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Novas estratégias, velho intervencionismo.


A administração Trump, por meio do seu Departamento do Tesouro, impôs novas sanções à Venezuela, dessa vez através do vice-presidente do país, El Aissami. As autoridades estadunidenses o acusam de envolvimento com o narcotráfico, apesar da falta de evidências nesse sentido.
Os ataques à Venezuela – ou a qualquer país que busque construir uma sociedade baseada no poder popular ou que afete de alguma maneira os interesses estadunidenses – não são novidade. O que é novidade é maneira como esses ataques se dão. Já não se sanciona o país – o rastro de destruição e de desespero humanitário deixado por esse tipo de ação, como o embargo em Cuba ou ao Iraque, já são amplamente conhecidos e condenados.
Assim, as armas do intervencionismo precisam ser refinadas: ao sancionar pessoas, e não o país, desconstrói-se o discurso já consolidado do impacto das sanções. Afinal, é só uma pessoa, certo? Não, errado. Muito pelo contrário. E essa é justamente a questão. Os impactos das sanções a determinadas pessoas são profundos, formando um efeito dominó com consequências tão ou mais perversas do que um embargo declarado. Sanções desse tipo servem não só para pressionar economicamente o país, mas também para isolar politicamente o governo. Afinal, o vice-presidente representa uma República, e banir pessoas de interagir com ele é em si uma forma de banir a interação com o governo do qual ele faz parte. Esse tipo de sanção também desmobiliza e ajuda a avançar uma matriz de opinião popular negativa em relação a governos progressistas.
Essa nova “modalidade” de sanções demonstra a infinita capacidade do imperialismo de se adaptar rapidamente, enquanto as construções e os processos democráticos e populares avançam lenta e custosamente. Não raras vezes, nós esquecemos que, para avançar as conquistas sociais, precisamos não só lidar com os efeitos perversos do imperialismo já em curso, mas também com suas novas facetas. Se não há nada de novo debaixo do sol, nós temos que estar atentos às sutilezas de suas reinvenções.

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