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Uma vítima do regime militar revisitada

“Ocupação Vladimir Herzog”, uma exposição organizada pelo Itaú Cultural de São Paulo, em parceria com o Instituto Vladimir Herzog, mostra vários aspectos, muitos desconhecidos, da vida daquele que foi um grande jornalista brasileiro e que morreu nas mãos dos militares.

Vlado cobrindo a inauguração de Brasília, em 1960

O que chama atenção ao entrar na sala da “ocupação” é o grande número de jovens. Jovens de vinte e poucos anos, que nem nascidos eram quando Vlado, como era conhecido, estava sendo torturado até a morte nos porões do Centro de Operações de Defesa Interna, o temível DOI-Codi, em São Paulo, naquele 25 de outubro de 1975. Gente interessada na História.

As grandes reportagens saíram daqui

Os jovens leem com interesse, os fac-símiles das páginas do jornal O Estado de S. Paulo com reportagens assinadas, ora por Vladimir Herzog, ora por Vlado Herzog, como era conhecido pelos amigos. Os jovens param para ouvir depoimentos sobre o jornalista, observam cada fotografia de um álbum de família que pode ser manuseado, ou as fotografias expostas nas paredes, fotos feitas pelo jornalista com sua Pentax, que vão de paisagens, cenas do cotidiano de sua família, personagens de suas matérias ou até mesmo um pássaro colorido que ele resolveu clicar um dia.

O repórter em ação

Os jovens param para ver as cenas de um curta produzido pelo jornalista que sonhava em ser cineasta. O filme “Marabás”, realizado em 1960, foi o seu trabalho de conclusão de um curso de cinema que fez. Quando morreu, além de ocupar o cargo de Diretor de Jornalismo da TV Cultura, trabalhava no projeto de um filme sobre a Guerra de Canudos.

Cartas, cartazes, documentos, revistas, aquela nota de 1 cruzeiro carimbada perguntando “Quem matou Herzog?”, a exposição é uma reunião de fragmentos da vida de um jornalista brilhante, daqueles que pegavam um gravador e saiam pelos confins do Brasil recolhendo histórias do seu povo. Aliás, o velho gravador com capa de couro e sua máquina Olympia, estão lá em exibição, pra gente refletir.

As notas de 1 cruzeiro se espalharam pelo Brasil

O movimento maior está em torno de dois documentos expostos, um ao lado do outro. O primeiro, o atestado emitido pela ditadura militar, afirmando que Herzog suicidou-se em sua cela, e outro, feito muitos anos depois – e oficial – afirmando que foi assassinado pelos militares.

O atestado de óbito

Em entrevista ao jornal O Estado de S.Paulo, o filho de Vlado, Ivo Herzog, que tinha nove anos quando o pai morreu, disse que surpreendeu-se ao ver o material exposto: “A maioria, eu não conhecia”, disse ele.

O mural do jornalista

Vladimir Herzog morreu, mas suas ideias continuam aí expostas e não vão morrer nunca. Apesar de você, Jair Bolsonaro, que sonha em apagar a verdadeira história.

O pássaro, fotografado por Vlado

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