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De Madri vejo o aperto de mão de dois bandoleiros, um brasileiro e um espanhol: é Rajoy legitimando o Ilegítimo.


 
Por Eric Nepomuceno
 
Eu estou em Madrid, vim lançar um livro meu pela Ediciones Ambulantes, uma pequena, elegante e muito valente editora espanhola especializada em literatura brasileira. Faz alguns anos que eu não venho a Madrid, uma cidade onde eu morei, onde eu tenho irmãos.
 
Estando eu em Madrid o chefe do governo espanhol, aquilo que a gente chama no Brasil de Primeiro Ministro, mas não é, é o presidente del gobierno, Mariano Rajoy, está no Brasil. O Ilegítimo recebe o Mariano Rajoy, é a primeira vez, além do Maurício Macri, que dispensa comentários, que um chefe de estado reconhece, legitima o Ilegítimo.
 
Quem é Mariano Rajoy. Eu vou mostrar pra vocês o seguinte: esse é o principal jornal espanhol o El País, um dos maiores jornais da Europa, “corrupção põe em difícil situação o governo de Rajoy”. Quer dizer, nada podia ser mais coincidente. Quer dizer, Mariano Rajoy no Brasil, Michel Temer dizendo que o governo do Rajoy e as reformas do Rajoy são um exemplo e o que está acontecendo aqui na Espanha nessa primavera maravilhosa madrilena? Está aqui: “a corrupção põe em difícil situação o governo de Rajoy”.
 
Quer dizer eu acho que é uma coincidência fabulosa: o chefe dos bandoleiros no Brasil recebendo o chefe dos bandoleiros da Espanha e dizendo que o modelo que ele quer pro Brasil é o modelo dos bandoleiros espanhóis. Eu vou ser breve e sucinto. Eu adoro a Espanha eu morei aqui muitos anos, eu tenho irmãos aqui e eu sou brasileiro. A gente vive um período de trevas em que o Ilegítimo brasileiro quer copiar o que o Rajoy quer fazer na Espanha. Com uma diferença, o Rajoy foi eleito o Temer não se elegeria síndico do edifício dele. Com a coincidência: um escândalo de corrupção.
 
Como é que eu me sinto estando em Madrid. Bem e mal. Bem porque lancei um livro, reencontro amigos, afetos, amores, minha vida é feita disso. Mal porque estou aqui meio que num Brasil dublado em castelhano. Michel Temer aperte a mão do Rajoy. Vocês dois se merecem. Eu não mereço nenhum dos dois. Meu filho não merece nenhum dos dois. Meu país não merece nenhum dos dois. A Espanha não merece nenhum dos dois. Agora eu vou ao Café Gijón tomar um chazinho e um fernet. Tchau.

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