América⠀Latina

A quem interessa o desmonte da integração regional?

Na última sexta-feira, a Colômbia anunciou que deixará definitivamente a UNASUL e que está articulando também a saída de outros países, o que enfraqueceria ainda mais o foro, já fragilizado pela suspensão de participação de sete dos doze Estados-membros, entre eles, Brasil, Argentina e Chile – todos na agenda de visita do Secretário de Defesa de Trump, James Mattis.

O enfraquecimento desse e de outros foros de concertação regional independente, devolvendo o protagonismo a organismos como a OEA, reflete um importante aspecto da estratégia de avanço e consolidação dos governos neoliberais na região: a ressignificação da inserção da América Latina no cenário internacional. Nesse sentido, o desmonte da UNASUL é bastante representativo do momento político que vivemos.

Criada em 2008, representa a busca pela criação de uma integração regional embasada no consenso em temas como energia, infraestrutura, e na construção de uma identidade verdadeiramente latino-americana. O desmantelamento da UNASUL também afeta o Conselho de Defesa Sul-Americano – algo que não deixa de ser sumamente preocupante, especialmente quando vemos um avanço da militarização em diversos países da região.

Entrada da Colômbia na OTAN, suspensão da Venezuela do Mercosul, novo impulso para negociações de livre-comércio com os polos tradicionais de poder, são todos sintomas de uma mesma estratégia, uma estratégia que visa não só colocar no poder governos fracos e submissos, mas também devolver a América Latina à periferia do mundo, subordinada aos interesses internacionais, inviabilizando o desenvolvimento nacional e regional que tiraram milhares da miséria.

Afinal, para que investir na nossa soberania se o que importa é ter um exército de mão de obra barata à disposição do grande capital? O México, com suas maquiladoras, está aí para servir de exemplo para todos nós.

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  1. Avatar
    José Eduardo Garcia de Souza says:

    A articulista resolveu inovar e acresceu o tom lamuriento ao apanhado de raciocínios superficiais e dados incompletos com que brinda, semanalmente, os leitores. Mas não é de se acreditar que tal inovação torne mais críveis os seus argumentos ou mesmo mais palatável o discurso, já que:
    1. Ela não menciona que uma das reais causas do esvaziamento da UNASUL foi a suspensão das suas actividades na organização – e não suspensão pela organização – do Brasil, Argentina, Paraguai, Colômbia, Chile e Peru, motivada pelo impasse com o governo da Venezuela em relação à escolha do secretário-geral da organização que, desde Janeiro de 2017, para todos os efeitos paralisou a organização. A Venezuela, com o apoio da Bolívia, do Suriname e do Equador, vetou o candidato argentino – Embaixador José Octavio Bordón – e não apresentou qualquer alternativa a ele, deixando, assim, a secretaria vaga e a organização acéfala.
    2. Ela também “esquece de mencionar” que as maquiladoras mexicanas são projeto que data de Maio de 1965, com a instalação da Indústria Maquiladora de Exportação (IME) na fronteira norte do México, resultado de um programa pactuado entre os governos do México e dos Estados Unidos, com o propósito – do governo mexicano – de reter a força de trabalho que migrava para os EUA em busca de emprego. Hoje, a IME emprega mais de 1 milhão e 100 mil pessoas -. Igualmente distribuídas entre homens e mulheres, representando cerca de 25,5% do emprego manufatureiro nacional e quase 3% do emprego do México. Mais ainda, ela deixou de se concentrar na fronteira norte e hoje estende-se a Jalisco, Zacatecas, San Luis de Potosí, Puebla, Tlaxcala e Yucatán. É fato que a transferência de tecnologia para o sector produtivo 100% local é baixa, mas é melhor que mais de 1 milhão de mexicanos e mexicanas tenham emprego digno do que terem que migrar para poderem comer e sustentar as suas famílias.
    Tampouco existe qualquer indício de definição do que poderia ser a tal “identidade verdadeiramente latino-americana” que lamenta ver impedida de se desenvolver, mas, a julgar pelo que comentou sobre as maquiladoras do México, talvez esta identidade esteja refletida no desemprego, inflação e miséria que grassam na Venezuela de Maduro – com certeza o seu ideal de “latinidade”.

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