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Santander versus Cultura: censura no Brasil, contrabando na Espanha.

 

Na mesma semana em que o Banco Santander cedeu à pressão de censura do MBL e desmontou uma exposição de arte voltada para a diversidade sexual – considerada pelo grupo de direita como apologia à pedofilia e zoofilia – um dos herdeiros do banco espanhol, Jaime Botín, tornou-se réu por contrabando de um quadro de Pablo Picasso.
Ex-vice presidente do banco e tio da atual presidente do Santander, Ana Patricia Botín, o banqueiro será julgado por sair ilegalmente da Espanha em 2015 com o quadro “Cabeça de uma jovem mulher”, pintado em 1906. Depois de pouco mais de dois anos, o juiz Enrique Presa aceitou a denúncia e determinou que o banqueiro deve responder por contrabando e pagar uma multa de 133 milhões de euros, segundo despacho ao qual o jornal espanhol El Confidencial teve acesso.

O quadro “Cabeça de uma jovem mulher”, por Pablo Picasso


A procuradoria pediu quatro anos de prisão e a desapropriação da tela.  A promotoria também pediu a apreensão do luxuoso iate Adix – avaliado em 31 milhões de dólares – com o qual Botín levou o quadro para fora da Espanha.
Em julho de 2015, a polícia francesa apreendeu o quadro, estimado em 26,2 milhões de euros, no iate de Botín, a caminho da Suíça. O banqueiro havia pedido permissão para transportar o quadro e a Justiça negou. Mesmo assim, embarcou com o quadro – e agora é acusado de contrabando.

Jaime Botín


Uma determinação judicial de 2013 proibia Botín de transportar a pintura para o Reino Unido, onde ela seria leiloada pela Christie’s. Ao jornal inglês “The Guardian”, especialistas na obra do pintor espanhol descreveram “Cabeça de uma Jovem Mulher” como “uma das poucas pinturas feitas por Picasso durante o período Gósol, em que ele claramente foi influenciado pelo tecido da arte Ibérica”.
Não é a única ação judicial contra Botín. A procuradoria o acusa de não ter pago um milhão de euros em impostos na compra de seu jato particular. Além disso, o banqueiro e seus filhos recorreram até o Supremo Tribunal para que a Fazenda os devolvesse 25 dos 100 milhões de euros que pagaram por constarem na lista Falciani – documento vazado por um funcionário do banco HSBC com uma lista de clientes com contas não declaradas. A família perdeu a ação.

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