“Em cada cem pessoas
aquelas que sempre sabem mais:
cinqüenta e duas.
Inseguras de cada passo:
quase todo o resto.
Prontas a ajudar,
desde que não demore muito:
quarenta e nove.
Sempre boas,
porque não podem ser de outra maneira:
quatro – bem, talvez cinco.
Capazes de admirar sem invejar:
dezoito.
Levadas ao erro
pela juventude (que passa):
sessenta, mais ou menos.
Aqueles com quem é bom não se meter:
quarenta e quatro.
Vivem com medo constante
de alguma coisa ou de alguém:
setenta e sete.
Capazes de felicidade:
vinte e alguns, no máximo.
Inofensivos sozinhos,
selvagens em multidões:
mais da metade, por certo.
Cruéis,
quando forçados pelas circunstâncias:
é melhor não saber
nem aproximadamente.
Peritos em prever:
não muitos mais
que os peritos em adivinhar.
Tiram da vida nada além de coisas:
trinta (mas eu gostaria de estar errada)
Dobrados de dor,
sem uma lanterna na escuridão:
oitenta e três,
mais cedo ou mais tarde.
Aqueles que são justos:
uns trinta e cinco.
Mas se for difícil de entender,
Três.
Dignos de simpatia:
noventa e nove.
Mortais:
cem em cem –
um número que não tem variado.”
Perdemos a capacidade de ver o outro como o ser humano. Isso é uma das estratégias, um dos mecanismos e uma das ferramentas do fascismo. A desumanização de um grupo, no caso do nazismo, por exemplo, foi a desumanização dos judeus. A partir do momento que a gente define um grupo de seres humanos como não-humanos e consideramos que esse grupo pode, portanto, ser morto ou não tem direito a dignidade, pode ser tratado como não-humanos, como porcos (como se os porcos pudessem ser mal tratados). Você se humaniza e desumaniza o outro? Só queria te avisar que o desumano é você. Presos não são humanos você torce para que eles morram, você não se importa que eles morram. Afinal:
“Cento e onze presos indefesos
Mas presos são quase todos pretos
Ou quase pretos ou quase brancos
Quase pretos de tão pobres e pobres são como podres
E todos sabem como se tratam os pretos”
Uma mulher sofre um AVC, está em coma induzido e você se acha no direito de desejar a morte dela porque o marido dela é seu desafeto político. Você odeia o marido dela e isso te dá o direito de protestar na frente do hospital pra que ela morra. Quem te deu o salvo-conduto pra desejar a morte de alguém? Porque Jesus não foi. Presos são humanos, a D. Marisa é humana, você deveria ser mais humano também.
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Leonardo Leão says:
Essa desumanização é o nosso risco imediato.
E ela vem da ignorância combinada a uma campanha bem planejada e executada pelos meios de comunicação.
Tem pessoas com as quais se tornou impossível de conversar tamanho o fanatismo tapado.
E eram doces. Ou se portavam como tal…
Leonardo Leão says:
Muros
Para Marcos De Andrade Filho
Leonardo Leão
Separam maçã
e serpente:
nenhum pecado poderá
ser original.
Prendem no tempo
o espaço do outro
e o meu:
não há outra Terra a destruir:
só há futuro
solidário.
Recife, 29 de janeiro de 2017
Jean Nascimento says:
Concordo com voce…mas o que eu quero dizer mesmo…é que esse seu “arremedo” de sorriso é a coisa mais linda…
carlos roberto serra says:
Quando temos duvidas com relaçao a algumas pessoas, basta que nos coloquemos no lugar dessa ou dessas pessoas pra que consigamos entender. Minha mae teve 1 avc seguidos de outros consecutivos, ela fikou entrevada numa cama simplesmente 20 anos , sem comer ( so por sonda), sem beber, nao conseguia sequer movimentar 1 dedo, dependendo das pessoas pra tudo que vc possa imaginar. Estou contando isso pra que vcs entendam o que essa moça esta querendo dizer, realmente nao temos o direito de desejar a morte de ninguem, seja ela o que for e como for, isso que estao fazendo , nao e protesto e desumanidade, deixe as coisas na mao de Deus e procure orar pela melhora da dna Marisa, tenham fe, AVC ,nao se deve desejar ,a ninguem ,nem pra pior especie do mundo. Que Deus tenha do dessas pessoas irracionais.