ditadura militar – Nocaute https://controle.nocaute.blog.br Blog do escritor e jornalista Fernando Morais Thu, 07 May 2020 23:00:29 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=5.4.2 https://nocaute.blog.br/wp-content/uploads/2018/06/nocaute-icone.png ditadura militar – Nocaute https://controle.nocaute.blog.br 32 32 Regina Duarte perde a cabeça e dá chilique ao vivo na CNN https://nocaute.blog.br/2020/05/07/regina-duarte-perde-a-cabeca-e-da-chilique-ao-vivo-na-cnn/ Thu, 07 May 2020 23:00:00 +0000 https://nocaute.blog.br/?p=65243 A secretária Especial da Cultura, Regina Duarte, que tomou posse há dois meses, finalmente apareceu para dar uma entrevista. Foi na CNN Brasil, ao vivo, na tarde desta quinta-feira (7) que ela foi se enfurecendo com as perguntas e chegou ao ápice da irritação, quando a jornalista Daniela Lima exibiu um vídeo da atriz Maitê Proença cobrando ação da secretária.

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A secretária Especial da Cultura, Regina Duarte, que tomou posse há dois meses, finalmente apareceu para dar uma entrevista. Foi na CNN Brasil, ao vivo, na tarde desta quinta-feira (7) que ela foi se enfurecendo com as perguntas e chegou ao ápice da irritação, quando a jornalista Daniela Lima exibiu um vídeo da atriz Maitê Proença cobrando ação da secretária.

A tela dividida mostrava uma Regina totalmente descontrolada, gesticulando. Quando Maitê acabou seu desabafo, Regina começou a esbravejar e disse: “Pra que exibir um vídeo de dois meses atrás? Isso leva a que?”.

Outro entrevistador, Reinaldo Gottino, retrucou afirmando que o vídeo era de hoje, a secretária fingiu não ouvir e voltou a esbravejar: “Vocês estão desenterrando mortos, carregando uma cruz, sejam leves”.

Daniela não deixou por menos: “Secretária, nós não estamos desenterrando mortos, nós estamos enterrando mortos”.

Além do chilique, Regina ironizou quando o jornalista Daniel Adjuto tocou no assunto ditadura. A secretária deu uma gargalhada e cantou: “De repente é aquela corrente pra frente…” E concluiu: “A gente cantava, quem não gostava de cantar isso?”

A entrevista acabou bruscamente com a ex-atriz resmungando: “Mas não estava combinado…” Aguardemos as cenas do próximo capítulo. Veja o vídeo:

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Os tempos de horror vão passar e o jornalismo vai continuar https://nocaute.blog.br/2020/05/05/os-tempos-de-horror-vao-passar-e-o-jornalismo-vai-continuar/ Tue, 05 May 2020 22:05:21 +0000 https://nocaute.blog.br/?p=65127 Eric Nepomuceno fala sobre a manifestação da extrema-direita, no último domingo (3), onde jornalistas foram agredidos por bolsonaristas. E relembra como o jornalismo, apesar da censura, foi uma arma essencial para o fim da ditadura militar e a retomada da democracia.

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Eric Nepomuceno fala sobre a manifestação da extrema-direita, no último domingo (3), onde jornalistas foram agredidos por bolsonaristas. E relembra como o jornalismo, apesar da censura, foi uma arma essencial para o fim da ditadura militar e a retomada da democracia.

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A hora é agora: impeachment já! Ou o golpe virá. https://nocaute.blog.br/2020/04/20/a-hora-e-agora-impeachment-ja-ou-o-golpe-vira/ Mon, 20 Apr 2020 13:59:08 +0000 https://nocaute.blog.br/?p=64167 Jair Bolsonaro passou de todo os limites - cruzou a linha da legalidade ao participar de ato político pregando a volta do AI-5 da ditadura. Ele cometeu aberta e conscientemente crime de responsabilidade. Se não for detido, caminhará para o golpe.

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Jair Bolsonaro passou de todo os limites –  cruzou a linha da legalidade ao participar de ato político pregando a volta do AI-5 da ditadura. Ele cometeu aberta e conscientemente crime de responsabilidade. Se não for detido, caminhará para o golpe.

Com quem e como formar uma nova maioria no país para derrotar o governo genocida de Bolsonaro e as forças que o apoiam é a esfinge que temos que enfrentar com urgência. Com que instrumentos travar esta batalha, paralelamente à luta contra a pandemia do coronavírus que ameaça a vida dos brasileiros em especial do povo trabalhador e dos pobres e já fez centenas de mortos em nosso país?

