Brasil

Sem candidato, a mídia monopolista não consegue dar continuidade ao golpe

Deram o golpe, implementaram os projetos, impediram a candidatura de Lula, ou seja, o mantiveram como preso político e o quarto objetivo era na eleição se legitimar para dar continuidade a esse projeto. Esse é que complicou.

A mídia monopolista brasileira foi a principal protagonista do golpe criminoso que depôs a presidenta Dilma Rousseff e alçou o poder para quadrilha de Michel Temer, que está devastando o Brasil.

Pode se dizer que a mídia monopolista tinha quatro grandes objetivos, três ela realizou e um ela está encontrando grande dificuldade.

O primeiro grande objetivo era depor uma presidenta eleita pela maioria dos brasileiros com um programa definido. Esse objetivo ela cumpriu naquele triste ano de 2016, começando em abril com aquela assembleia de criminosos, bandidos, conduzida pelo chefe dos bandidos Eduardo Cunha, iniciou o processo de impeachment sem crime da presidenta, e que levou no final de agosto a tomada do poder do bando, da quadrilha de Michel Temer.

Então esse foi um objetivo comprido, que não tinha nada a ver com pedaladas fiscais, que não tinha nada a ver com corrupção, até porque, quem conduziu todo esse processo foi uma quadrilha de falsos moralistas.

O segundo grande objetivo, que era o objetivo do golpe, era implementar um projeto que tinha sido derrotado nas urnas quatro vezes seguidas, duas vezes com Lula, duas vezes com Dilma.

Não dava para ganhar na urna um projeto que propõe uma reforma trabalhista que retira direitos históricos dos trabalhadores, que faz o Brasil retornar a escravidão antes dos anos 30, antes de Getúlio.

Não da para ganhar na urna propondo cortar investimentos de saúde e educação por vinte anos, não ganha na urna. Não da para ganhar na urna propondo uma terceirização selvagem, criminosa terceirização da atividade fim.

Ou ganhar na urna propondo uma reforma da previdência que acabe com a aposentadoria das pessoas. A pessoa só ia receber aposentadoria em um centro espírita, sendo avisado que tinha sido aposentada.

Então como não dava para ganhar na urna foi preciso um tapetão para colocar esses projetos em voga e eles fizeram isso, isso eles fizeram e obtiveram êxito. Ou seja, deram o golpe e implementaram um projeto que não tinha sido apoiado nas urnas.

Vale dizer que a cobertura da mídia diante de todas essas “reformas”, melhor seria ‘deformas’, foi amplamente favorável. Mais de 90% da cobertura favorável a reforma trabalhista, mais de 90% da cobertura favorável a reforma da previdência, mais de 90% favorável a chamada austeridade fiscal, ao ajuste, ao congelamento de 20 anos de saúde e educação. Então esse foi o segundo grande objetivo.

O terceiro grande objetivo era impedir que o presidente Lula voltasse a governar o Brasil. Quer dizer, não dava para da o golpe e fazer essas ‘deformas’ e depois devolver o poder ao Lula. E nisso a mídia teve um papel impressionante que foi de satanizar o ex-presidente Lula e forçar sua prisão política. O Lula é um preso político em Curitiba.

O quarto grande objetivo é que a mídia não conseguiu realizar e está meio encalacrada. O quarto objetivo era dar continuidade ao golpe, então deu o golpe, implementou os projetos, impediu a candidatura de Lula, ou seja, o manteve como preso político e o quarto objetivo era na eleição se legitimar para dar continuidade a esse projeto. Esse é que complicou.

A mídia não conseguiu formar seu candidato, forjar seu candidato. Ela chegou apostar em outsiders, falar em Luciano Huck mas o caldeirão pegou fogo, chegou a falar em outros outsiders mas nenhum deu certo. Chegou a apostar suas fichas no Geraldo Alckmin  mas não conseguiu conciliar essa candidatura.

Ela apostava que a economia ia melhorar, que o país ia se estabilizar e que naturalmente pintaria uma candidatura de “centro” que daria continuidade ao projeto. Isso não se viabilizou. O Geraldo Alckmin é um picolé de chuchu que derreteu.

O Meirelles é um banqueiro que torrou R$ 46 milhões em sua própria campanha para nada, não consegue sair dos 2%. O Álvaro Dias é um tucano de botox que não consegue enganar ninguém. O Amoêdo é um ricaço que envelheceu com seu Partido Novo, que de novo não tem nada.

A Marina Silva parece uma espécie em extinção, ou seja, os candidatos do “centro” nenhum deram certo.

E criou-se um dilema para a mídia. O Lula mesmo preso, a população sente saudade do seu tempo, sabe que no seu tempo a situação de vida melhorou, mais emprego, melhora na renda, possibilidade de acesso à casa, a bens de consumo.

Então mesmo preso, o Lula conseguiu fazer uma coisa que a transposição de São Francisco conseguiu: em coisa de duas semanas transferir a sua popularidade para Fernando Haddad. Haddad desponta como grande possibilidade de ser presidente da República.

Como o “centro” não conseguiu ter candidato, acabou que a criminalização da política gerou um fascista – chocou o ovo da serpente. Que é um cara também não confiável para a mídia, então ela está vivendo um dilema. Deu o golpe, implementou o seu projeto antinacional, antipopular e anti Estado, prendeu o principal líder popular do Brasil mas não consegue se viabilizar eleitoralmente.

E agora então está criado o impasse: o candidato do Lula está despontando nas pesquisas, possivelmente nessa semana já ultrapassa o Bolsonaro. E o fascista, o “coiso”, continua despontando nas pesquisas. O que a mídia vai fazer? A impressão que me dá é que ela já está entregando a rapadura, que já percebeu que perdeu o jogo.

O artigo da Eliane Cantanhêde no Estado de S. Paulo é bastante emblemático. É bom lembrar que ela tem uma relação conjugal com o PSDB e é uma apaixonada pela massa cheirosa tucana. Além do Estadão, ela é ‘calunista’ global. Ela diz concretamente que o PSDB e Bolsonaro erraram e que vão dar a vitória ao PT. Quase reconhecendo a derrota.

Isso pode significar que a mídia está sem alternativa nesse momento. Mas não vai entregar o jogo. Ela já começa a fazer movimentos de tentar enquadrar o novo presidente.

Interessante o editorial da Folha de S. Paulo, que é o principal jornal dessa mídia monopolista. A Folha é explícita, tenta agendar Haddad no caso dele ser eleito presidente. Ele tem que reconhecer que houve um impeachment legal e que a prisão de Lula é legal. Ou seja, Haddad não pode falar em golpe e nem em prisão política. Já tentam enquadrar um possível novo presidente da República.

Ou seja, o jogo está sendo jogado. Vamos ter momentos de muita adrenalina na política brasileira e não será só nesse final de semana de eleições.

Mais Nocaute:

Zé Dirceu: “Liberdade de imprensa só para eles, para nós, não.”

Será que não temos memória e nos esquecemos do último assanhamento da caserna?

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