Super-Revolucionários

Che Guevara: revolução sem fronteiras

“Estaria disposto a entregar minha vida pela libertação de qualquer um dos países da América Latina, sem pedir nada a ninguém, sem exigir nada, sem explorar ninguém”.

Conta o anedotário da Revolução Cubana que Fidel Castro, durante uma reunião em que buscava um presidente para o Banco Central do país após a queda da ditadura de Fulgêncio Batista, entrou na sala e perguntou se havia um economista na sala. O médico argentino Ernesto Che Guevara (1928-1968), que foi um dos líderes da guerrilha na Sierra Maestra, ergueu a mão e terminou por assumir o posto – as primeiras notas do peso cubano pós-revolução foram assinadas por Che. Tempos depois, Fidel disse a Che que não sabia que ele era economista e que ficara surpreendido com a informação. Che, então, percebeu que entendera errado: Fidel procurava um economista, não um comunista…

A coragem de Che Guevara, que se expressa nas lutas guerrilheiras e na disposição para assumir as mais diferentes tarefas revolucionárias, fez dele um ícone mundial da luta por um mundo melhor. Nascido numa família de classe média argentina, asmático, goleiro e leitor de poesia, embrenhou-se pela América Latina, montado numa motocicleta, no início dos anos 1950, nos intervalos do curso de medicina.

Na segunda viagem, em 1954, estava na Guatemala quando o presidente Jácobo Arbenz resistiu o quanto pode às tentativas de desestabilização promovidas pelos Estados Unidos e pela companhia bananeira United Fruit. Neste país, conheceu sua primeira companheira, a peruana Hilda Gadea (1925-1974), aproximou-se do comunismo e construiu os laços que o levariam a se tornar uma lenda da revolução cubana.

Com Ernesto Che Guevara, o baralho Super-Revolucionários, que Opera Mundi e o site Nocaute publicam, ganha mais uma grande figura, talvez a mais conhecida imagem da rebeldia socialista, imortalizada na foto de Alberto Korda.

Concebido por Haroldo Ceravolo Sereza, autor dos textos, e com desenhos do artista Fernando Carvall, essas cartas, numa análise séria, mas sem perder o humor jamais, atribuímos “notas” à atuação desses grandes nomes da revolução.

A ideia é, depois de alcançarmos um número suficiente de cartas, montar um jogo inspirado no conhecido Super Trunfo e publicar um livro com os cards e informações sobre esses super-revolucionários.

Já foram publicadas cartas de Antonio Gramsci, Fidel Castro, Luís Carlos Prestes, Frida Kahlo, Alexandra Kollontai, Bela Kun, Nelson Mandela, Mao Zedong, Simone de Beauvoir, Ho Chi Minh, Leon Trotsky, Olga Benario, Karl Marx, Salvador Allende, Tina Modotti, Carlos Marighella, Rosa Luxemburgo e Franz Fanon.

As notas são provisórias e estão sujeitas a modificação.

REBELDIA 10

Ernesto Guevara de la Serna (nome de batismo de Che) foi, desde muito jovem, um rebelde. Nascido na classe média alta no interior argentino, leitor de poetas e filósofos, não deixou que o curso de medicina o afastasse das questões humanas. Assim conheceu a obra de Karl Marx.

DISCIPLINA 7

Che Guevara esteve entre os 82 guerrilheiros que desembarcaram na embarcação Granma e iniciaram a luta contra as tropas de Fulgêncio Batista. Vitoriosa a revolução, organizou os tribunais que condenaram à morte cerca de 550 integrantes da violenta ditadura de Batista, submissa aos interesses dos Estados Unidos.

TEORIA 8

Che Guevara foi, sobretudo, um pensador das experiências guerrilheiras em Cuba e das tentativas – em geral mal-sucedidas, registre-se – de reprodução dessas experiências em outros países da América Latina e da África. O foquismo (tentativa de implantar focos guerrilheiros que se convertem-se, idealmente, em “novos Vietnãs”), deve muito a suas elaborações e seu exemplo.

POLÍTICA 7

Inicialmente um apoiador do peronismo de esquerda da Argentina, Che tornou-se um revolucionário e um “exportador da revolução”. Foi, no entanto, mas combatente que um nome da reconstrução de Cuba após o fim dos combates.

COMBATIVIDADE 10

Se soube ser também um “burocrata”, ao comandar o Banco Nacional (banco central) e ocupar o posto de ministro da Indústria, foi na linha de frente que Che tornou-se uma figura emblemática. O sucesso da Sierra Maestra, no entanto, não se repetiria no Congo em 1965 e na Bolívia, em 1967, onde foi capturado, em 8 de outubro, e assassinado no dia seguinte.

INFLUÊNCIA 9

Em 1965, como forma de proteger Cuba de eventuais retaliações, Che renuncia a todos os cargos no país e escreve a famosa carta a Fidel Castro em que anuncia sua partida para “novos campos de batalha”. Nesta carta, aparece a frase “hasta la victoria siempre” (até a vitória, sempre), amplamente difundida. Esse espírito revolucionário e sua coragem inspiraram jovens de todo o mundo, inclusive no Brasil: um dos grupos que foi à luta armada contra o regime militar, a Dissidência Comunista da Guanabara, adotou o nome MR-8 (Movimento Revolucionário 8 de Outubro) em homenagem a Che.

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