Mundo

Sair da ONU pode ser plano de Nikki Haley rumo à Presidência

A embaixadora dos Estados Unidos na ONU, Nikki Haley, renunciou ao cargo, na terça-feira (9). Sem dar detalhes sobre o motivo da saída, Haley ficará no posto até janeiro de 2019.

Dizendo apenas que acredita em prazos, Haley parece ter pego todos de surpresa. Segundo a imprensa, nem mesmo o presidente Donald Trump conhecia a intenção da embaixadora. Trump, no entanto, disse que há seis meses já sabia que ela deixaria a posição no fim do ano.

Em aparição conjunta no Salão Oval, Trump e Haley mostraram admiração mútua e trocaram elogios. O presidente a chamou de fantástica, e falou que, juntos, eles resolveram muitos problemas. Já a embaixadora afirmou que continuará apoiando o republicano mesmo estando fora do governo.

Meteoro republicano
Se, por um lado, faltam explicações para a demissão, por outro, sobram especulações. Analistas falam em cansaço e até em motivações financeiras, pois Haley seria mais bem paga no mercado do que no governo.

Mas a maior aposta é que a embaixadora pretende se candidatar à presidência no curto ou no médio prazo. Haley teve uma carreira política meteórica. Com apenas 46 anos, já foi representante da Câmara da Carolina do Sul entre 2005 e 2011, governadora do estado de 2011 a 2017 e embaixadora na ONU desde então. Em 2012, foi convidada a concorrer como vice-presidente na chapa de Mitt Romney, mas disse que preferia manter o compromisso com o governo estadual.

Filha de imigrantes indianos, Haley é uma republicana conservadora. Seu apoio ao senador Marco Rubio nas primárias de 2016 não impediu que Trump a nomeasse embaixadora. Há rumores de que teria sido até convidada – e recusado – para o cargo de secretária de Estado.

Outros apontam que, apesar do apoio a Rubio, Trump teria achado útil tirá-la do governo estadual a fim de abrir espaço para seu aliado Henry McCaster.

Por outro lado, o interesse de Trump também pode ser explicado pelas boas relações da republicana com seu partido e até mesmo com os democratas. Posteriormente, Haley mostrou ser capaz de navegar as turbulências da Casa Branca e sobreviver aos humores do presidente.

Moderada demais para #MAGA
Isso até abril deste ano, quando foi desautorizada publicamente pelo governo. Hailey havia ameaçado aplicar sanções contra a Rússia, à qual acusava de envolvimento em um ataque com armas químicas na Síria. No dia seguinte, Larry Kudlow, conselheiro econômico do governo, disse que a embaixadora estava momentaneamente confusa e “fora da curva”.

A resposta foi categórica. “Com o devido respeito, não me confundo”, retrucou Hailey.

Desde então, sua relação com o círculo próximo do presidente, ou #MAGA (Make America Great Again), parece ter azedado. Além disso, apesar de ser linha-dura contra o Irã, a Coreia do Norte e a Palestina, era considerada moderada em comparação ao atual secretário de Estado, Mike Pompeo, e ao conselheiro de segurança nacional, John Bolton. Ambos foram nomeados em março.

De olho na presidência
Para alguns analistas, o pedido de demissão visa preservar sua imagem em meio aos riscos de naufrágio político de Trump. Assim, Hailey seria uma espécie de carta na manga do Partido Republicano para 2020.

O mais provável é que a embaixadora esteja de olho nas eleições de 2024, uma vez que crescem as apostas de que Trump passará pelos escândalos e será o candidato republicano na próxima eleição. Neste caso, Hailey ficaria bem com o eleitorado conservador por ter sido fiel escudeira de Trump. Em contrapartida, seria palatável para republicanos moderados e democratas após manter-se suficientemente longe no tempo e no espaço do polêmico presidente.

Em um primeiro momento, Trump quis substituir Hailey pela própria filha Ivanka Trump. “Ninguém é mais qualificada no mundo”, “todos querem ver Ivanka na ONU”, e “ela é uma dinamite” foram alguns dos argumentos. Mas o presidente acabou concordando que seria nepotismo e que, dificilmente, a nomeação passaria no Senado.

Hoje, o nome mais forte na preferência de Trump é a atual embaixadora no Canadá, Kelly Craft. Outras possibilidades são a ex-senadora do Texas e atual embaixadora na OTAN, Kay Bailey Hutchinson, e Nancy Brinker, fundadora da Fundação de Câncer de Mama Susan G. Komen.

Texto escrito por por Solange Reis, publicado no OPEU, portal eletrônico e um banco de dados voltado para política doméstica e externa dos Estados Unidos.

Notícias relacionadas

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *