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Candidato da esquerda, López Obrador lidera corrida presidencial no México

Com propostas nacionalistas e de distribuição de renda, candidato favorito às eleições que se realizam neste domingo pode representar uma mudança na vida política mexicana.

Após duas eleições marcadas por denúncias de fraude e de uma ampla reforma no sistema eleitoral, realizada em 2014, a democracia mexicana será posta à prova neste 1º de julho, quando o povo irá às urnas para eleger seu novo presidente, governantes estaduais e municipais, além de legisladores.

Neste ano, as pesquisas de intenção de voto mostram que há uma grande diferença entre o novamente candidato progressista Andrés Manuel López Obrador, do partido Movimento Regeneração Nacional (Morena), e seu principal concorrente, Ricardo Anaya, do PAN. Em terceiro lugar aparece o candidato José Antonio Meade, do Partido Revolucionário Institucional (PRI), do atual presidente, o conservador Peña Nieto.

Uma pesquisa divulgada na última semana pelo jornal El Universal mostra que López Obrador é o favorito absoluto entre os eleitores mexicanos, com 50% das intenções dos votos. Já o candidato da direita mexicana, Anaya, conta com 28% das intenções de voto.

Caso López Obrador vença, será a primeira vez em 90 anos que a Presidência do país não será ocupada pelo PRI ou pelo PAN.

No México, o voto não é obrigatório e a média de participação é de 63% do eleitorado. Atualmente, cerca de 86 milhões de mexicanos e mexicanas estão habilitados a votar. Nestas eleições, serão escolhidos 500 deputados federais, 128 senadores e o presidente da República, para um mandato de seis anos. Além disso, 30 estados irão realizar eleições locais para prefeitos e vereadores. E oito estados também vão escolher seus governadores.

Outra peculiaridade do sistema mexicano é que não existe segundo turno na escolha do Executivo, o que faz com que o presidente seja eleito com aproximadamente 37% dos votos, segundo os resultados dos últimos dois processos eleitorais.

O resultado mais polêmico foi em 2006, quando Felipe Calderón, do direitista Partido de Ação Nacional (PAN), foi declarado vencedor com 35,91% dos votos, e o segundo colocado, Andrés Manuel López Obrador, candidato de centro-esquerda, obteve 35,29%.

Quem é Manuel López Obrador

López Obrador perdeu duas eleições consecutivas, as presidenciais de 2006, para Felipe Calderón, e as de 2012, para Enrique Peña Nieto. Nos dois pleitos houve denúncias de fraude eleitoral. No entanto, em nenhuma das eleições anteriores as pesquisas de intenção de votos apontavam a diferença que há nesse momento entre o primeiro e o segundo colocado.

O discurso nacionalista de Obrador está relacionado sobretudo ao setor econômico. Ele afirma que as riquezas naturais do país, como o petróleo e a água, continuarão sob o controle do Estado mexicano. O presidente Peña Nieto propôs em 2014 uma reforma energética, que privatizou parte do setor elétrico. Também permitiu maior abertura no setor petroleiro para entrada de empresas estrangeira no setor de exploração e produção, que hoje é controlado pela empresa estatal Pemex. “Vou frear as privatizações e recuperar a PEMEX para os mexicanos”, disse Obrador.

Outro aspecto nacionalista de sua campanha é a proposta relacionada a produção de alimentos do país. No dia 10 de abril, o candidato se reuniu com 5 mil camponeses no estado de Zacatecas, na região central do país, onde assinou um documento onde reafirma seu compromisso de implementar o Plano de Ayala do Século 21, que propõe uma série de políticas de produção agrícola direcionada aos pequenos produtores rurais e comunidades indígenas.“Vamos devolver ao México a soberania alimentar que perdeu com os governos neoliberais”, garantiu Obrador.

Assista ao encerramento de campanha de Obrador, que contou com 80 mil pessoas em estádio:

 

Reportagem de Fania Rodrigues e Rafael Stedile do Brasil de Fato*

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