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Em Minas, quem manda na campanha do governador é o deputado. Aécio, claro.

Beneficiado pelas inserções da propaganda eleitoral da coligação que apoia o parceiro Anastasia, Aécio deixa transparecer que, embora “oficialmente” afastado da campanha, é ele quem controla as finanças e manda no comitê, através pessoas de sua confiança que integram o núcleo duro do aecismo.

Os mineiros foram surpreendidos com uma contradição, quando o horário eleitoral começou a ser exibido. Embora tratado como persona non grata no discurso oficial da coligação que apoia Anastasia, o senador Aécio Neves é o maior beneficiado pelas inserções dos candidatos a deputado federal que apoiam seu companheiro de décadas.

Aécio é o dono na absoluta maior arte das propagandas exibidas durante a programação normal – que os marqueteiros consideram mais eficientes do que o programa eleitoral – que começaram a circular hoje nas emissoras de rádio e TV de todo o estado.

Tratado “oficialmente” como pária, na prática Aécio demonstra que tem imenso poder sobre a coligação, que apoia a candidatura do parceiro de anos, Antônio Anastasia.

Na realidade, Aécio Neves é o verdadeiro chefe da campanha de Antônio Anastasia ao governo de Minas Gerais, ao contrário do tentam fazer os mineiros acreditarem.

A própria escolha de Anastasia para ser o candidato foi uma decisão pessoal de Aécio, que convenceu a cúpula do PSDB, conforme relata o site “O Antagonista”, que conhece a fundo os bastidores do PSDB.

De acordo com uma nota publicada no site em 17.03.18, “uma longa conversa com o senador Aécio Neves e um telefonema do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso selaram a decisão do senador Antônio Anastasia de concorrer pelo PSDB ao governo de Minas Gerais”.

A nota conclui, com base em informações publicadas no Painel da Folha, que “Anastasia, que governou o estado de 2010 a 2014, foi convencido de que é peça fundamental para a campanha presidencial de Geraldo Alckmin”. https://www.oantagonista.com/brasil/alo-candidato-anastasia/

O senador Aécio Neves não foi decisivo somente na escolha de Anastasia para encabeçar a coligação aecista, pois todo o esquema de apoio político e financeiro ao senador Anastasia foi concebido e articulado por ele.

Por exemplo, Aécio foi o responsável por trazer para a coligação o deputado federal Rodrigo Pacheco, ex-PMDB e hoje DEM. Pacheco foi sondado inicialmente pelo senador, para ser o seu plano “B”, caso o projeto Anastasia não vingasse. Resolvido o assunto, o deputado sai como candidato a senador.

Reportagem do jornal “O Tempo”, de Belo Horizonte, traz mais esclarecimentos sobre o assunto. De acordo com matéria publicada em março deste ano, “a filiação do deputado federal Rodrigo Pacheco (MDB-MG) ao DEM foi articulada, segundo interlocutores próximos da negociação, pelo senador Aécio Neves (PSDB-MG).

Conforme O Tempo apurou, Aécio “na verdade é o verdadeiro comandante da tentativa dos aecistas de voltarem ao governo mineiro”.

A presença central – apesar de oculta – de Aécio Neves no comando da campanha aecista é confirmada em outra matéria do jornal “O Tempo”, publicada em 22/07/18.

O jornal conta que “um dos desafios da campanha do senador Antônio Anastasia (PSDB) ao governo de Minas é se distanciar da imagem desgastada do próprio partido, que tem quadros envolvidos em escândalos de corrupção. O principal deles é o senador Aécio Neves. Réu na Lava Jato, sua presença tem sido vetada em eventos de pré-campanha.

Porém, em encontro ontem com prefeitos, na Zona da Mata, Anastasia dividiu palanque com Danilo de Castro, que foi secretário de governo durante as gestões tucanas e responsável pela articulação política de Aécio. Também estavam na reunião o deputado federal Rodrigo de Castro – filho de Danilo –, o ex-presidente da Assembleia Legislativa de Minas e pré-candidato ao Senado Dinis Pinheiro (SD) e o ex-governador do Estado Alberto Pinto Coelho (PPS). O evento foi realizado na cidade de Astolfo Dutra”.

Todos os citados integraram o núcleo duro dos governos aecistas em Minas Gerais e são eles que estão no comando da campanha de Anastasia. Pelo que relata “O Tempo”, o esforço para esconder as origens de Anastasia e de sua chapa é intenso, pois a campanha “tem evitado usar no material de divulgação as cores do PSDB. Até mesmo o nome da sigla tem sido evitado nos discursos”.

Os palanques da campanha, os integrantes do comando do comitê eleitoral e as principais fontes de financiamento da candidatura Anastasia fazem com que seja impossível esconder que quem controla a candidatura de Anastasia é Aécio. Além disso, a trajetória política dos dois senadores não deixa dúvidas da ligação entre eles.

Uma matéria do “O Globo”, publicada em 2014, durante a disputa presidencial, procurava tornar Anastasia uma figura conhecida nacionalmente, pois Aécio pretendia ter o parceiro como o seu “braço direito”, caso vencesse a disputa.

O texto explicita o relacionamento intimo entre os dois políticos tucanos. Sob o título “O homem forte de Aécio”, o jornal carioca afirma que “junto com a irmã do presidenciável Andreia Neves, ele (Anastasia) já tem assegurado um alto posto da administração federal caso o tucano (Aécio) vença a disputa pelo Planalto: a chefia da Casa Civil ou Ministério do Planejamento”.