A primeira pergunta é quem quer derrotar Bolsonaro? Além das esquerdas, derrotadas nas eleições presidenciais viciadas de 2018 — com o impedimento a Lula de ser candidato e o turbinamento de fake news impulsionadas pelo capital empresarial —, a oposição a Bolsonaro é engrossada, hoje, pela direita liberal, que apoiou o capitão e o projeto econômico ultra-liberal de seu ministro da economia, mas distanciou-se dele frente ao seu autoritarismo, seus ataques à democracia e às instituições, seu fundamentalismo e obscurantismo.

A segunda pergunta é derrotar Bolsonaro para que? Para restabelecer a democracia e garantir o funcionamento das instituições que a sustentam e tirar o país da crise e da regressão social e cultural que enfrenta. Ou também para alterar o modelo econômico neoliberal que dilapida as riquezas do país, põe no chão sua soberania, tira o sangue dos trabalhadores e só faz concentrar a renda na mão dos mais ricos?

A terceira pergunta é se as esquerdas teriam que se conformar em apenas assegurar a democracia para por fim ao obscurantismo participando de uma coalizão para salvar o país com a direita liberal, as entidades democráticas da sociedade civil e de trabalhadores, de estudantes, de movimentos sociais e comunitários? Ou têm a obrigação e o direito de exigir o restabelecimento dos direitos políticos de Lula e a ampliação do estado de bem estar social para o povo e da soberania nacional, esta expressa em um projeto de desenvolvimento nacional? Como compatibilizar estas demandas com a coalização com a direita liberal que quer Bolsonaro fora do poder mas apoia o projeto ultra-liberal de Guedes e do rentismo do capital financeiro?

Coalizão nacional contra Bolsonaro

Tenho claro que é papel das esquerdas participar da coalização nacional pela defesa da democracia e derrota do obscurantismo, pelo Fora Bolsonaro gritado pelas janelas no país e nas redes contra sua política genocida contra o isolamento social que só agrava o ritmo da contaminação pelo coronavírus, conta que já está sendo paga pelo povo pobre do país — em São Paulo, cidade mais rica do país e epicentro da pandemia no Brasil as mortes e os casos de contaminação já se concentram nas periferias lideradas pelas mulheres na faixa de 30 a 39 anos.

Mas como sabemos historicamente que a direita liberal brasileira quer mudar para nada mudar, recusa-se a uma reforma social e política, persiste numa transição por cima e acordada com os militares e o capital econômico e financeiro, as esquerdas precisam participar da coalização nacional contra Bolsonaro apoiadas em um programa de governo para fazer frente à crise nacional e à pandemia. Programa este que tem ter como prioridade a saúde pública e a renda dos trabalhadores e a reorganização da economia via reformas estruturais como a bancária-financeira e a tributária para enfrentar a recessão mundial agora agravada pela pandemia.

Esta também não será uma tarefa fácil pois as esquerdas seguem divididas. Haverá nas esquerdas uma direção capaz de liderar sua unidade e construir uma alternativa a Bolsonaro e à direita liberal em meio à luta de classes e social, no olho do furacão da crise institucional e de uma crise humanitária, preservando a defesa da saúde e da vida do nosso povo?

O papel do PT

Cabe ao PT, como força ainda majoritária nas oposições, e ao ex-presidente Lula a liderança dessa luta. As decisões não são fáceis, pois, em sua última reunião, o Diretório Nacional do partido optou por não aprovar o Fora Bolsonaro para concentrar as energias na luta contra a pandemia e na defesa de condições de sobrevivência para os trabalhadores e pequenas e médias empresas, de preservação dos empregos e de apoio e solidariedade ao povo pobre. E no documento firmado por Fernando Haddad, Ciro Gomes, Boulos e Dino, também assinado pela presidente do PT, pedindo a renúncia de Bolsonaro, o impeachment sequer foi proposto.

As esquerdas têm que se decidir se pretendem acumular forças em que direção: visando as eleições presidenciais de 2022, priorizando neste momento a luta contra a pandemia, ou o afastamento de curto prazo de Bolsonaro.

