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Iêmen, a guerra esquecida


Em 18 de dezembro a guerra do Iêmen voltou timidamente às manchetes de alguns meios de comunicação no mundo.
Isso, devido à visita de John Kerry à Arábia Saudita para discutir com o Rei esse conflito no Iêmen.
E digo timidamente porque como vocês devem saber, a guerra do Iêmen é uma guerra esquecida.
(Em março de 2015, uma coalizão conduzida pela Arábia Saudita lançou uma campanha militar contra o grupo armado Huthi que havia tomado a capital, Sanaa. O conflito resultou na morte de mais de 3000 civis, incluindo mais de 900 crianças.)
“Esquecida”-
Os mais de 4000 civis mortos no conflito não foram notícia para a mídia do mainstream.
Não se pode dizer que exista uma guerra boa e uma guerra má. Porém, parece que o sofrimento humano não é a medida, o critério para aparecer na grande mídia.
Vejamos alguns fatos: uma reportagem muito recente de Human Rights Watch, de 8 de dezembro de 2016, afirma que foram achados restos de armas americanas num ataque aéreo a civis no Iêmen. Este é um dado.
Vamos a outro dado: No site da Anistia Internacional aparece uma cifra muito interessante – no ano de 2015 vários países, entre eles os Estados Unidos e o Reino Unido lucraram por vendas e licenças de armas para a Arábia Saudita 25 bilhões de dólares.
Mas isso não é tudo. Nesse site também se assegura que nesse conflito foram usadas armas de fragmentação, bombas de fragmentação, que estão expressamente proibidas pelo Direito Humanitário Internacional.
Um jornalista iemenita de Sanaa disse a Democracy Now que o apoio do Obama aos sauditas nessa guerra tem a ver com o intuito de apaziguar a fúria do Rei pelo acordo nuclear com o Irã.
No entanto as críticas não vieram só de fora, mas também dos Estados Unidos. Em Connecticut o senador Chris Murphy disse que há uma pegada americana em cada vida civil perdida no Iêmen.
Mas parece que a imprensa não é a única que deu as costas para o povo iemenita nesta guerra. Recentemente se soube que Ban Ki-moon, o agora ex-Secretário Geral das Nações Unidas, havia retirado da lista negra das forças responsáveis pela morte de crianças, a coalizão liderada pela Arábia Saudita. Mais tarde o ex-Secretário Geral disse que estava preocupado com a ameaça da Arábia Saudita de retirar suas doações, ou seja, sua contribuição monetária às Nações Unidas.
Mais de setecentos dos civis mortos nessa guerra são crianças. Mas parece que nada disso é muito importante. Há 3 por cento da população necessitando de ajuda humanitária e uns 2 a 4 milhões de deslocados, é o que reporta a Anistia Internacional. Nada disso parece ser relevante.
O sofrimento humano, o tamanho do sofrimento humano não parece ser o determinante, a não ser de que lado estão os que lançam as bombas.

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