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A lição de direitos humanos da seleção argentina durante a Copa do Mundo

Agora que estamos na fase de fazer balanço da Copa, é bom lembrar de uma seleção que teve um papel memorável nessa Copa, e eu me refiro a seleção da Argentina. Não memorável por aquilo que ela fez, propriamente, no campo de futebol, mas por aquilo que ela fez no campo dos direitos humanos, da ética, da dignidade.

Vamos lembrar os fatos: o governo de Israel convidou a seleção argentina para jogar em Haifa, lá em Israel, para comemorar os setenta anos de inauguração do Estado judeu. Só que o governo de Benjamin Netanyahu resolveu transferir o jogo de Haifa para Jerusalém.

O que aconteceu? Os palestinos reagiram violentamente, porque, é claro que a tentativa de Benjamin Netanyahu era de legitimar o fato de que Jerusalém é a capital do Estado de Israel, aproveitando a onda de que o Trump resolveu transferir a embaixada dos Estados Unidos de Telavive para Jerusalém, ou seja, Netanyahu quis transformar a seleção da Argentina em uma espécie de “office boy” de relações públicas do governo israelense.

Mas os palestinos reagiram, o movimento BDS, que promove o boicote a Israel, escreveu cartas para seleção argentina. Setenta crianças argentinas assinaram uma carta para o Messi. E por que setenta? Uma para cada ano da criação do Estado de Israel, pedindo que o Messi não se submetesse a esse papel que Israel estava tentando impor a ele.

A seleção da Argentina teve uma reação memorável, ela se recusou a fazer o amistoso. O governo israelense reagiu, Netanyahu chegou a ligar para o Macri, presidente da Argentina, que também foi presidente do Boca Juniors, e não adiantou nada. Apesar de todas as pressões a seleção da Argentina manteve sua posição digna, firme e não cedeu e não foi fazer o jogo lá em Israel.

Eu quero também lembrar aqui outro episodio que não tem nada a ver com esse, mas tem a ver com a questão palestina, que foi quando o grande jogador português Cristiano Ronaldo, em um determinado momento, ele estava jogando contra a seleção de Israel e um jogador israelense quis trocar camisa com ele e ele não aceitou. Ele não aceitava a camisa israelense na medida em que Israel e sinônimo de opressão sob o povo palestino.

Fica aqui registrada essa memória e a torcida de que talvez um dia a nossa seleção, a seleção brasileira, tenha a dignidade minimamente necessária para fazer um gesto como esse, embora, cá entre nós, eu duvido que esse dia vá chegar.

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  1. Avatar

    Brilhante atitude de profissionais que sabem o que querem e sao pessoas de carater, diferentemente de um certo cai-cai.
    Parabens as crianças argentinas, e muito bom saber que estao sendo educadas e criadas para no futuro nao aceitarem ditaduras, fmis e outras imposiçoes dos gringos israelenses e americanos entre outros, isso significa que existe luz no fim do tunel escuro.

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