Brasil

Presidente Bolsonaro declara guerra às Organizações Globo

Furioso, com um exemplar do jornal O Globo nas mãos, o presidente Jair Bolsonaro surgiu hoje no gradil do Palácio da Alvorada para, diante de um grupo de jornalistas, atacar as Organizações Globo e os jornalistas de um modo geral. Bolsonaro disse que, como os jornais não publicaram a denúncia que ele fez contra o colunista de O Globo, Merval Pereira, ele não daria entrevista. E disparou a falar. Trouxe outros nomes que teriam recebido somas volumosas com palestras, “pagas com o dinheiro público, sem licitação”.

Citou Cristiana Lobo, Samy Dana, Giulliana Morrone e Pedro de Morais. Todos, segundo o presidente, teriam recebido mais de 200 mil reais por palestras. “É, justamente, o pessoal que mais desce o pau em mim”. Cobrou dos jornais por não publicar nada, quando a denúncia “é contra seus colegas”. Na sexta-feira, Bolsonaro havia ameaçado os jornalistas de não dar mais entrevistas a eles, caso não saísse, no dia seguinte, sua denúncia contra Merval (de que ele recebera 375 mil reais em uma palestra, paga com dinheiro público).

Merval respondeu que foram treze palestras e todas com nota fiscal e impostos descontados. Bolsonaro, com ar muito irritado, mostrou aos jornalistas a manchete principal do Globo – “Macron promete ajuda de países ricos à Amazônia” – e disse: “Quem ajuda alguém… a não ser uma pessoa pobre… sem retorno?”

Disse ainda: “Eu apanho desde 1991, será que eu não tenho nada que presta?” Bolsonaro completou que “a grande mídia quer que eu saia daqui” pra voltar os antigos e eles continuarem faturando com o dinheiro público. E profetizou: “Tenho certeza que os donos dos jornais vão tirar vocês daqui”.

À noite, o Jornal Nacional, da Rede Globo, ignorou solenemente as acusações do presidente Jair Bolsonaro. O assunto Amazônia ocupou quase 80 por cento do tempo total do telejornal.

Imagens e mais imagens da floresta em chamas foram mostradas e analisadas, mas sobre as acusações, em tom de ameaças às Organizações Globo, a direção do JN resolveu não dar a menor importância às declarações do presidente da República.

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