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Diretor da PF diz que foi pressionado por PGR e presidente do TRF-4 a não soltar ex-presidente Lula

Em entrevista ao Estadão, o diretor-geral da PF, Rogério Galloro, escancara a parcialidade da condenação de Lula. Galloro afirma que logo que comunicou o ministro Jungmann que iriam soltar o ex-presidente, cumprindo a decisão do desembragador Rogério Fraveto, recebeu ligações da PGR, Raquel Dodge e Thompson Flores, presidente do TRF-4.

O  delegado e diretor-geral da PF revelou em entrevista publicada pelo Jornal Estado de S. Paulo, neste domingo (12), que sofreu pressões de Sergio Moro, e uma ligação da procuradora-geral da República, Raquel Dodge, lhe dando um alerta que protocolaria no STJ contra a soltura, além de uma ordem verbal do presidente doTRF-4, Thompson Flores, para desobedecer a decisão judicial do desembargador Rogério Favreto de soltar Lula no dia 08 de julho.

“Diante das divergências, decidimos fazer a nossa interpretação”, afirmou. “Concluímos que iríamos cumprir a decisão do plantonista do TRF-4. Falei para o ministro Raul Jungmann (Segurança Pública): ‘Ministro, nós vamos soltar’. Em seguida, a (procuradora-geral da República) Raquel Dodge me ligou e disse que estava protocolando no STJ (Superior Tribunal de Justiça) contra a soltura. ‘E agora?’ Depois foi o (presidente do TRF-4) Thompson (Flores) quem nos ligou. ‘Eu estou determinando, não soltem’. O telefonema dele veio antes de expirar uma hora. Valeu o telefonema”, revelou o diretor-geral da Polícia Federal, Rogério Galloro.

Em “prol do bom relacionamento” com Sergio Moro, o diretor-geral da PF afirma ter aceitado pedidos do juiz que não lhe agradavam. “Isso não nos agrada. Nunca tivemos preso condenado numa superintendência. É uma situação excepcional. O juiz Moro me ligou, pediu nosso apoio, ele sabe que não temos interesse nisso. Mas, em prol do bom relacionamento, nós cedemos”, contou Galloro.

“Foi um dos piores dias da minha vida”, afirmou Galloro, ao se referir ao dia da prisão do ex-presidente. “Quando eles (interlocutores de Lula) pediram detalhes da logística da prisão, nos convenceram de que havia interesse do ex-presidente de se entregar ainda na sexta (6 de abril, prazo dado pelo juiz Sérgio Moro). Acabou o dia e ele não se apresentou. Nós não queríamos atrito, nenhuma falha. Chegou o sábado, Moro exigiu que a gente cumprisse logo o mandado.”

“No sábado, nós fizemos contato com uma empresa de um galpão ao lado, lá tinha 30 homens do COT (Comando de Operações Táticas) prontos para invadir. Ele (Lula) iria sair em sigilo pelo fundo quando alguém, lá do sindicato, foi para a sacada e gritou para multidão do lado de fora, que correu para impedir a saída. Foi um susto. A multidão começou a cercá-lo e eu vi que ali poderia acontecer uma desgraça. Ele retornou”, lembrou Galloro.

Em nota, o Partido dos Trabalhadores (PT) declarou: “O Brasil não pode mais conviver com a exceção, a ilegalidade e a injustiça. Não vamos aceitar passivamente a perseguição política e injusta”.

Leia nota na íntegra:

 

AGENTES DO ESTADO CONFESSAM ABUSO DE PODER CONTRA LULA

 

A entrevista do diretor-geral da PF, Rogério Garollo, ao Estado de S. Paulo expõe as entranhas do abuso de autoridade, da violência jurídica, da desfaçatez de quem tem de observar leis e regras e age por conveniência política. É um verdadeiro retrato do sistema podre a que estamos submetidos.

O delegado revela que sofreu e aceitou pressões de Sérgio Moro, um alerta da procuradora-geral da República, Raquel Dodge, e uma ordem verbal do presidente do TRF-4, Thompson Flores, para desobedecer a decisão judicial de soltar Lula naquele domingo, 8 de julho.

Soma-se a esse festival de parcialidade, ilegalidade e perseguição uma nota na revista Veja que narra confissão do desembargador Gebran Neto a amigos, dizendo ter agido “fora da lei” para “evitar o mal maior que seria soltar Lula”.

A ilegalidade da prisão de Lula e da revogação do habeas corpus concedido a ele naquele domingo já haviam sido denunciadas pela comunidade jurídica. Mas é ainda mais escandalosa a desfaçatez de agentes do Judiciário e da Polícia Federal, ao expor em público sua conduta ilegal e as razões políticas que os moveram.

E não é menos escandaloso que a imprensa revele tudo isso sem acrescentar uma nota de crítica, como se fossem fatos naturais, endossando na prática a brutal perseguição ao maior líder político do país.

Foi a essa situação de barbárie que o Brasil foi levado pelo golpe do impeachment sem crime e pelo empoderamento irresponsável de delegados, procuradores e juízes fora da lei. Tudo feito com o objetivo de derrubar o governo eleito democraticamente e de tentar impedir, pela força e por medidas de exceção, a eleição de Lula em 7 de outubro.

O Partido dos Trabalhadores, em sintonia com a sociedade civil e as forças democráticas do País, exige que o Conselho Nacional de Justiça, o Ministério da Justiça e o Senado da República, responsável pela aprovação de Dodge no cargo, se pronunciem vigorosamente sobre as violações cometidas – e confessadas publicamente – por agentes do estado que deveriam defender a lei e fizeram o oposto.

O Brasil não pode mais conviver com a exceção, a ilegalidade e a injustiça. Não vamos aceitar passivamente a perseguição política e injusta ao presidente Lula, que envergonha o país aos olhos da comunidade internacional. Vamos exigir de todas as formas que seja respeitado o direito do povo votar em quem melhor o representa.

Lula Livre! Lula presidente pela vontade do Povo!

Gleisi Hoffmann – Presidenta Nacional do Partido dos Trabalhadores

Lindbergh Farias – Líder do PT no Senado

Paulo Pimenta – Líder do PT na Câmara

Mais Nocaute:

Globo desossa Anastasia e Aécio. Os Marinho estão se vacinando para avançar contra quem?

 

Os tucanos me entregaram um Estado devastado e tentaram me derrubar, mas perderam a batalha.

 

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