica no dia da eleição”. Eu meti a caneta e pus assim: “As artimanhas de Moro – Um almanaque das jogadas do juiz para tirar a foto de Lula da urna eletrônica do dia da eleição”. É isso aí. Semana que vem tem mais.

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Toffoli não se renderá a pressões, afirma Kakay https://nocaute.blog.br/2018/07/21/toffoli-nao-se-rendera-a-pressoes-afirma-kakay/ https://nocaute.blog.br/2018/07/21/toffoli-nao-se-rendera-a-pressoes-afirma-kakay/#comments Sat, 21 Jul 2018 20:49:42 +0000 https://www.nocaute.blog.br/?p=35542 Para criminalista, próximo presidente do STF tem a tarefa de pacificar a Corte, sob tensão devido à atuação da ministra Cármen Lúcia, que se recusa a pautar julgamento sobre segunda instância.

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Para criminalista, próximo presidente do STF tem a tarefa de pacificar a Corte, sob tensão devido à atuação da ministra Cármen Lúcia, que se recusa a pautar julgamento sobre segunda instância.

São Paulo, da RBA – “Se tem alguém que não vai sofrer (com) pressão da mídia é o ministro Dias Toffoli. Ele se consolidou, na minha visão, como um grande ministro, mesmo tendo sofrido uma pressão midiática contrária no início, com observações que, às vezes, fugiam até mesmo ao mínimo que se espera de uma mídia independente.” A opinião é do advogado criminalista Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, sobre as crescentes tentativas de intimidar o ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), que em setembro assume o cargo de presidente da Corte, no lugar da ministra Cármen Lúcia.

Os ataques a Toffoli refletem o temor da chamada “grande imprensa” de que o ministro, uma vez presidente do tribunal, faça uma gestão favorável a Lula e acabe pautando as Ações Declaratórias de Constitucionalidade (ADCs) 43 e 44, que discutem a prisão após condenação em segunda instância, antes das eleições.

Lula está preso porque, em outubro de 2016, por 6 votos a 5, o STF consolidou entendimento de que a antecipação da execução da pena é constitucional, invertendo jurisprudência de 2009, pela qual a sentença só seria executada depois do trânsito em julgado.

Na atual composição do tribunal, são considerados votos certos contra a prisão (e, portanto, a favor de Lula) o decano Celso de Mello, Ricardo Lewandowski, Toffoli, Gilmar Mendes e Marco Aurélio, este o relator das ADCs 43 e 44, que a presidenta Cármen Lúcia se recusa a pautar. Rosa Weber continua sendo incógnita, embora tenha votado contra a prisão em 2016.

Um dos criminalistas mais importantes do país, Kakay considera que Toffoli amadureceu na presidência do Tribunal Superior Eleitoral. “No TSE ele foi um grande presidente e, ao longo do tempo, se tornou um dos melhores ministros do Supremo, não só com profundidade, independência e coragem, mas você pode notar nas sessões que poucos ministros debatem sem ler. A maioria leva o voto escrito. Toffoli tem tranquilidade e segurança de fazer um enfrentamento das questões mesmo sem ter voto escrito.”

Para ele, o ministro “cada vez mais se revela independente, sério e extremamente competente”. Ele diz esperar que, na presidência do tribunal, sua posição será coerente com esse perfil.

No STF, onde fez a sustentação contra a prisão em segunda instância no Plenário em 2016, o advogado lembrou então aos ministros da corte que a decisão da prisão antecipada poderia levar não apenas “dez, 15 ou 20 poderosos para a cadeia”, mas dezenas de milhares de pessoas “que não têm sequer a assistência de uma defensoria pública”. Kakay assina a petição da ADC 43, ajuizada pelo PEN.

“Àquela altura, o ex-presidente Lula não tinha sido julgado. Se as ADCs tivessem sido julgadas naquele momento, a personalização do nome do Lula não teria nenhuma influência. Por sinal, quando entrei com a ação 43, o Lula não era sequer processado. Infelizmente, a ministra Cármen Lúcia, não se sabe o motivo, não quis julgar, mesmo contrariando o interesse da maioria dos ministros do Supremo.”

A recusa sistemática da presidenta da mais alta Corte do país em não pautar as ADCs não só desafia ministros como o bom senso e o relator das ações, ministro Marco Aurélio, que já cobrou Cármen publicamente, inclusive na sessão em que o Pleno julgou e negou habeas corpus ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva: “Que isso fique nos anais do tribunal: vence a estratégia, o fato de vossa excelência não ter pautado as ADCs”, atacou o relator na ocasião, dirigindo-se a Cármen Lúcia.

Poder da presidência

“Uma questão que temos que debater é o excesso de poder da presidência do Supremo de delimitar e definir a pauta. Evidentemente, ainda que o presidente tenha o poder da pauta, ele não pode fazer isso com a maioria dos ministros”, observa Kakay, que, após 35 anos de trânsito pelo STF, afirma nunca ter visto tensão semelhante à que o tribunal vive hoje. “E isso exatamente por falta de pulso, coragem e determinação da ministra Cármen Lúcia para colocar para julgar as ADCs e definir essa questão.”

Cármen deixará para Toffoli administrar não apenas a divisão da Corte, como também a pesada pressão que o ministro já sofre da mídia corporativa, acusado de ser aliado de Lula e do PT por ter trabalhado para o partido. Porém, a mídia não se lembra de abordar as relações públicas do ministro Alexandre de Moraes com a cúpula do PSDB.

Para o criminalista, a posição de Toffoli é delicada. “Entendo que o ministro Toffoli talvez não coloque imediatamente as ADCs para serem julgadas. É uma questão que domina as tensões do país. Nenhum presidente da Suprema Corte quer entrar colocando uma questão com essa tensão, deixada pela ministra Cármen Lúcia, que tinha que ter colocado para julgar”, diz.

“Então, pode ser que Toffoli coloque as ADCs somente após as eleições. Eu batalho muito para se definir logo essa questão, e tenho feito esse apelo à ministra Cármen Lúcia desde setembro do ano passado, em vão. Mas, embora seja um dos maiores defensores da necessidade de julgar logo as ADCs, eu entenderei se, no momento em que assumir o Supremo, em nome de uma pacificação, o ministro Dias Toffoli entender que não deve julgar isso antes das eleições”, pondera Kakay.

*Por Eduardo Maretti

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