Super-Revolucionários

Olga Benario, rebelde alemã e segurança de Luís Carlos Prestes

‘Lutei pelo justo, pelo bom e pelo melhor do mundo (…). Quero que me entendam bem: preparar-me para a morte não significa que me renda, mas sim saber fazer-lhe frente quando ela chegue’, escreveu Olga antes de ser executada pelos nazistas.

Olga Benario nasceu em Munique, na Alemanha, em 1908, numa família judia de classe média. Foi na Bavária que começou sua militância, aos 15 anos de idade.

Durante sua trajetória esteve na União Soviética, realizando cursos na Internacional Comunista. Lá, em 1934, foi destacada para fazer a segurança pessoal de Luís Carlos Prestes, que retornaria ao Brasil no ano seguinte com o projeto de realizar uma revolução comunista.

A revolta foi reprimida e, em 1936, Olga, grávida de um bebê de Prestes, foi presa e deportada para a Alemanha nazista. Depois de dar à luz ao bebê, a menina Anita, Olga foi executada em 23 de abril de 1942, aos 34 anos de idade, em uma câmara de gás.

Olga é mais uma carta do baralho Super-Revolucionários, que Opera Mundi e Nocaute publicam. O projeto é ilustrado pelo artista plástico Fernando Carvall.

Esta é a quinta carta do projeto, depois de Karl Marx, Rosa Luxemburgo, Carlos Marighella e Salvador Allende.

Numa análise séria, mas sem perder o humor jamais, vamos atribuir “notas” à atuação desses grandes nomes da contestação e da construção de um mundo melhor.

O texto dessa semana é especial: foi feito pelo jornalista Fernando Morais, editor do Nocaute e biógrafo de Olga.

REBELDIA: 8

No dia 11 de abril de 1928, Olga Benario sorrateiramente entrou no salão de audiências da prisão de Moabit, no centro de Berlim, liderando um pequeno grupo armado, e libertou o professor comunista Otto Braun, de 28 anos, acusado de “alta traição à pátria”.

DISCIPLINA: 10

Mesmo presa no campo de concentração de Ravensbrück, em 1938, Olga tomou a liderança do bloco número 11, onde se encontravam presas cerca de 130 mulheres. Em poucos dias impôs uma rígida rotina de banhos diários, faxina obrigatória e ginástica para manter a forma e a dignidade de todas as detentas de seu pavilhão.

TEORIA: 7

Aos 15 anos, em 1923, Olga se tornou membro do Grupo Schwabing, uma divisão da então proibida Juventude Comunista de Munique. Quanto mais lia os clássicos marxistas e militava no Schwabing, mais firme se tornava sua ideologia. Além dos teóricos indispensáveis à sua formação comunista, Olga se interessava por manuais de estratégia militar, depoimentos de grandes generais e relatos de batalhas famosas.

POLÍTICA: 7

Trocou a casa dos pais em Munique pela “Fortaleza Vermelha”, em Berlim, bairro operário frequentado pela esquerda alemã. Foi secretária de Agitação e Propaganda do Partido Comunista e, cinco anos mais tarde, já em Moscou, ingressou no Kommunisti Internationali Molodoi, uma versão do Comintern para a Juventude Comunista Internacional onde frequentou cursos políticos e militares.

COMBATIVIDADE: 10

Vivendo na clandestinidade com Prestes, no Rio de Janeiro, depois da frustrada revolta comunista, Olga uma noite se depara com um pelotão de soldados e policiais civis invadindo sua casa a fim de cumprir a ordem de levar Prestes vivo ou morto . Sem hesitar, Olga, já visivelmente grávida, salta na frente de Prestes, protegendo-o com seu corpo. Presos, tentaram colocá-los em carros separados, mas Olga percebeu que aquilo significaria a morte de Prestes. Agarrou-se a ele com tamanha força que não houve outra alternativa senão permitir que os dois fossem transportados juntos para a sede da Polícia Central. Sua missão havia sido concluída, a vida de Prestes foi preservada.

INFLUÊNCIA: 4

Olga teve sua memória carinhosamente preservada pelos comunistas de sua terra. Fragmentos de sua vida e de sua história podem ser vistos nos arquivos do Instituto de Marxismo-Leninismo, no Comitê de Resistentes Antifascistas, ou nos pequenos museus montados no campo de concentração de Ravensbrück e no campo de extermínio de Bernburg (ambos preservados tais como foram encontrados pelas tropas aliadas).

Frase síntese:

“Lutei pelo justo, pelo bom e pelo melhor do mundo. Prometo agora, ao despedir-me, que até o último instante não terão porque se envergonhar de mim. Quero que me entendam bem: preparar-me para a morte não significa que me renda, mas sim saber fazer-lhe frente quando ela chegue.”

*Trecho final da última carta de Olga a Prestes e a Anita, na véspera de sua execução

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