O candidato do Partido Nacional, Luis Lacalle Pou, foi anunciado oficialmente como presidente eleito do Uruguai depois de uma recontagem de 35 mil votos “observados”, após uma diferença de 1,2% no segundo turno com Daniel Martínez, do Frente Ampla (FA). A corte eleitoral do país anunciará o resultado oficial neste sábado, (30). Na quinta-feira, 28, com quase 90% dos votos apurados e analisados, Lacalle já tinha o número suficiente para ser confirmado como presidente.
Marianna Camargo, de Montevidéu
Martinez reconheceu a vitória de Lacalle Pou e declarou que o Frente Ampla fará uma “oposição crítica e construtiva”, para assegurar os direitos e avanços conseguidos nestes últimos 15 anos. Ambos se reúnem nesta sexta, em Montevidéu.
A chamada “coalizão multicor” foi uma das marcas desta eleição. Logo após o primeiro turno, no final de outubro, houve uma aliança de Lacalle Pou com os líderes dos partidos de direita Colorado, Cabildo Abierto, Independiente e Gente.O grupo lançou um documento – Compromisso pelo País -, que é a diretriz do plano do governo para o mandato dos próximos cinco anos, basicamente com ideias conservadoras e neoliberais.
Javier Miranda, presidente do Frente Ampla, comenta sobre a diferença entre ambos os partidos com distintas ideologias: “São dois projetos de governo, dois conceitos ideológicos. Um, o PN, representa a coalizão de partidos conservadores com elementos da ultra direita frente a um projeto progressista, as FA”. A posse de Luis Lacalle Pou e sua vice-presidente Beatriz Argimón está marcada para dia 01 de março de 2020.
Algumas horas antes do resultado no segundo turno, o ex-militar Carlos Techera divulgou um vídeo pelo Facebook contendo ameaças de morte ao presidente atual Tabaré Vásquez, ao ex-presidente José Pepe Mujica e ao candidato Daniel Martínez.
Entre outras ameaças, o ex militar avisou aos dirigentes do Frente Ampla que “desta vez não saem vivos”, e arrematou: “Vocês não mandam nas Forças Armadas”.Há indícios que o vídeo foi disparado pelo Brasil. Techera se autoproclama como “pior que Bolsonaro”.
Na quarta-feira, a polícia o deteve em sua casa, depois de uma denúncia penal da bancada do Frente Ampla.
Apreenderam pen drives e um disco rígido do computador que serão analisados nos próximos dias.
Na quinta-feira, foi determinada como medida cautelar ao acusado prisão domiciliar por um prazo de 60 dias até sejam averiguadas as provas.
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