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Puigdemont anuncia resultado do referendo e pede diálogo ao governo espanhol

Durante a sessão no Parlamento desta terça-feira (10), o presidente da Catalunha, Carles Puigdemont, anunciou oficialmente os resultados do referendo do dia 1º de outubro e declarou o início do processo de independência, sem detalhar quais serão os próximos passos.
“Assumo o mandato do povo para que a Catalunha se torne um Estado independente em forma de república”, afirmou. “A Catalunha ganhou o direito de ser um Estado Independente e de ser escutada e respeitada. A independência ganhou as eleições e o referendo. Debaixo de porrada, as urnas disseram “sim” à independência”.
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No discurso, Puigdemont sinalizou disposição para o diálogo, mas criticou a postura do governo central, “uma negação radical e absoluta, combinada com a perseguição às instituições catalãs”. “Não somos criminosos, nem loucos, nem golpistas”, disse.  “Se todos agirem com responsabilidade, o conflito poderá ser resolvido de maneira serena”, completou.
O anúncio de independência era uma possibilidade iminente desde que foi realizada a consulta popular sobre a separação e a formação da república catalã. A legislação aprovada pelo Parlamento da Catalunha determina que caso o sim fosse ganhasse, a independência poderia ser declarada em alguns dias.
O “Sim” venceu com 90,09% (2.020.144 votos), o “Não” teve 7,87% (176.565 votos), votos em branco foram 2,03% (45.586) e nulos foram 0,89% (20.129). No total foram registrados 2.262.424 votos entre 5,3 milhões de eleitores.
Também é esperada uma reação do governo espanhol. Desde que o referendo foi convocado, houve uma série de medidas para impedir a sua realização, como interceptação de correspondências, busca e apreensão de urnas e cédulas eleitorais, prisão de 14 políticos catalães, censura a sites separatistas, além da repressão no 1º de outubro, que deixou pelo menos 800 pessoas feridas.
“Se a independência for declarada unilateralmente, o governo não ficará sem resposta”, declarou na segunda-feira (9) a vice-presidente do governo da Espanha, Soraya Saenz de Santamaria.

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O argumento do governo central é de que a separação é ilegal porque a Constituição considera a Espanha indivisível, além de estabelecer que só o rei pode convocar um referendo, depois de ser proposto pelo chefe do governo, com autorização do Congresso.
Puigdemont chegou a pedir uma mediação para a crise, mas o governo central tem afirmado que não haverá diálogo até que os separatistas desistam da ideia.
Assista ao discurso do presidente catalão:

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  1. Avatar
    José Eduardo Garcia de Souza says:

    Esta “declaração de independência”, bem como o “referendo” que a precedeu são constitucionalmente nulos. Tudo isto não passa de manobra idiota de Puigdemont e comparsas para tentarem escapar de investigação sobre os 3% do “propinoduto” que os seus partidos instalaram na Catalunha há mais de 10 anos.

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