jose dirceu – Nocaute https://nocaute.blog.br Blog do escritor e jornalista Fernando Morais Tue, 23 Jun 2020 17:39:21 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=5.5.3 https://nocaute.blog.br/wp-content/uploads/2018/06/nocaute-icone.png jose dirceu – Nocaute https://nocaute.blog.br 32 32 A falsa indignação da direita brasileira https://nocaute.blog.br/2020/06/23/a-falsa-indignacao-da-direita-brasileira/ Tue, 23 Jun 2020 17:39:16 +0000 https://nocaute.blog.br/?p=67718 Ao ignorar o movimento de um amplo arco de forças políticas e sociais que defende o impeachment de Bolsonaro, a direita brasileira, que insiste em apoiar a política econômica suicida do governo, revela seu egoísmo e falta de compromisso democrático.

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Ao ignorar o movimento de um amplo arco de forças políticas e sociais que defende o impeachment de Bolsonaro, a direita brasileira, que insiste em apoiar a política econômica suicida do governo, revela seu egoísmo e falta de compromisso democrático.

Vivemos momentos de imprevisibilidade e instabilidade agravados por uma crise humanitária e, no caso do Brasil, por uma profunda crise política institucional, social e econômica. O golpe de 2016, a Lava Jato, o governo Temer e a vitória de Bolsonaro representaram o fim do pacto constitucional de 1988. Rasgado única e exclusivamente pela oposição de direita, com apoio da mídia monopolista, conivência da Suprema Corte e sinal verde dos militares que não vacilaram em vetar o habeas corpus para Lula.

Assim, nossas elites políticas, empresariais, militares e judiciais criaram as condições para a vitória de Bolsonaro e para sua própria derrota, tudo em nome de seus interesses expressos hoje na politica econômica, se é que se pode chamar assim, de Paulo Guedes, o ultra liberalismo tardio, o desmonte do Estado Nacional e de Bem Estar Social.

O mais grave é que persistem na mesma toada, buscam saídas com Bolsonaro, com Mourão, se recusam a apoiar seu impedimento apesar do desastre humanitário à vista. Uma tragédia nacional com mais de 50 mil mortos e 1 milhão de infectados.

Mesmo neste cenário de guerra, nada faz nossas elites abandonarem seus privilégios e interesses de classe. O adversário, para elas, não é o risco de um golpe ou o desastre em todas frentes do governo Bolsonaro e sim a esquerda e sua provável ou possível volta ao governo.

Bolsonaro segue acuado, mas atacando. Perdeu as ruas e seu isolamento cresce a cada dia. Daí a pergunta que é feita por todos: por que o PSDB se opõe ao impeachment, seguido pelo silêncio do DEM e MDB? A resposta é simples. Estes partidos querem se livrar de Bolsonaro, até porque avaliam que a seguir no seu ritmo ele levará novamente a esquerda ao poder, mas não querem assumir nenhum compromisso democrático, social ou econômico.

Questão de fundo

Há uma questão democrática de fundo. O PSDB não aceitou o resultado das urnas de 2014 e, na prática, não aceita uma alternativa de governo de esquerda, seja do PT ou de outro partido. A causa desse veto é que, com um governo de esquerda, não há espaço para suas políticas neoliberais e de Estado mínimo, espoliação máxima dos trabalhadores e concentração da renda sob a batuta do capital financeiro. 

E o cenário internacional, com a gravidade da crise que se avizinha pós pandemia, também mostra-se desfavorável às políticas que sustentaram até aqui o ideário tucano.

Os acontecimentos recentes no Chile, no Equador, na Colômbia; a vitória de candidatos de esquerda no México e na Argentina; os movimentos de protesto e resistência nos Estados Unidos são sinais de alerta para os partidos brasileiros de direita. São sinais de que a roda na história não parou e de que as classes trabalhadoras não aceitarão sem luta a continuidade do capitalismo real brasileiro, um dos de maior concentração de renda, riqueza e propriedade do mundo. É o fantasma de Lula que os assombra.

Se dependesse dos militares e de Bolsonaro, a esquerda já estaria excluída da vida institucional do país. A nossa direita liberal não fica atrás: faz de conta que não há uma interdição política a Lula e uma constante criminalização do PT e tentativas de fazê-lo com a luta social, de classes.

Esse equilíbrio instável e imprevisível que vivemos será rompido via impeachment ou cassação da chapa por pressão pelas ruas assim que a pandemia permitir. Nessa hora, a questão que se colocará é quem conduzirá a ruptura e a transição e qual será o seu caráter e duração e saída – provavelmente nas eleições de 2022.

Correlação de forças

Hoje, a correlação de forças não favorece as esquerdas, seus partidos políticos e movimentos sociais, com o MST à frente pelo maior poder de mobilização e apoio. Vamos lembrar sempre que Haddad obteve no primeiro turno de 18,32 milhões de votos, que as classes médias, sejam progressistas ou conservadoras, sairão às ruas depois da pandemia e que os setores mais explorados dos trabalhadores se mobilizam e já estão nas ruas. Poder de fogo que não coloca as esquerdas na liderança, mas é o suficiente para explicar o jogo de cena e de sombras ensaiado pela oposição de direita, o apoio explícito do centrão ao governo e as decisões constitucionais e de direito da Suprema Corte, que buscam colocar limites a Bolsonaro, como se isso fosse possível, de preferência chegar até 2022 com ele enquadrado.

Há uma variante, para além da alternativa de esquerda, que perturba os sonos e sonhos de nossas elites — o fantasma de Geisel, o Pro Brasil, o papel do Estado. É bem verdade que todos os indícios são de que os militares aderiram ao ultra liberalismo tardio, mas, por sobrevivência política e pragmatismo, podem optar por uma outra política econômica. 

As esquerdas vivem seus dilemas. PDT, PSB, REDE, PV e Cidadania optaram por uma aliança de centro-esquerda. Foram os primeiros a pedir o impeachment e, nitidamente, se afastam do PT, apesar da ação conjunta na Câmara e no Senado e entre as fundações partidárias e da luta comum pelo impedimento do presidente com o PT, PC do B, que está mais próximo deles, PSOL, PSTU, PCO e PCB.

Para o PT, o Fora Bolsonaro e o impeachment são o centro da luta. Mas a ausência das ruas e das mobilizações e o inaceitável impediento de Lula, com seus direitos políticos suspensos por uma condenação que deve e precisa ser anulada, coloca o PT, junto com toda esquerda, na defensiva. Isso abre espaço para que a direita liberal, com apoio da mídia e de seu peso institucional e econômico, busque saídas de compromisso com os militares e Bolsonaro.

O aprofundamento da crise sanitária, fruto da política genocida do governo e seus aliados; o crescente isolamento do Brasil no mundo com reflexos imediatos no comércio exterior e nos investimentos; a insuportável incompetência e ineficiência em todas frentes, sanitária, ambiental, educacional, cientifica, cultural, agravada pelos gravíssimas denúncias contra os filhos e a família de Bolsonaro; e as investigações e inquéritos sobre os crimes cometidos pelo presidente na campanha de 2018 e no governo compõem o cenário dramático que envolve o presidente da República. E, tudo indica, o obrigará a um acordo o que não condiz com a natureza e os objetivos autoritários de seu governo.

Em que país vive a elite?

A direita brasileira parece viver em outro pais, o que revela seu egoísmo e sua falsa indignação com Bolsonaro. Insiste com a imediata retomada da austeridade, das privatizações, das chamadas reformas, da manutenção do teto de gastos, regra de ouro, já fala em superávits em 2021 e 2022.

Para as classes trabalhadoras propõe mais sacrifícios e mais privações de seus direitos e espera que não aconteça nada. Ledo engano, haverá luta e grandes batalhas.

Sem compromisso democrático e sem nenhum aceno de mudanças na política econômica suicida, o que esperar? Nada além de um acordão que exclui uma saída democrática como foi a campanha das Diretas Já, onde havia um compromisso que desaguou na Constituinte de 1988. Um acordão que ignora a classe trabalhadora e o povo pobre do nosso país, que solapa seus direitos trabalhistas, sociais e de cidadania.

A oposição a Bolsonaro no país é ampla geral e irrestrita. Basta ver os manifestos, o apoio das entidades ao STF e em defesa da democracia. A oposição já está nas ruas e forma um amplo arco de forças sociais e políticas. Quem não ouve o país e essa maioria é a oposição de direita que se recusa a evitar o pior e abraçar já o impeachment.

Essa é a única escolha que nos impõe nossa consciência moral e responsabilidade política, custe o que custar. Com todos riscos, devemos lutar sem tréguas pelo fim do governo Bolsonaro.

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Manifestações darão o ritmo da luta pelo impeachment https://nocaute.blog.br/2020/06/08/manifestacoes-darao-o-ritmo-da-luta-pelo-impeachment/ Mon, 08 Jun 2020 18:17:40 +0000 https://nocaute.blog.br/?p=66881 Só a presença do povo trabalhador e da juventude pode mudar o caráter da luta contra Bolsonaro e levar a agenda democrática às suas últimas consequências: reformas estruturais que distribuam a renda, a riqueza e a propriedade hoje concentradas em 1% ou, no máximo, em 10%, principal causa da pobreza, miséria e desigualdade.

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Só a presença do povo trabalhador e da juventude pode mudar o caráter da luta contra Bolsonaro e levar a agenda democrática às suas últimas consequências: reformas estruturais que distribuam a renda, a riqueza e a propriedade hoje concentradas em 1% ou, no máximo, em 10%, principal causa da pobreza, miséria e desigualdade.

A realidade se impõe. O governo é militar e Bolsonaro, um instrumento. Seu isolamento é cada vez maior, sua ofensiva autoritária e golpista contra a Suprema Corte e sua criminosa política de desmonte do isolamento social e solapamento da ação dos governadores e prefeitos mobilizam cada vez mais e mais setores da sociedade contra seu governo, em defesa do impeachment e do estado democrático de direito.

Várias iniciativas surgiram. As mais relevantes foram os manifestos que, em comum, colocam foco na importância da questão democrática. Aos lançados na semana anterior somou-se, neste final de semana, de igual importância e peso, senão mais relevante, o documento assinado por todas as centrais sindicais, de diferentes correntes políticas, em defesa de proteção aos trabalhadores na luta contra a pandemia e pela união de todas as instituições, partidos, entidades contra o governo discricionário e pela defesa da democracia.

Mas foram e serão as manifestações nas ruas, nas janelas e nas redes que darão o ritmo e a direção da luta pelo impeachment e pela defesa da democracia. As manifestações de rua de domingo, em todo país – realizadas com todas as cautelas por causa da pandemia e para evitar as provocações dos fascistas – trouxeram uma forte rajada de esperança, mostrando que a juventude é a vanguarda da luta. Uma luta que não se limita à defesa da democracia. Ela é contra a violência policial, o racismo e tudo o que esse governo fascista, como gritam os jovens, representa. 

Vozes da rua

O que ouvimos nas ruas foram as vozes da juventude, das periferias, das torcidas organizadas, dos negros, dos sem teto, dos sem emprego, dos que tem sede de justiça, dos trabalhadores super explorados dos aplicativos – condição de trabalho que devia ser proibida, como foram no passado as 14 ,16 horas de trabalho e o trabalho infantil. Em várias capitais, também se ouviu a voz das classes médias que, das janelas, bateram panelas em apoio ao Fora Bolsonaro! 

As faixas das torcidas de times adversários unidos e juntos na luta contra o fascismo – em várias cidades – são o símbolo e a síntese deste momento em que a sociedade começa a sair da letargia e a reagir. Momento que pode ser resumido por duas palavras: unidade e luta contra Bolsonaro e pela democracia. Esta é a batalha deste momento. Isto não quer dizer abrir mão de nossas identidades, histórias e interesses. Ao contrário, nós, das esquerdas, temos que mobilizar nossas forças para a segunda batalha, a das reformas sociais e políticas.

