A ameaça militar volta a pairar sobre a América Latina. E, mais uma vez, conta com o respaldo e endosso de organizações internacionais mais preocupadas em garantir a hegemonia dos Estados Unidos na região do que qualquer outra coisa – como Luis Almagro, o secretário-geral da OEA, faz questão de nos lembrar uma e outra vez.
Almagro: “Intervenção militar para derrotar o regime de Nicolás Maduro. Creio que não devemos descartar nenhuma opção”.
Veja bem: estamos falando da autoridade máxima de um organismo de articulação continental não só referendando, mas ativamente trabalhando para que um país-membro tenha sua soberania violada através de uma agressão militar.
A declaração Almagro não é só ultrajante, mas é de uma irresponsabilidade que só os ignorantes com sentido de justicialismo conseguem ter. Se se tratasse de qualquer outro país, uma declaração desse nível causaria comoção generalizada. Mas vivemos tempos sombrios, onde uma vez identificado o “inimigo”, vale tudo.
É assombroso pensar que em um continente tão profundamente marcado pelo nefasto legado das Forças Armadas extrapolando seus poderes constitucionais, lançando-se em uma verdadeira guerra contra seu próprio povo, ainda tenhamos que ouvir declarações dessa natureza. Mas é ainda mais assombroso perceber que não se trata de um caso isolado, mas sim de processo mais amplo, onde a política é decidida nos tribunais, e a caserna está empoderada de tal forma que lugar de general de pijama agora é na antessala do STF.
Assim como não se tratava de Dilma, não se trata de Lula, de Kirchner ou da Venezuela. Quando a tutela das instituições republicanas passa do povo para os tribunais, para a caserna, ou mesmo para os tantos Almagros espalhados por aí, o que está em jogo é a nossa própria existência.
Mais Nocaute:
Esquerda deveria preparar a população para um conflito social inevitável
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José Eduardo Garcia de Souza says:
A articulista demonstra, mais uma vez, ser “telecomandada” – sabe-se lá por quem ou até por que entidade extraterrestre, que insiste em ditar para ela coisas realmente inacreditáveis para qualquer um com mais de dois neurônios e um mínimo de capacidade de pensar por si próprio. Isto porque:
1. Basta ler – aqui mesmo, neste próprio site – que o Grupo de Lima na OEA rechaçou peremptoriamente o delírio de Almagro. Não haverá intervenção militar para resolver o desastre que Maduro causou na Venezuela;
2. Não haverá intervenção militar no Brasil. Existem os maluquinhos fora das FFAA que assim o desejam, e até alguns que a elas pertencem que acham que tal estupidez faria algum sentido. Só que não vai ocorrer. O Alto Comando já disse taxativamente, que não há a menor chance de isto acontecer, o que, trocado em miúdos, significa que:
a. As FFAA estão monitorando estes maluquinhos dentro e fora delas; e
b. Caso alguns maluquinhos tentem, eles cairão em cima deles com tudo.
3. A referência a ter “general de pijama na antessala do STF” denota tal falta de suporte aos argumentos que quer colocar na mesa que até este vale:
a. Um militar que passa à reserva não pode ter outra ocupação?
b. Há algo na lei ou oriundo de problemas dele com a lei que impeça este militar reformado de ocupar tal cargo?
c. Ele demonstrou, por palavras ou pensamentos, atos ou omissões, ter qualquer plano de influenciar decisões do STF e/ou de intimidar qualquer ou quaisquer dos seus membros? Se sim, isto então deve ser denunciado de imediato, em vez de gastar palavras com pijamas, roupões e até mesmo chinelos.
4. E, finalmente, para quem abre berreiro incontido com relação ao uso de forças militares na garantia de lei e da ordem, vare a pena lembrar que a ex-presidente Dilma Rousseff não viu qualquer problema em fazê-lo, tendo, inclusive, instruído o seu então Ministro da Defesa – e atual colaborador deste site – Celso Amorim, de editar, a 19 de Dezembro de 2013, justamente a portaria 3.461, que regulamenta o dispositivo de garantia da lei e da ordem (GLO), que trata do emprego das Forças Armadas na garantia da ordem pública, quando houver esgotamento dos meios de segurança pública.