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Guerra e Paz na América Latina

Em sua coluna Aline Piva comenta o impacto que toda a região sul-americana sofrerá após uma eventual vitória de Jair Bolsonaro. E ainda questiona: “estaríamos diante do cenário ideal para que os Estados Unidos realizem uma intervenção militar na América Latina? Estaria o Brasil disposto a quebrar sua tradição de paz e respeito ao Direito Internacional?”.

Jair Bolsonaro parece estar disposto a transformar o Brasil no agente dessa mudança, colocando o país como catalisador de um conflito sem precedentes, para alegria dos formuladores da política externa dos Estados Unidos.

Um deles é Walid Phares, ex-assessor de política internacional da campanha de Trump. Ele insinua que há a possibilidade de “interferência estrangeira” nas eleições do Brasil, e afirma que “Estados Unidos, o Departamento de Estado e as agências democráticas” estão acompanhando as eleições. E acrescenta: a “comunidade de inteligência”, ou seja, as 16 agências governamentais dos Estados Unidos que conduzem atividades de inteligência, estariam “monitorando as nefastas atividades de Irã e Venezuela dentro do Brasil”. Contrariando as evidências, já busca consolidar a ideia de que, se há interferência, a interferência não estaria vindo dos Estados Unidos ou da Cambridge Analytica, mas sim de Venezuela e Irã!

Qual o interesse do ex-assessor de Trump em internacionalizar e legitimar Bolsonaro e seu candidato a vice-presidente? Será porque o vice de Bolsonaro, General Mourão já está prometendo uma “aliança estratégica” com os Estados Unidos?

Me pergunto: para quê?

Estaríamos diante do cenário necessário para que finalmente Estados Unidos tenham a desculpa que faltava para uma intervenção militar direta na região? Quais seriam as consequências de uma ação dessa magnitude? Estaria o Brasil disposto a quebrar sua tradição de paz e respeito ao Direito Internacional? De uma política externa que busca a paz e a solução negociada de conflitos?

O Brasil faz fronteira com quase todos os países sul-americanos. Para os Estados Unidos, o que significaria contar com o apoio irrestrito dos militares brasileiros, à maneira como fazem com a Colômbia? Seria a América Latina o campo de uma nova guerra global?

Se olharmos para nossa história — e para a história da região –, o primeiro instinto seria de respondermos “não” a esses questionamentos. Mas, por vezes, a realidade desafia a lógica, e nem deixa espaço para especulação: Bolsonaro e seu séquito já afirmaram que uma intervenção militar na Venezuela não está fora de cogitação, o que colocaria um fim à nossa política de paz na região — com consequências devastadoras e duradouras (veja, por exemplo, o ressentimento histórico que ainda existe pela Guerra do Paraguai). Antes contestada, agora a candidatura de Bolsonaro é endossada pelos militares. Enfim, as evidências abundam para o observador atento.

Uma coisa é certa: o resultado das urnas do dia 28 não terá impacto somente no Brasil. Será decisivo também para toda a região.

 

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