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Venezuela: no centro do xadrez hegemônico americano


Mike Pence resolveu deixar claro quem manda. Em um discurso recheado de velhos e novos clichês, o vice-presidente de Trump reforçou no Conselho Permanente de OEA a agenda dos Estados Unidos para a região: a imposição de governos docilmente alinhados à agenda de Washington. E quem ousar contestar, que sofra as consequências. A novidade? A “promoção” da Nicarágua a estado-pária.
Sem nenhuma surpresa, a Venezuela foi o alvo principal dos ataques. Frente a sucessivos fracassos, as ofensivas contra a Venezuela se consolidam agora em duas frentes. Do ponto de vista internacional, fazer com que um número cada vez maior de Estados desconheça as eleições presidenciais marcadas para o próximo dia 20, estabelecendo a Venezuela como um “Estado falido”, em uma estratégia semelhante à utilizada contra o Irã. Nesse sentido, um embargo petroleiro ou mesmo o reconhecimento de um governo paralelo não seriam cartas fora do baralho. Do ponto de vista interno, parte da oposição está conclamando os eleitores a boicotar o processo – estratégia que se alinha com a tentativa de deslegitimar internacionalmente o pleito, mas que vem sendo cada vez mais contestada por quadros da própria oposição.
A fala de Pence foi um exercício retórico de poder, demandando que os Estados acatem sem maiores questionamentos os mandos do vizinho do Norte – ao que os membros da OEA, jogando por terra qualquer resquício de dignidade que ainda poderia existir, aplaudiram de pé. Para além disso, o discurso de Pence foi muito revelador de como a Venezuela está cada vez mais no centro de uma disputa geopolítica muito mais ampla. São muitos os cenários que se colocam, especialmente para o período pós-eleitoral.
Independentemente dos resultados dessas tentativas de minar o projeto popular venezuelano, é de se esperar que o cerco contra o país se intensifique. Mas um detalhe fundamental parece escapar aos estrategistas da política externa dos Estados Unidos: ao incentivar o isolamento econômico e diplomático, resta ao governo venezuelano poucas alternativas para contrapor o crescente peso das sanções que não aprofundar os laços com Rússia e China. Ao tentar impor a todo custo sua hegemonia, os Estados Unidos podem estar à beira de dar um tremendo tiro no próprio pé.

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