Super-Revolucionários

Rosa Parks, a força de um gesto

“Quando tive que enfrentar essa decisão, não hesitei em fazê-lo porque senti que tínhamos suportado isso por muito tempo. Quanto mais cedíamos, mais aceitávamos esse tipo de tratamento, mais opressivo se tornava.”

Rosa Louise McCauley, conhecida como Rosa Parks (1913-2005), tornou-se referência mundial por meio de um gesto aparentemente simples: recusou-se a ceder o lugar num ônibus, em 1º de dezembro de 1955, um marco na luta do movimento negro por direitos civis nos Estados Unidos.

Já era quase noite quando Rosa tomou um ônibus na avenida Cleveland, na região central de Montgomery. Como todo mundo, ela pagou sua passagem. Em tempos de segregação racial, havia um espaço destinado aos negros. Ela ficou na primeira fileira definida como “colored”. 

O motorista, James F. Blake, seguiu viagem. Na terceira parada, em frente ao teatro Empire, entraram muitos passageiros, e dois ou três brancos ficaram de pé. Era um problema, mas Blake sabia o que fazer: mudou o sinal de “pessoa de cor” para a fileira que ficava atrás daquela em que estava Rosa Parks.

Todo mundo sabia o que aquilo significava. Alguns passageiros negros se resignaram. Desta vez, no entanto, Rosa Parks não aceitou a violência. “Meu corpo foi tomado por uma determinação, como uma colcha numa noite de frio”, contou anos depois ela numa entrevista. Ela se moveu, mas para a janela. 

O motorista perguntou por que ela não se levantava. Ela respondeu: “Eu não deveria ter de me levantar”. Rosa Parks foi presa e, três dias depois, começou o histórico boicote aos ônibus de Montgomery, comandado pela seção local da NAACP, a Associação Nacional para o Progresso de Pessoas de Cor. O episódio fortaleceu o movimento, e Rosa Parks tornou-se um dos ícones da luta comandada, entre outros, por Martin Luther King Jr., na época um jovem pastor em Montgomery e uma liderança em ascensão.

Rosa Parks é mais nova carta do baralho Super-Revolucionários, publicado por Opera Mundi e Nocaute.

O projeto é ilustrado pelo artista plástico Fernando Carvall e conta com textos e concepção de Haroldo Ceravolo Sereza. Já foram publicadas cartas de Lênin, Clara Zetkin, Ernesto Che Guevara, Antonio Gramsci, Fidel Castro, Liudmila Pavlichenko, Luís Carlos Prestes, Frida Kahlo, Alexandra Kollontai, Bela Kun, Nelson Mandela, Mao Zedong, Simone de Beauvoir, Ho Chi Minh, Leon Trotsky, Olga Benario, Karl Marx, Salvador Allende, Tina Modotti, Carlos Marighella, Rosa Luxemburgo e Franz Fanon.

Numa análise séria, mas sem perder o humor jamais, vamos atribuir “notas” à atuação desses grandes nomes da contestação e da construção de um mundo melhor.

A ideia é, depois de alcançarmos um número suficiente de cartas, montar um jogo inspirado no conhecido Super Trunfo e publicar um livro com os cards e informações sobre esses super-revolucionários.

As notas são provisórias e estão sujeitas a modificação.

REBELDIA 7

A militância de Rosa Parks foi fortemente influenciada pelo casamento com Raymond Parks, membro da Associação Nacional para o Progresso de Pessoas de Cor (NAACP). Raymond também incentivou Rosa a voltar a estudar. Esse esforço não era apenas um ato individual, era também um ato de resistência política: em 1933, quando ela concluiu o ensino médio, menos de 7% dos afro-americanos conseguiam vencer as barreiras raciais e se formar na High School, o equivalente hoje ao ensino médio.

DISCIPLINA 8

A luta pela própria formação atravessou a história de Rosa Parks. Aos 11 anos, entrou na Montgomery Industrial School for Girls. Quando estava na High School, a mãe e a avó ficaram doentes, e Rosa precisou parar de estudar. Passou a trabalhar como costureira para ajudar nas despesas da casa.

TEORIA 6

A formação política de Rosa Parks expressou-se na sua longa trajetória de lutas. Deixou-nos uma autobiografia, Rosa Parks – My History (escrita com James Haskins).

POLÍTICA 7

Rosa Parks foi mais uma militante de base que uma organizadora em nível nacional do movimento pelos direitos civis. Participou de diversas campanhas locais, esteve em reuniões do Partido Comunista norte-americano, embora não tenha ingressado nele, e trabalhou para o deputado democrata John Conyers, também ativista do movimento negro norte-americano. Esteve na luta pela libertação de presos políticos do grupo Panteras Negras, que chegou a integrar. 

COMBATIVIDADE 8

Em 1943, Rosa Parks ingressou formalmente na NAACP. “Eu era a única mulher lá, e eles precisavam de uma secretária, e eu era muito tímida para dizer não”, contou. Ficou no posto até 1957.

INFLUÊNCIA 8

Símbolo da luta pelos direitos civis, Rosa Parks sofreu ameaças de morte e enfrentou dificuldades recorrentes de encontrar emprego. Nunca esmoreceu nem recuou de suas convicções, utilizando seu enorme prestígio para fortalecer as lutas pelos direitos civis, direitos humanos e direitos sociais. 

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