Partidos como o PCdoB já se decidiram pela defesa de uma coalizão nacional para afastar o presidente da República, pelo risco que representa à democracia e à vida dos brasileiros com sua defesa intransigente do fim do isolamento social e da volta ao trabalho, como se isso fosse reativar a economia.

Não podemos desprezar que Bolsonaro, apesar da perda de apoio entre os partidos de centro-direita, na sociedade civil e mesmo entre grandes empresários, ainda conta com forte base social, fundamentalista e politizada. Além das minorias agrupadas em torno de milícias, baixas patentes das Forças Armadas e um contigente expressivo das Polícias Militares. Não há vazio de poder no Brasil. Há um poder que se divide, se fraciona, perde legitimidade, mas ainda tem o respaldo das Forças Armadas expresso pelos generais-ministros instalados no Planalto e pelo grande número de militares lotados em órgãos de governo. A forte presença militar na disputa política e no exercício do poder no Brasil de Bolsonaro, o que é uma violação flagrante da Constituição e do Estado de Direito, coloca para as esquerdas a gravidade e o risco de uma ruptura institucional ou simplesmente de uma tutela militar aberta.

Mas, também, temos que considerar que a correlação de forças, hoje ainda favorável a Bolsonaro, pode se alterar. Ele perde legitimidade junto a parcela expressiva da população pelo seu comportamento frente à pandemia, junto ao Congresso, ao STF, a governadores que antes o apoiavam, tem o repúdio das entidades da sociedade civil e a oposição de parte da mídia comercial conservadora.

A hora é agora

Agora, Bolsonaro demite seu ministro da Saúde contra tudo e todos, ataca frontalmente o presidente da Câmara dos Deputados, os governadores de Sào Paulo, Rio e Goiás os acusando de conspirar contra seu mandato. Passa de todos limites e cruza a linha da legalidade ao participar de ato politico pregando a volta do AI-5 da ditadura. Bolsonaro comete abertamente e conscientemente crime de responsabilidade. Testa mais do que a oposição as instituições; se não for detido, caminhará para o golpe.

Já estava evidente que enfrentaria Maia e os governadores, um caminho sem volta, onde não podia ser derrotado. Vai além e afronta a Constituição de 1988, já deslegitimada pelo golpe contra Dilma e desmonte promovido pelas reformas ultra-liberais. Bolsonaro se adianta e ele mesmo coloca na ordem do dia a questão do poder via uma ditadura. Independente de nossa vontade, o país caminha para uma ruptura democrática por meio de um golpe do presidente ou da submissão das instituições à sua vontade.

Para as esquerdas não há outro caminho. É preciso propor o impedimento de Bolsonaro e lutar por ele. Não se trata só de uma ameaça à democracia, mas do inicio de um golpe de estado, que precisa e pode ser derrotado. Esta é a hora. O país precisa de eleições gerais e de uma nova Constituição que deve vir pela soberania popular.

Nossa tarefa é lutar e dar à transição de governo ou à ruptura, se vier a acontecer, uma direção popular e democrática que restaure não apenas o pacto político democrático rasgado pelo golpe de 2016, mas conduza a uma revolução social que o Brasil reclama e a pandemia expôs a olho nú: o abismo que separa a maioria do povo de suas elites. Somos um país rico e desenvolvido com uma desigualdade econômica e social vergonhosa e uma concentração de renda e riqueza escandalosa. O bem estar do povo trabalhador e a soberania do Brasil são nossas estrelas guias neste apagão civilizatório da humanidade que fez emergir a necessidade da retomada da revolução inacabada brasileira. Retomando o fio da nossa história e a herança que recebemos das lutas democráticas e socialistas da classe trabalhadora, do sacrifício de gerações de lutadores sociais que deram a vida em defesa da democracia e do povo brasileiro.

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Será que Bolsonaro está certo? https://nocaute.blog.br/2020/01/28/sera-que-bolsonaro-esta-certo/ Tue, 28 Jan 2020 21:11:20 +0000 https://nocaute.blog.br/?p=59785 Em sua coluna, o jornalista e escritor Eric Nepomuceno comenta as diferenças entre o Brasil de hoje e o Brasil dos anos de chumbo. Para o autor, enquanto nos distraímos com as bizarrices do governo, o país segue sendo destruído e o povo, passivamente, assiste o desmonte.

