Na noite da sexta feira, dia 25 de novembro morreu em Havana, Cuba, o século XX, morreu um pedaço importante, fundamental da história da América Latina e do mundo. A cobertura da imprensa brasileira sobre a morte de Fidel Castro repete um pouco a maneira de como a imprensa brasileira vê Cuba e vê a América Latina, ou seja, com uma profunda desinformação. Não da para gente medir a dimensão da figura de Fidel Castro e da importância da Revolução querendo desconhecer que os parâmetros lá são outros, bastante outros. Cuba conhece do Brasil e do mundo muito mais que o mundo e o Brasil conhecem sobre Cuba. A Revolução que Cuba fez não é aquela que ela quis fazer e poderia ter feito, foi a que ela pôde fazer.
Pequeno país pobre grudado na boca do império norte americano. É um clichê? Pode ser um clichê, mas é também a verdade. Fidel Castro foi das figuras mais relevantes do século XX, da História. Pode ser que exista alguém da mesma estatura que ele, maior do que ele? Não. Ele errou? Errou. A Revolução cometeu erros? Muitos! Falta liberdade de opinião em Cuba? Não! O cubano opina o que quer, é uma balela, uma falácia dizer que o cubano é um povo calado, um povo silenciado, ao contrário é um povo reclamão. Falta a imprensa livre em Cuba? Falta. Falta liberdade para partidos políticos em Cuba? Falta.
O que sobra em Cuba? Algo que se chama justiça social que o Brasil e a América Latina desconhecem. Eu nunca vou esquecer que durante o período especial, logo depois do fim do bloco soviético, Cuba viveu uma longa etapa de penúria e penúria de verdade. E eu ouvi de Fidel Castro naquele tempo sombrio o seguinte: nós não fechamos uma só sala de aula, nós não fechamos nenhum só quarto de hospital, há miséria em Cuba? Absolutamente não. Há miséria no Brasil? Muitíssima. Há pobreza em Cuba? Sim. Há dignidade em Cuba? Sim! Fidel e o povo cubano souberam enfrentar furacões, ventos, marés feias. Fidel foi se embora, o exemplo dele fica, a Revolução fica. Vai sofrer mudanças? Vai. Vai mudar o essencial? Não!
jose bessa freire says:
http://www.taquiprati.com.br/cronica/1315-pelas-barbas-de-fidel
Nem o enterro das cinzas de Fidel Castro, neste domingo (4), dará trégua à guerrilha travada nas redes sociais. O facebook converteu-se numa Sierra Maestra. “Gusanos” e “castristas” disparam insultos, ofensas, xingamentos. Se palavra fosse bala, o campo de batalha da internet estaria coalhado de cadáveres. O tiroteio verbal envolvendo Cuba tem, porém, mais de cinquenta anos, como mostra o ocorrido no Rio com dois colegas vizinhos de quarto na Casa do Estudante do Brasil (CEB), um prédio de 12 andares na Esplanada do Castelo, detrás do Bob´s, onde morávamos.