Citou Cristiana Lobo, Samy Dana, Giulliana Morrone e Pedro de Morais. Todos, segundo o presidente, teriam recebido mais de 200 mil reais por palestras. “É, justamente, o pessoal que mais desce o pau em mim”. Cobrou dos jornais por não publicar nada, quando a denúncia “é contra seus colegas”. Na sexta-feira, Bolsonaro havia ameaçado os jornalistas de não dar mais entrevistas a eles, caso não saísse, no dia seguinte, sua denúncia contra Merval (de que ele recebera 375 mil reais em uma palestra, paga com dinheiro público).

Merval respondeu que foram treze palestras e todas com nota fiscal e impostos descontados. Bolsonaro, com ar muito irritado, mostrou aos jornalistas a manchete principal do Globo – “Macron promete ajuda de países ricos à Amazônia” – e disse: “Quem ajuda alguém… a não ser uma pessoa pobre… sem retorno?”

Disse ainda: “Eu apanho desde 1991, será que eu não tenho nada que presta?” Bolsonaro completou que “a grande mídia quer que eu saia daqui” pra voltar os antigos e eles continuarem faturando com o dinheiro público. E profetizou: “Tenho certeza que os donos dos jornais vão tirar vocês daqui”.

À noite, o Jornal Nacional, da Rede Globo, ignorou solenemente as acusações do presidente Jair Bolsonaro. O assunto Amazônia ocupou quase 80 por cento do tempo total do telejornal.

Imagens e mais imagens da floresta em chamas foram mostradas e analisadas, mas sobre as acusações, em tom de ameaças às Organizações Globo, a direção do JN resolveu não dar a menor importância às declarações do presidente da República.

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Em 1987 o então presidente José Sarney decidiu nomear o economista Maílson da Nóbrega para o ministério da Fazenda. Antes, porém, informou Sarney, Nóbrega teria que obter o nihil obstat do verdadeiro presidente da República, Roberto Marinho, o capo das Organizações Globo.

Quem confessa a humilhação, com todos os efes e erres, em seu livro de memórias, é o próprio humilhado, Maílson:

“Depois da explanação, [Roberto Marinho] me questionou sobre tudo. Parecia me sabatinar. Depois de quase duas horas revelou: ‘Gostei muito.’ Desde então, passei a enxergar muitas semelhanças entre o empresário e William Hearst (…) que inspirou o filme Cidadão Kane, de Orson Welles, de 1941.”

O episódio patético veio à memória nos últimos dias, quando o comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas, passou a divulgar em seu twitter fotos de encontros que vem mantendo com alguns pré-candidatos a Presidente da República.

Primeiro é preciso ressaltar que os encontros com o comandante do Exército têm ocorrido às claras, divulgados pelo próprio – enquanto o de Marinho com Maílson foi realizado no breu das tocas brasilienses.

Até agora, que se saiba, já participaram dos encontros com Villas Boas, separadamente, Geraldo Alckmin, Fernando Haddad, Marina Silva e Ciro Gomes. Em todos os casos, o militar diz que tratou de temas ligados a “defesa e segurança”.

Seria importante que os pré-candidatos referidos esclarecessem em detalhes o teor das conversas.

Também é importante saber: Villas Boas receberá todos os pré-candidatos? Boulos, do PSOL, e Manuela D’Ávila, do PC do B, serão ouvidos? Que critério adota o general para selecionar os convidados: as pesquisas de opinião pública? Que pesquisas? Se sim, acima de que percentual alguém pode ser considerado apto ao convite? Os pré-candidatos serão ouvidos também por seus colegas da Marinha, almirante de esquadra Eduardo Bacellar, e da Aeronáutica, tenente-brigadeiro do ar Nivaldo Luiz Rossato?

E, last, but not least: Lula é tão pré-candidato quanto qualquer um dos citados – o Partido dos Trabalhadores já anunciou que registrará sua candidatura no dia 15 de julho.

O general pretende ir a Curitiba ouvir o candidato do PT?

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