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Em sua coluna, o jornalista e escritor Eric Nepomuceno comenta as diferenças entre o Brasil de hoje e o Brasil dos anos de chumbo. Para o autor, enquanto nos distraímos com as bizarrices do governo, o país segue sendo destruído e o povo, passivamente, assiste o desmonte. A geração que viveu a ditadura, combateu com as armas que tinham a mão. A luta se dava por meio da palavra escrita, da palavra cantada, da palavra encenada. E não é isso que vem acontecendo. Por quê? Será que o Bolsonaro está certo?

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Chile: Advogado que nega ditadura é convidado a se retirar de programa de TV https://nocaute.blog.br/2019/12/03/chile-advogado-que-nega-ditadura-e-convidado-a-se-retirar-de-programa-de-tv/ Tue, 03 Dec 2019 21:06:09 +0000 https://nocaute.blog.br/?p=57855 Enquanto no Brasil, Jair Bolsonaro homenageia em rede nacional o maior torturador que o Brasil já teve, onde seu filho fala em volta do AI-5, no Chile, a história é outra. A apresentadora do programa Bem-Vindos 13, Tonka Tomicic, simplesmente convidou Hermógenes Pérez de Arce, um advogado que sempre esteve ligado ao ditador Augusto Pinochet, a retirar-se do programa de debates que ela apresenta.

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Enquanto no Brasil, Jair Bolsonaro homenageia em rede nacional o maior torturador que o Brasil já teve, onde seu filho fala em volta do AI-5, no Chile, a história é outra. A apresentadora do programa Bem-Vindos 13, Tonka Tomicic, simplesmente convidou Hermógenes Pérez de Arce, um advogado que sempre esteve ligado ao ditador Augusto Pinochet, a retirar-se do programa de debates que ela apresenta.

Enquanto Arce argumentava que não houve tortura durante a ditadura de Pinochet, que durou 17 anos, a apresentadora disse: “Não se pode compartilhar o espaço televisivo com uma pessoa que está negando parte da história do Chile”.

Arce levantou-se e foi embora, para alívio de todos no estúdio. Cerca de 40 mil pessoas foram torturadas durante a ditadura militar, que durou de 1973 e 1990.

Assista:

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Raul Seixas entregou Paulo Coelho? O autor da biografia do roqueiro fala ao Nocaute https://nocaute.blog.br/2019/10/29/raul-seixas-entregou-paulo-coelho-o-autor-da-biografia-do-roqueiro-fala-ao-nocaute/ Tue, 29 Oct 2019 15:34:34 +0000 https://nocaute.blog.br/?p=56357 Jotabê Medeiros, autor do livro “Não diga que a canção está perdida”, que será lançado em novembro, conta em entrevista exclusiva a Alberto Villas, aqui no Nocaute, os bastidores e alguns segredos da vida de Raul Seixas e fala da polêmica em torno de um documento que pressupõe que Raul teria dedurado Paulo Coelho à ditadura militar.

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Jotabê Medeiros, autor do livro “Não diga que a canção está perdida”, que será lançado em novembro, conta em entrevista exclusiva a Alberto Villas, aqui no Nocaute, os bastidores e alguns segredos da vida de Raul Seixas e fala da polêmica em torno de um documento que pressupõe que Raul teria dedurado Paulo Coelho à ditadura militar.

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Livro não prova que Raul Seixas tenha delatado Paulo Coelho à ditadura https://nocaute.blog.br/2019/10/24/livro-nao-prova-que-raul-seixas-%e2%80%a8tenha-delatado-paulo-coelho-a-ditadura/ Thu, 24 Oct 2019 14:33:00 +0000 https://nocaute.blog.br/?p=56166 Mal foi lançado e já está provocando polêmica o livro “Não diga que a canção está perdida”, biografia de Raul Seixas escrita pelo jornalista Jotabê Medeiros. Um documento descoberto pelo autor nos arquivos do Exército levantou a suspeita de que a prisão de Paulo Coelho, em maio de 1974, teria sido decorrência de informações passadas por Raul ao DOI-Codi. O documento é importante, mas não prova isso.

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Mal foi lançado e já está provocando polêmica o livro “Não diga que a canção está perdida”, biografia de Raul Seixas escrita pelo jornalista Jotabê Medeiros. Um documento descoberto pelo autor nos arquivos do Exército levantou a suspeita de que a prisão de Paulo Coelho, em maio de 1974, teria sido decorrência de informações passadas por Raul ao DOI-Codi. O documento é importante, mas não prova isso.

Tenho sido procurado por jornalistas para opinar sobre o trecho do livro “Não diga que a canção está perdida” de autoria de Jotabê Medeiros, biografia de Raul Seixas, que trata da prisão em 1974 de Paulo Coelho e Adalgisa Rios, sua namorada, por agentes da ditadura militar.

O documento, obtido por Jotabê Medeiros, é autêntico e eu o teria publicado, se fosse o autor do livro. 

O documento, porém, não revela que Raul fez depoimento no dia 22 de abril (veja ilustração). Não é possível saber, sequer, se ele estava presente quando esse documento foi produzido. Observe-se que em nenhum momento aparece “declarou”, “revelou”, “informou”. Não se tratava de um interrogatório ou uma tomada de depoimento. O papel não é assinado por Raul. O único informante que aparece no documento do CIEx é um certo “Douglas Alberto Rilke-Jones (Geraldo)”, que, preso pelo DOI-Codi, teria citado o nome de Gisa, namorada do Paulo e suspeita, segundo a polícia, de ser militante do PC do B. O que o documento determina é que, “por intermédio do referido cantor [Raul]” se tente “localizar e prender” Paulo e Adalgisa. 

Chama a atenção que o todo-poderoso DOI-Codi tenha levado mais de um mês para prender Paulo e Gisa, que embora acusados de militância em organizações armadas (informação falsa), viviam normalmente, não estavam clandestinos, trabalhavam, moravam, dormiam e acordavam em endereços certos e sabidos. 

Para escrever o livro “O Mago”, convivi cerca de quatro anos com Paulo Coelho. Em nenhum momento ele levantou ou insinuou alguma suspeita sobre Raul. Nunca. Nem com o gravador ligado nem sob sigilo.

Até que surja alguma nova informação, o que esse documento prova é que no dia 22 de abril de 1974 o trio Raul-Paulo-Gisa entrou no radar do CIEx/DOI-Codi. 

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Sempre pode, mesmo quando não pode. https://nocaute.blog.br/2019/09/16/sempre-pode-mesmo-quando-nao-pode/ Mon, 16 Sep 2019 22:23:53 +0000 https://nocaute.blog.br/?p=54379 Muita gente se pergunta, me pergunta – e às vezes eu mesmo me pergunto: que fazer para reagir à treva que assombra o Brasil? Fuçando meus baús digitais encontrei, nessa capa de processo, o que talvez seja uma das respostas. Mesmo coberto pelo bolor do tempo, o documento deixa surgir uma luz: que fazer?

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Muita gente se pergunta, me pergunta – e às vezes eu mesmo me pergunto: que fazer para reagir à treva que assombra o Brasil? Fuçando meus baús digitais encontrei, nessa capa de processo, o que talvez seja uma das respostas. Mesmo coberto pelo bolor do tempo, o documento deixa surgir uma luz: que fazer?
O processo contra o General de Exército João Batista Figueiredo

É preciso fazer tudo o que tire o sossego, estorve os planos e infernize a vida do opressor. Tudo. A chacun son boche, pregava a Resistência Francesa contra a ocupação nazista. 

Foram essas reflexões, acho, que me estimularam a ousadia de processar judicialmente a Ditadura Militar, em 1981. Sempre se poderá dizer que a ditadura já estava meio banguela, só iria durar mais alguns anos e que eu estava chutando cachorro morto. Mas o regime militar ainda tinha e exercia seu poder: recebia e pagava, nomeava e demitia, prendia e soltava (mais prendia que soltava, claro).

Foi assim que, ao saber que o general Figueiredo decidira espetar duas usinas atômicas em Iguape e Peruíbe, no litoral sul de São Paulo, resolvi, num gesto quixotesco, típico de quem tem trinta anos, peitar Sua Excelência. 

É importante ressaltar que não era um processo contra o governo, nem contra o ministro das Minas e Energia, César Cals, mas contra a pessoa do General de Exército João Batista Figueiredo, presidente da República e, em última instância, o responsável pela decisão de envenenar o coração do protegido santuário ecológico paulista.

Como se tratava de enfrentar um cachorro grande, consegui atrair um arsenal acadêmico do tamanho da briga. Como a causa era boa, não foi difícil seduzir para se associarem à minha Ação Popular (era esse o nome técnico do processo que eu movia) ninguém menos que os físicos Mário Schemberg e Luiz Carlos de Menezes, o geógrafo Aziz Ab’Sáber, o economista Raul Ximenes Galvão, o sociólogo Ricardo Abramovay e a ecologista Ecléa Bosi. Eram meus santos guerreiros na luta contra o Dragão da Maldade. Todos professores (alguns cassados) da Universidade de São Paulo.

A luta contra o Dragão da Maldade

Transformar essa cordilheira de argumentos técnicos em uma peça judicial ficou a cargo do advogado Iberê Bandeira de Mello (que, como os demais, trabalhou pro bono, a leite de pato). Experiente algoz da ditadura em tribunais de vários estados, generoso defensor de presos políticos, foi o próprio Iberê quem me advertiu: as chances da ação prosperar eram iguais a zero. 

Que juiz federal, perguntava ele, teria coragem de mandar sentar no banco dos réus o presidente da República de uma ditadura?

A resposta tinha nome, sobrenome e endereço: a juíza Jacy Garcia Vieira, titular da 4ª Vara da Justiça Federal de São Paulo. Movida por rara coragem nas trevas de então, a Meritíssima – a quem nunca tive o privilégio de conhecer – não apenas acatou minha Ação Popular como, incontinenti, mandou citar o presidente da República, a partir de então convertido em réu.

Vale a pena lembrar uma passagem anedótica ocorrida em meio a esse processo. Quando o Oficial de Justiça levou a citação ao Palácio do Planalto, um burocrata do gabinete presidencial informou que o recibo seria assinado pelo ministro-chefe da Casa Civil, general Golbery do Couto e Silva, responsável funcional por essas minudências. O meirinho retrucou, respeitosamente, que o objeto da ação não era o general Golbery, o Estado ou o Governo, mas a pessoa do presidente da República, a quem cabia, portanto, assinar o recibo da intimação. O que, muito a contragosto, Figueiredo foi obrigado a fazer.

Alguém aí viu duas usinas nucleares funcionando em Iguape e Peruíbe? Não, ninguém viu. Pela singela razão de que eu ganhei a Ação Popular e a ditadura desistiu de instalar os dois mondrongos letais no santuário ecológico do litoral sul de São Paulo.

Volto ao começo da conversa: que fazer para reagir à selvageria bolsonarista que nos aterroriza? Tudo o que cada um puder fazer, mesmo que seja proibido. Ou sobretudo se for proibido. A chacun, portanto, son boche.

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Uma vítima do regime militar revisitada https://nocaute.blog.br/2019/08/19/uma-vitima-do-regime-militar-revisitada/ Mon, 19 Aug 2019 17:01:19 +0000 https://nocaute.blog.br/?p=52851 "Ocupação Vladimir Herzog", uma exposição organizada pelo Itaú Cultural de São Paulo, em parceria com o Instituto Vladimir Herzog, mostra vários aspectos, muitos desconhecidos, da vida daquele que foi um grande jornalista brasileiro e que morreu nas mãos dos militares.

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“Ocupação Vladimir Herzog”, uma exposição organizada pelo Itaú Cultural de São Paulo, em parceria com o Instituto Vladimir Herzog, mostra vários aspectos, muitos desconhecidos, da vida daquele que foi um grande jornalista brasileiro e que morreu nas mãos dos militares.
Vlado cobrindo a inauguração de Brasília, em 1960

O que chama atenção ao entrar na sala da “ocupação” é o grande número de jovens. Jovens de vinte e poucos anos, que nem nascidos eram quando Vlado, como era conhecido, estava sendo torturado até a morte nos porões do Centro de Operações de Defesa Interna, o temível DOI-Codi, em São Paulo, naquele 25 de outubro de 1975. Gente interessada na História.

As grandes reportagens saíram daqui

Os jovens leem com interesse, os fac-símiles das páginas do jornal O Estado de S. Paulo com reportagens assinadas, ora por Vladimir Herzog, ora por Vlado Herzog, como era conhecido pelos amigos. Os jovens param para ouvir depoimentos sobre o jornalista, observam cada fotografia de um álbum de família que pode ser manuseado, ou as fotografias expostas nas paredes, fotos feitas pelo jornalista com sua Pentax, que vão de paisagens, cenas do cotidiano de sua família, personagens de suas matérias ou até mesmo um pássaro colorido que ele resolveu clicar um dia.

