Brasil

Este livro não é só de memórias de Dirceu. São memórias do Brasil, por um revolucionário.

Eric Nepomuceno fala sobre o livro do ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu. “O que mais me chamou a atenção no livro, é que, além de rememorar sua trajetória, o Zé Dirceu faz uma espécie de análise dos acontecimentos ao longo de 60 anos.”

O livro de memórias do José Dirceu, que a Geração Editorial está lançando agora em um calhamaço, catatau: 496 páginas. São 34 capítulos mais epílogo etc. Nenhuma das páginas deixa de ser interessante. E algumas são extremamente interessantes.

Dirceu passa em revista a sua infância, sua juventude, sua formação. Discorre sobre militância estudantil. E o que mais me chamou a atenção no livro, é que, além de rememorar sua trajetória, o Zé Dirceu dá a sua visão, faz uma espécie de uma análise dos acontecimentos ao longo de, pelo menos, 60 anos.

Há momentos engraçados. Há momentos extremamente reveladores e eu anotei alguns. Por exemplo, a questão de Ibiúna, o famoso Congresso da UNE, onde mais de mil estudantes foram presos.

Outro ponto, bem adiante, que me chamou atenção no livro é em julho de 2002 quando ele vai aos Estados Unidos para tentar explicar para o governo, para funcionários norte-americanos, qual era o verdadeiro projeto do PT e do Lula naquele ano que o Lula iria se eleger. Ele foi antes das eleições.

Uma coisa engraçada, um ex-guerrilheiro, um ex-banido obteve o visto de ingresso aos Estados Unidos muito rápido. Ele explica no livro. Os Estados Unidos não têm nada contra ele. Ele não sequestrou o embaixador americano. Quer dizer, sequestraram o embaixador, ele foi libertado por causa disso. Quem sequestrou não entra e quem foi libertado às custas do sequestro, entra.

Há momentos duros no livro contra companheiros do PT. Há alguns momentos em que ele se queixa do presidente Lula. Há críticas em relação à ex-presidente Dilma Rousseff. Mas, sobretudo, o Dirceu faz uma autocrítica dele como dirigente partidário.

O livro vai até 2006. Um rememoração importante do que foi aquele tão criado mensalão. Aquela mentira que, aliás, levou ele para a prisão de novo. Eu acho que o que o Zé Dirceu fez nesse livro, ele promete um outro, seria de 2006 até agora, mais do que propriamente as memórias dele, são também as memórias que ele tem dos acontecimentos ao longo desse tempo.

Um livro muito curioso em muitos aspectos, um livro denso e eu vou repetir: nenhuma de suas páginas deixa de ser no mínimo interessante, algumas são excepcionalmente interessantes. É uma memória não apenas do Zé Dirceu, eu repito, é a memória de um tempo. Um longo tempo, contada por um guerreiro.

Mais Nocaute:

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  1. Avatar

    O Elio Gaspari desceu o sarrafo no livro e comentaristas fizeram coro, embora eu acredite piamente que eles não tenham lido o livro, rs. Vou procurar uma versão e-book, fiquei curiosa.

  2. Avatar

    Revolucionário nunca, subversivo sempre, ladrão, vigarista, safado, pilantra, vagabundo, chave de cadeia. Nosso conforto se resume no fato de que, em breve, muito breve estará de volta para o lugar de onde pessoas de má índole, criminosos nunca deveriam sair, a CADEIA !!!!

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