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Eventual conflito entre EUA e Irã pode levar à guerra nuclear


Donald Trump resolveu abandonar o acordo com o Irã e isso aí jogou o mundo em uma crise de grandes proporções. Um eventual conflito com o Irã vai envolver todas as potências.
A China porque depende em grande parte do petróleo iraniano, então ela não pode ficar indiferente ao que vai acontecer. A Rússia porque tem uma base militar na cidade de Tartus, na Síria, que é sustentada pelo regime iraniano, e a Rússia não pode se dar ao luxo de perder essa base porque é a única instalação dela no Mediterrâneo.
A Arábia Saudita tem no Irã o principal rival regional, então também vai entrar com tudo nessa guerra. A Turquia porque o Irã envolve uma agitação da minoria curda, que também existe na Turquia, e representa cerca de 15% da população curda, e é uma fonte de grandes distúrbios.
E finalmente Israel, que, não por acaso, logo depois que Trump renunciou ao acordo, já lançou um ataque a partir das bases de Israel nas colinas de Golã, na Síria, já lançou um ataque contra forças iranianas estacionadas na Síria, se preparando para um confronto que o próprio Israel está provocando.
Isso por quê? Em grande parte, Donald Trump está fazendo um jogo comercial. Há dois ou três meses, ele selou um acordo comercial de venda de 200 bilhões de dólares em armas para a Arábia Saudita. Isso representa um componente muito importante para reativar a economia dos EUA, o famoso complexo industrial militar dos EUA, portanto interessa a guerra como forma de reativar a economia dos EUA. Também interessa a guerra do ponto de vista político, porque Trump está envolvido nos EUA num escândalo por suas relações com prostitutas e atrizes do cinema pornô.
Israel está fortemente interessado nessa guerra também porque Benjamin Netanyahu também está envolvido em grandes escândalos de corrupção e ele tem uma mentalidade fascista, expansionista, de hostilidade para com o Irã, que não é de hoje.
Então todas essas potências têm um forte interesse no desenvolvimento dessa guerra. Não por acaso, a França, a Inglaterra e a Alemanha, por outro lado, querem manter o acordo nuclear com o Irã porque perceberam que, se estourar esse conflito, vai sobrar para todo mundo e particularmente para a Europa, porque nós vamos ver o preço do petróleo explodir e uma situação de instabilidade que vai gerar um caos político muito maior do que o de hoje.
Portanto, o que Trump está preparando, junto com Israel, é o caos. É um conflito de grandes proporções e nós até podemos saber como vai começar, mas ninguém pode dizer como vai terminar. Inclusive está no horizonte a possibilidade de uma guerra com armas nucleares de médio alcance.
Portanto, a situação está mais caótica do que nunca. E naquele famoso relógio que criaram que se aproxima da meia-noite, que é a hora da grande hecatombe nuclear, os cientistas calculam que estamos a um minuto e meio da meia-noite, que é o ponto mais perto de uma hecatombe nuclear desde o final da Segunda Guerra Mundial. A situação é muito grave.

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  1. Avatar
    Cristiane N. Vieira says:

    Excelente análise, muito rara até na mídia chamada “independente e alternativa”.
    Como foi falado em outro vídeo do Arbex, um ator central e pouco analisado pela sua própria discrição e porque os EUA, como outros senhores da guerra, está engajado nas chamadas “Proxy Wars”, guerras “intermediárias” ou indiretas, (não conheço o termo adequado) em que países são utilizados como território para guerras em que os principais e mais poderosos interesses estão em outros lugares, motivos e justificativas oficiais, é a discreta China.
    Sempre me pareceu que as jogadas do governo USamericano – no começo dividido entre os neocons de Bannon, os financistas do petróleo e os belicistas republicanos old-fashion, daí a demora em atacar o Irã – no oriente médio e Ásia visavam fomentar uma disputa contra a Rússia e a China a partir dessa região – não deu certo com a Coréia do Norte por ser imprevisível demais, um país menor nas jogadas geopolíticas – , e de quebra manter o barril de pólvora do oriente médio aceso, depois de destruir o Iraque e o Afeganistão. No Afeganistão, aliás, a violência voltou nos últimos meses com atentados que atingiram até grupos de jornalistas, e cuja autoria tem sido reivindicada por Daesh/ISIS e Taleban. Para quem não entende muito de geopolítica para conhecer os detalhes, como eu, parece que estes fatos estão interligados.
    E que o ataque subreptício dos EUA a Rússia e China, e com o sabido – e nem será necessário esperar 50 anos pra descobrir na CIA, o sumido e controverso Julian Assange e o referencial (queria chamar de muso mas estou falando sério, rs) Edward Snowden já apresentaram informações e análises sobre o Brasil,
    novo player no mundo do petróleo,
    o combustível imoral destas jogadas,
    ser o país mais vigiado da AL pelo CEO do mundo – golpe no Brasil, os principais países dos BRICS vêm sendo cercados pelos EUA desde antes do Trump (sabemos que imperialismo é política de Estado e não de governo na terra do tio Sam).
    Gostaria de assistir a uma aula do Arbex falando dessa hipótese, se possível com o mapa mundi (facilita a compreensão, rs).
    Sampa/SP, 11/05/2018 – 16:16

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