O Globo conta que Aécio e Anastasia se conheceram quando o primeiro era deputado federal e o outro trabalhava em um cargo de terceiro escalão no governo FHC. A partir dai “nunca mais se separaram”.

Os tempos difíceis não afastaram os dois parceiros. Aécio deve a sua permanência no Senado, que lhe assegura o fórum privilegiado, principalmente a duas pessoas: Temer e Anastasia. Temer orientou sua bancada para votar favoravelmente ao senador mineiro e Anastasia assumiu o papel de aguerrido advogado de defesa do companheiro.

A movimentação de Anastasia para defender Aécio começou quando o senador manobrou, para que o senado confrontasse o STF e assumisse a palavra final sobre o afastamento ou não de Aécio.

A revista “Época”, em 28/09/2017, traz uma nota com o título “Como Anastasia está ajudando Aécio Neves”. E no subtítulo, “ex-governador de Minas Gerais foi um dos principais defensores da ideia de que o Senado deve votar afastamento do correligionário”.

O texto explica que “aliado de primeira hora de Aécio Neves, o senador Antônio Anastasia (PSDB) foi um dos principais defensores da tese de que o Senado, a despeito da decisão do Supremo Tribunal Federal, deve votar o afastamento do correligionário”.

A parceria íntima entre os dois senadores mineiros ficou ainda mais evidente na sessão do Senado, que julgou a possibilidade do afastamento de Aécio Neves do parlamento.

Anastasia foi o defensor do companheiro e, durante a sessão, o fotógrafo Cristiano Mariz, da revista Veja, flagrou uma conversa entre ele e Aécio, que não estava presente. A divulgação da troca de mensagens não deixa dúvidas com relação a quem manda na parceria, assim como a incondicional submissão de Anastasia à chefia de Aécio.

A revista diz que “o senador Aécio Neves (PSDB) orientou, via conversa em Whatsapp, o discurso de seu colega de parlamento, partido e de estado, Antônio Anastasia (PSDB), durante a sessão que derrubou a decisão do STF que afastava Aécio e o impunha a medidas cautelares”.

O texto da Veja traz trechos da conversa entre os dois mineiros. O presidente afastado do PSDB parece ansioso enquanto orienta o fiel escudeiro. “Quem vai falar?”, questiona Aécio. “Sei que Telmário e eu. Mais dois”, diz Anastasia.

Em um segundo momento, Aécio orienta o tom do discurso de Anastasia. “Importante vc repetir aquele discurso. Por favor. Direito de Defesa”, escreve Aécio. Anastasia responde positivamente e explica ao amigo como serão os trabalhos na sessão. “O Tasso [Jereissati] vai falar. O Telmário também. São só cinco fé (provável erro de digitação) cada lado”. Aécio passa outra orientação: “Faz uma defesa mesmo que rápida da minha trajetória. Se puder Rs”, diz.

A reportagem de Veja destaca que o senador Antônio Anastasia seguiu à risca as orientações de seu “padrinho político” durante seu discurso no Senado.

A revista semanal conclui que “fica claro que, ao contrário do que alguns tucanos mineiros tentam alastrar pela imprensa, o senador Antônio Anastasia ainda está ‘umbilicalmente’ ligado àquele que lhe colocou na vida pública: o agora novamente senador Aécio Neves, em ‘pleno’ exercício de seu mandato”.

https://poderemfoco.com.br/aecio-neves-orienta-anastasia-sobre-como-fazer-sua-defesa-em-sessao-do-senado/

Para quem ainda tem dúvidas sobre o assunto, basta ver que vez ou outra os caciques aecistas ainda se referem ao chefe em reuniões fechadas e até mesmo em eventos públicos, como o que ocorreu na própria convenção de lançamento de Anastasia como candidato ao governo do estado.

O site “Em cima da notícia” repercute uma reportagem do jornal Hoje em Dia, que cobriu a convenção de homologação da chapa que apoia Anastasia. De acordo com a matéria, quando o deputado federal Marcos Montes, indicado para vice, fazia o seu discurso, cometeu um ato falho, que explicita claramente quem comanda de fato a coligação.

O texto que descreve a “saia justa” tem como título: “Gafe do vice de Anastasia desnuda que Aécio é quem manda”. “Marcos Montes, do PSD, cometeu a gafe de lançar Aécio Neves como candidato a governador de Minas, citando o seu nome e não o de Anastasia, para perplexidade geral da Arena Minas onde era realizada a convenção”.

O ato falho do vice de Anastasia virou meme nas redes sociais. Porém, mais do que isto, revela de fato quem está por trás da articulação que montou a chapa tucana e sua influência nos bastidores, para conduzir a campanha que tem seu antigo vice como titular. A gafe do vice mostrou quem é quem nessa acirrada campanha eleitoral mineira.

Marcos Montes, de Uberaba, é deputado federal e um dos líderes da bancada ruralista na Câmara.

https://www.emcimadanoticia.com/index.php/noticias-regionais/1470-marcos-montes-declara-quem-manda-em-anastasia-e-aecio-neves

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  1. Avatar

    Os aecistas não dão ponto sem no. Onde eles estão, com certeza tem mutreta. Agora vircula em Minas, que Anastasia era o dono do terreno, onde foi feita a cidade administrativa. Quer fizer: ele tirou dinheiro do estado e enfiou no próprio bolso.

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