Comportamento

Não vamos combater pessoas, vamos combater ideologias


 
Por Ana Roxo
 
Talvez uma estratégia inteligente de combate no momento seria a gente parar de falar o nome dessas pessoas que acabam representando um tipo de ideologia, um tipo de pensamento fascista, preconceituoso, racista. Vamos parar de citar o nome das pessoas que acabam reproduzindo, acabam dando voz a uma maioria silenciosa de fascistas, de racistas, de preconceituosos ou de pessoas que acabam maquiando um tipo de ideologia reacionária com o slogan de não sou político, sou trabalhador.
 
Porque essas pessoas em si não são o problema. O problema é a ideologia. E essa ideologia, esse tipo de pensamento, o preconceito, o racismo, o machismo, a exclusão social, a violência, mesmo que a violência seja simbólica. Isso que tem que ser combatido. Não são as pessoas.
 
O exemplo de que não adianta combater pessoas é que a gente estava aí achando que ia ter que lidar com o picolé de chuchu e o picolé de chuchu apresenta o seu amiguinho trabalhador como alternativa. Então não são as pessoas. Se a gente combate pessoas a gente tem derruba pessoas. Se a gente combate ideologia a gente muda as ideologias. A gente derruba as ideologias. E é isso que precisa ser mudado.
 
Não dá mais para citar o nome. Se a gente for falar daquele tal mito. E acho que mito no sentido de mentira né? Porque a pessoa é a mentira em si. A pessoa não tem nada a acrescentar na sociedade, além de ficar dando voz a um pensamento racista, raivoso, ignorante. Um tipo de pensamento cuja a sofisticação é tão profunda quanto o pires e que a gente fica combatendo como se isso fosse digno de pauta.
 
Tem uma velha máxima da publicidade que é falem mal, mas falem de mim. Se a gente parar de falar dessas pessoas metade da publicidade sai. Porque na raiva a gente quer falar mesmo. Não vamos combater o capitão do mato, vamos combater a escola sem partido. O tipo de ideologia que gera um projeto como escola sem partido.
 
Não vamos combater uma tal palestra que um tal filhote de Hitler deu justo onde? Vamos combater o que faz essa pessoa ter voz. Essas pessoas elas não estão implantando uma ideologia. Não tem nada de novo no que elas falam. É o bom e velho preconceito. É o bom e velho machismo. É o bom e velho escravagismo. Aquele pensamento aquele pensamento colonialista, coronelista que continua aí. Que continua estrutural no nosso pensamento, que continua estrutural na nossa sociedade.
 
Então, não se trata mais de falar dessas pessoas. Se trata de combater a ideologia que elas vociferam.
 

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  1. Avatar

    Oi Ana, excelente vídeo.
    Como eu tive a oportunidade de lhe dizer, em outra ocasião, tenho observado que as pessoas não sabem, efetivamente, o que é ser de esquerda ou de direita. Elas não sabem qual é a posição do Estado, da iniciativa privada e do Cidadão, na esquerda e na direita. Em discussões, as pessoas falam apenas para marcar presença; é pura forma. Portanto, as pessoas não sabem qual é a ideologia que sustenta um regime de direita ou de esquerda. Quer ver um exemplo bem claro disso? Nas eleições municipais, em outubro de 2016, a Presidente eleita já havia sido deposta, o “Postiço” já havia “usurpado” e a MP 727 de 12 de maio de 2016, já havia sido aprovada, contendo em seu texto a seguinte máxima político-ideológica: “[o presidente da República] se auto-atribui superpoderes para retirar do caminho dos investidores quaisquer obstáculos que possam representar um empecilho aos investimentos [lê-se: capital estrangeiro].” Traduzindo: uma agressão desmedida ao Estado de Direito, com amplas consequências na vida diária de cada cidadão brasileiro. O que a população deveria ter feito para tentar barrar, ou pelo menos, se posicionar contra, diante desta agressão ideológica? Deveria ter usado as urnas para votar, em massa, na esquerda, nas eleições municipais! Ainda que a esquerda não tenha sido lá uma esquerda, que tenha apresentado problemas etc,etc,etc. Por quê? Porque a única maneira existente, naquele momento, de combater a ideologia do “estado mínimo/neoliberalismo máximo”, proposto pela direita, seria eleger, na maioria dos municípios brasileiros, a ideologia da esquerda. Não importa qual pessoa/candidato estaria representando essa ideologia. Não importa se você gosta ou não desse “candidato”. O importante era usar a ideologia da esquerda para tentar combater a ideologia da direita. Tanto é que, logo que o resultado das urnas foi concluído, a “Rede GOEBELLS” pintou o mapa do Brasil de azul (cor da direita) e concluiu: “Ah, então isso quer dizer que a população está dando carta branca para o “Postiço” implementar suas medidas.” (!!!) Quanto você quer apostar – eu, sinceramente, espero, por Deus, que eu esteja erradíssima – que, se houver eleições em 2018, periga da população votar em algum outro “candidato” da direita, na tentativa (que se revelaria um enorme fracasso) de combater o “Postiço”? Agora a população vem reclamar da reforma da previdência/trabalhista/terceirização? AGORA? Se tivessem sentado e lido o texto original da PEC 55, que foi aprovada em dezembro de 2016, teriam compreendido que a consequência imediata – e absolutamente nefasta e devastadora – da referida PEC seria a reforma da previdência, a terceirização e a reforma trabalhista. Se a população tivesse lido a PEC 55, a população teria tido tempo de se articular e se organizar contra as reformas absurdas que estão sendo impostas agora! E agora? Ah, agora, só Deus… isso se ele não estiver cooptado!
    Daí a “escola sem partido” A direita não quer que ninguém aprenda a raciocinar nesses termos; sem esse raciocínio político-ideológico, as coisas tornam-se bem mais manipuláveis…
    Parabéns pelo vídeo! Muito bom!

  2. Avatar

    Hannah Roxo
    Adorável. Até parece conversa de cidade pequena.
    Aqui falamos horas, de todos, sem declinar o nome de ninguém. Pra quê?
    Uma dica: pode dizer a metade do nome, por exemplo, fora Tem… (para bom entendedor meia palavra bos…).

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