Mundo

Síria: o Sistema Internacional só funciona quando é conveniente


O mais recente bombardeio à Síria traz à tona velhos e novos questionamentos.
Em primeiro lugar, o papel da mídia na criação de falsos positivos que não só legitimam ações geralmente ilegais, mas que também condicionam a opinião pública a aceitar passivamente essas violações. No caso da Síria, o falso positivo foi, mais uma vez, o suposto uso de armas químicas contra civis. As imagens das supostas vítimas foram exibidas à exaustão; as fontes citadas para legitimar a veracidade da informação são, no mínimo, questionáveis: os Capacetes Brancos e a Sociedade Médica Síria-Americana, ambas abertamente contrárias a Assad e favoráveis a uma intervenção estrangeira. Ambas ligadas à USAID. Ao que tudo indica, os pacientes mostrados na imagem como vítimas do suposto ataque químico estavam, na verdade sofrendo de hipóxia, falta de oxigênio, devido às condições precárias em que se veem obrigados a viver.
Segundo: qual a legitimidade dos mecanismos responsáveis pela prestação de contas dos países no sistema internacional, se três dos cinco membros com poder de veto no Conselho de Segurança da ONU cometem um ato de agressão contra outro país-membro à revelia de todos os preceitos que regem as relações internacionais? Uma agressão, é sempre bom lembrar, levada a cabo um dia antes da missão da ONU encarregada de investigar a existência dessas armas na Síria, chegar ao país (visita essa que já havia sido autorizada pelo governo de Assad).
Por último, e talvez ainda mais importante: até quando alegações embasadas em evidências tão frágeis servirão de pretexto para ataques a nações soberanas? Quem se lembra, por exemplo, de Colin Powell chacoalhando um potinho nas Nações Unidas como prova irrefutável da existência de armas químicas no Iraque? Quinze anos depois, temos um país devastado e um saldo de mortos que chega à casa do milhão – e zero evidência de que as tais armas sequer existiram. Até hoje, ninguém foi responsabilizado pelo crime de agressão ou pelos crimes de guerra e contra a humanidade cometidos no Iraque.
Vietnã, Camboja, Líbia… A lista é longa. As evidências, cada vez mais questionáveis. E as motivações, cada vez mais claras.
Leia também:

Lula diz à Justiça que quer ver Esquivel. E se prendem o Nobel em Curitiba?


Notícias relacionadas

  1. Avatar
    Jáder Barroso Neto says:

    Pelo ataque ao Iraque, George W. Bush e Tony Blair foram condenados por Crime de Guerra na Malásia. Pena que o Tribunal de Haia é como a nossa Justíssia: “para todos” que não interessam ao Império.

  2. Avatar

    Curiosidade: Os países que agridem a Síria são os mesmo que abençoam o regime israelense, que atira fósforo branco em Gaza. São os mesmos que abençoam dezenas de ditadores na África e Oriente Médio (especialmente as petromonarquias).
    Mas a mídia “tradicional” como a Globo , Folha não questiona por ser agência de propaganda atlantista.
    As mentiras contra a Síria são repetidas porque os responsáveis pela farsa sabem que há milhões de pessoas manipuláveis. (Bem semelhante às ovelhas de Edir Macedo)

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *