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Em defesa da democracia, jornalistas brasileiros em Portugal oferecem parceria na cobertura política do Brasil

O grupo Caraíba, formado por jornalistas brasileiros residentes em Portugal – entre eles Lira Neto, Paulo Markun e Adriana Negreiros -, enviou uma carta aos colegas portugueses em que oferece ajuda na apuração dos fatos da política brasileira. “Podemos sugerir temas e fontes confiáveis para aprofundar a análise dos fatos e, assim, ampliar as possibilidades de enfoque da cobertura realizada pelos colegas portugueses. Da mesma forma, pretendemos apontar os equívocos eventualmente cometidos nesse processo.” Leia a íntegra.

Carta aos jornalistas portugueses

Somos um grupo de jornalistas brasileiros, a maioria residente em Portugal, que acompanha com preocupação os acontecimentos em nosso país. Temos qualificação e experiência no jornalismo nacional e internacional, na investigação acadêmica e na comunicação pública, com vasta vivência e contatos na mídia e instituições no Brasil.

Nossa intenção é fazer chegar à população portuguesa e à grande comunidade brasileira residente no país ou que, mesmo fora, acompanha o noticiário produzido aqui, informações qualificadas sobre o que se passa no Brasil. Há uma clara ameaça à democracia, ao meio ambiente e aos direitos civis e individuais no Brasil e esperamos colaborar para que os factos sejam divulgados de forma a retratar a realidade. Podemos sugerir temas e fontes confiáveis para aprofundar a análise dos factos e, assim, ampliar as possibilidades de enfoque da cobertura realizada pelos colegas portugueses. Da mesma forma, pretendemos apontar os equívocos eventualmente cometidos nesse processo.

Entendemos que o Brasil exige uma atenção especial neste momento de particular gravidade porque conjuga uma grave crise política à atual crise sanitária global. O cenário de recessão e incertezas que se vislumbra para o futuro imediato indica um ambiente propício ao avanço da extrema-direita em várias nações, e a atual experiência do Brasil deve servir de alerta ao que pode acontecer mesmo em países onde as conquistas democráticas parecem consolidadas.

Não bastassem os vínculos histórico-culturais e afetivos que nos unem, esta preocupação política já seria um bom motivo a animar nossos esforços em sensibilizar os colegas portugueses para o que se passa no Brasil e participar deste momento histórico.

Adriana Negreiros, Alexandre Ribondi, Elaina Daher, Fernanda Sarkis, Graça Pinto Coelho, Kátia Ozório, Ligia Girão, Lira Neto, Mario Doraci Pinheiro, Paulo Markun, Rosane Serro, Rovênia Amorim, Sylvia Moretzsohn

Uma pequena apresentação de cada um dos profissionais que compõem o Caraíba:

Adriana Negreiros é jornalista, com passagem pelas revistas Veja, Playboy, Claudia e Marie Claire. Autora do livro Maria Bonita: sexo, violência e mulheres no cangaço. Colaboradora da Revista Piauí e do Portal UOL. Mestranda em Filosofia Política na Universidade do Minho.

Alexandre Ribondi é jornalista com formação na Universidade de Brasília. Tem trabalhado como repórter da área de cultura e de política internacional. Já foi crítico de cinema e de teatro. Foi correspondente do Jornal de Notícias no Brasil e do Correio Braziliense em Portugal. Atualmente, trabalha como romancista e dramaturgo e escreve para o jornal online Brasiliários.

Elaina Daher é jornalista, com experiência em veículos de mídia impressa e assessorias de imprensa. Autora do livro A pesquisa científica brasileira na Antártica. Atua nas áreas de divulgação científica, povos indígenas, cultura e educação. Mestranda em Filosofia Política pela Universidade do Minho.

Fernanda Sarkis é graduada em cinema, mestre em Comunicação Política e investigadora em Informação e Comunicação em Plataformas Digitais na Faculdade de Letras da Universidade do Porto. Trabalhou em assessoria de comunicação do governo Federal e desde 2008 pesquisa sobre ditadura civil-militar no Brasil.

Graça Pinto Coelho é professora titular/pesquisadora do Programa de Pós-graduação em Estudos da Mídia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte – Brasil e pesquisadora visitante do Programa de Pós-graduação em Ciências da Comunicação – Universidade do Porto, Portugal.

Kátia Ozório é designer com experiência em projetos de identidade visual (corporativa e de eventos), design gráfico e editorial com ênfase em comunicação social, sobretudo em atendimento ao setor público, como ministérios, universidades, organismos internacionais, ONGs e instituições diversas.

Ligia Girão  é jornalista com passagem pela BBC World Service e correspondente do jornal O  Globo em Londres, ex-coordenadora de comunicação da organização WWF-Brasil e Senado Federal. É doutoranda em Alterações Climáticas na Universidade de Lisboa.

Lira Neto é jornalista e escritor. Foi colunista dos jornais Folha de S. Paulo e Brasil Econômico. Autor de 13 livros, entre eles a biografia Getúlio, publicada em três volumes. Ganhou quatro vezes o Prêmio Jabuti e Literatura, o mais tradicional do mercado editorial brasileiro.

Mario Doraci Pinheiro é jornalista, mestre em Sociologia da Comunicação e doutor em Ciências Políticas pela Paris 9. É autor dos livros A Resistência Coroada: quando o medo sai do mato e A Igreja Resistente. Trabalha atualmente na educação francesa.

Paulo Markun é jornalista, com passagens pela mídia impressa e televisiva. Autor de 15 livros e dezenas de séries e documentários. Colunista da Folha de S. Paulo (Em Tempo) e âncora da série Conversas na Crise – Depois do Futuro do Instituto de Estudos Avançados da Unicamp e UOL.

Rosane Serro é jornalista, mestre em Comunicação e Cultura e pós-graduada em Cinema Documentário. Colaboradora do jornal O Globo. Ex-editora de Economia do Jornal do Brasil e ex-gerente de Comunicação da área de Gás e Energia da Petrobras, ainda registra 15 anos de experiência na cobertura da área de Tecnologia.

Rovênia Amorim é jornalista, com passagens pelo Jornal de Brasília, Correio Braziliense e assessoria de imprensa do Ministério da Educação. Mestre em Educação, doutoranda e investigadora em Sociologia da Educação/Política Educativa do Centro de Investigação em Educação da Universidade do Minho.

Sylvia Moretzsohn é jornalista, mestre em Comunicação Social e doutora em Serviço Social. É professora aposentada de jornalismo da Universidade Federal Fluminense, ex-colaboradora do Observatório da Imprensa, membro da equipe do ObjETHOS (Pós-Jor/UFSC). É investigadora visitante na Universidade do Minho.

Contato: caraiba.jornalistas@gmail.com

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