Transições e rupturas dependem de muitos fatores e atores. Nas Diretas Já! havia mobilização e acúmulo suficiente para derrubar a ditadura nas ruas. As direções dos partidos de oposição optaram pela transição via Colégio Eleitoral após a derrota da emenda Dante de Oliveira, apesar da posição contrária do PT, de setores autênticos do PMDB e de outros atores sociais. Tancredo foi eleito e Sarney tomou posse.

A interrupção da ascensão das classes trabalhadoras e de seus interesses e representações políticas não deteve a luta e, em 2002, Lula chegou ao governo. O governo Collor, seu impeachment e os governos liberais do PSDB viram crescer a presença das classes trabalhadoras na vida social e política do país. Ela tinha se transformado em um novo e decisivo protagonista que soube nas urnas eleger seus governos.

Ultraliberalismo e conservadorismo

Hoje vivemos o nascimento de uma nova fase de lutas sociais e políticas na qual as formas de luta são moldadas, em grande medida, por uma economia ultraneoliberal onde o capital financeiro predomina e traz consigo a desconstituição dos direitos sociais das classes trabalhadoras.

Junto com o neoliberalismo e a globalização – e até para que pudessem avançar no ritmo que avançaram –, desenvolveram-se as tecnologias da comunicação e informação, a internet, as redes sociais. É este pano de fundo que criou o caldo de cultura para a ascensão de um governo de extrema direita, obscurantista e autoritário onde o estamento militar é hegemônico e governa a serviço da elite financeira e seus sócios menores com o objetivo de destruir o Estado nacional e impedir de novo uma vitória das esquerdas.

O caráter conservador e negacionista da ciência do grupo político no poder no Brasil atraiu as religiões neopentecostais e encontrou eco em parte da sociedade. Mas empurrou para a oposição a juventude, as mulheres e as classes médias cosmopolitas. O caráter ditatorial do governo está permitindo ampliar o leque da oposição com setores que apoiaram o golpe contra Dilma, embora ainda sustentem a política econômica ultraliberal de Guedes – até pelo temor das esquerdas e sua agenda de reformas. Muitos dos que hoje clamam por frente democrática se recusaram a apoiar Haddad em 2018.

Assim, só a presença do povo trabalhador e da juventude pode mudar o caráter da luta contra Bolsonaro e levar a agenda democrática às suas últimas consequências: reformas estruturais em nossa sociedade que distribuam o produto do trabalho de todos brasileiros, a renda, a riqueza e a propriedade hoje concentradas em 1% ou, no máximo, em 10%, principal causa da pobreza, miséria e desigualdade.

Para termos um país democrático não basta garantir a pluralidade e diversidade. A democracia em nossa sociedade exige a igualdade e a justiça social.

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Agora é a hora do TSE analisar o pedido de cassação da chapa Bolsonaro-Mourão. https://nocaute.blog.br/2020/04/24/agora-e-a-hora-do-tse-analisar-o-pedido-de-cassacao-da-chapa-bolsonaro-mourao/ Fri, 24 Apr 2020 22:48:59 +0000 https://nocaute.blog.br/?p=64526 Em vídeo exclusivo para o Nocaute, o ex-ministro José Dirceu comenta a demissão de Sergio Moro e lembra que, com o apoio do ex-juiz, Bolsonaro governou todos esses meses de forma antidemocrática. Agora, Moro renuncia, acusa e dá motivos para o impeachment de Bolsonaro.

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Em vídeo exclusivo para o Nocaute, o ex-ministro José Dirceu comenta a demissão de Sergio Moro e lembra que, com o apoio do ex-juiz, Bolsonaro governou todos esses meses de forma antidemocrática. Agora, Moro renuncia, acusa e dá motivos para o impeachment de Bolsonaro. 

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