O repórter em ação

Os jovens param para ver as cenas de um curta produzido pelo jornalista que sonhava em ser cineasta. O filme “Marabás”, realizado em 1960, foi o seu trabalho de conclusão de um curso de cinema que fez. Quando morreu, além de ocupar o cargo de Diretor de Jornalismo da TV Cultura, trabalhava no projeto de um filme sobre a Guerra de Canudos.

Cartas, cartazes, documentos, revistas, aquela nota de 1 cruzeiro carimbada perguntando “Quem matou Herzog?”, a exposição é uma reunião de fragmentos da vida de um jornalista brilhante, daqueles que pegavam um gravador e saiam pelos confins do Brasil recolhendo histórias do seu povo. Aliás, o velho gravador com capa de couro e sua máquina Olympia, estão lá em exibição, pra gente refletir.

As notas de 1 cruzeiro se espalharam pelo Brasil

O movimento maior está em torno de dois documentos expostos, um ao lado do outro. O primeiro, o atestado emitido pela ditadura militar, afirmando que Herzog suicidou-se em sua cela, e outro, feito muitos anos depois – e oficial – afirmando que foi assassinado pelos militares.

O atestado de óbito

Em entrevista ao jornal O Estado de S.Paulo, o filho de Vlado, Ivo Herzog, que tinha nove anos quando o pai morreu, disse que surpreendeu-se ao ver o material exposto: “A maioria, eu não conhecia”, disse ele.

O mural do jornalista

Vladimir Herzog morreu, mas suas ideias continuam aí expostas e não vão morrer nunca. Apesar de você, Jair Bolsonaro, que sonha em apagar a verdadeira história.

O pássaro, fotografado por Vlado

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Ex-militantes da APML desmentem infâmia de Bolsonaro sobre Fernando Santa Cruz https://nocaute.blog.br/2019/07/30/ex-militantes-da-apml-desmentem-infamia-de-bolsonaro-sobre-fernando-santa-cruz/ Tue, 30 Jul 2019 21:13:26 +0000 https://nocaute.blog.br/?p=51853 Quinze ex-militantes da APML - Ação Popular Marxista-Leninista –, grupo de oposição à ditadura militar, rechaçam as declarações do presidente Jair Bolsonaro sobre a morte de Fernando Santa Cruz, filiado à organização, e sobre a infâmia de afirmar que ele teria sido “justiçado” por seus companheiros.

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Quinze ex-militantes da APML – Ação Popular Marxista-Leninista –, grupo de oposição à ditadura militar, rechaçam as declarações do presidente Jair Bolsonaro sobre a morte de Fernando Santa Cruz, filiado à organização, e sobre a infâmia de afirmar que ele teria sido “justiçado” por seus companheiros. 

Nós abaixo-assinados, antigos militantes de Ação Popular Marxista-Leninista – APML, repudiamos as mentiras proferidas e os atos de terrorismo psicológico cometidos pelo presidente Jair Bolsonaro ao comentar o sequestro, a prisão, a tortura e o assassinato do nosso companheiro Fernando Santa Cruz, militante de APML, cometidos pelos órgãos de repressão da ditadura militar, em 1974.

A APML visava a transformação socialista do Brasil e priorizava a luta pela derrubada do regime militar e pela conquista das liberdades democráticas.

Buscava conscientizar, mobilizar e organizar estudantes, trabalhadores e demais setores populares e não recorreu à luta armada, muito menos a atos sanguinolentos e terroristas. Estes sim seguidamente cometidos pela ditadura contra seus opositores dos mais distintos matizes ideológicos.

O presidente Bolsonaro, visando atingir o presidente da OAB, Felipe Santa Cruz, num ato de requinte de crueldade, além de mentir sobre a natureza da luta pela qual seu pai, Fernando Santa Cruz deu a vida, acusa a própria APML pelo crime cometido pelo regime militar. 

Inconcebíveis sob quaisquer circunstâncias, tais mentiras e atos de violência devem ser repudiados com veemência por todos, mais ainda quando cometidos pelo próprio presidente da República.

Cunca Bocayuva

Doralina (SP)

Fabiana Eboli Santos

João Ricardo Dornelles

Jorge Ricardo Santos

Marcelo Carvalho

Maria Paula Nascimento Araújo

Orlando Guilhon

Raul Milliet Filho

Ricardo Henrique Salles

Roberto Mader

Rodrigo Coelho

Rosa Maria Guilhon

Sandra Schneider

Sebastian Rojas Archer

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