Brasil

Moro na CCJ: “Se houver irregularidade, eu saio!”

Parte 5

Na reta final, houve uma enxurrada de elogios ao ministro da Justiça, Sérgio Moro. Senadores não pouparam elogios e mais elogios, inclusive dizendo que queriam vê-lo como juiz do STF e até como presidente da República. Vanderlan Cardoso (PP-GO), Chico Rodrigues (DEM-RR), Eduardo Girão (PODEMOS-CE), Eduardo Braga (MDB-AM) e Styvenson Valentin (PODEMOS-RN) foram os últimos a fazer perguntas, que já tinham sido feitas e ouviram respostas que já tinham sido dadas. E foi encerrada a sessão.

Parte 4

Moro na CCJ: “Normal, normal, normal, tudo dentro da lei”.

Jacques Wagner (PT-BA)

O senador sai em defesa de Gleen Grenwald, do Intercept, afirmando que ele não é sensacionalista e questiona se não foi sensacionalismo divulgar a conversa da ex-presidenta Dilma Rousseff e Lula. Moro reforça os argumentos que decorou e que vem recitando desde o início do debate, garantindo que “tudo foi feito dentro da lei” e o que querem “é constranger o Supremo”. Moro disse ainda que não tem nenhum apego ao cargo e se for verificada alguma irregularidade, “eu saio”.

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Flavio Bolsonaro (PSL-RJ)
O filho de Bolsonaro começou falando do projeto do pai para os próximos quatro anos. Fez gracinha dizendo que Moro ainda não havia almoçado, citando o pão com leite condensado, que seu pai tanto gosta. Disse que o que aconteceu foi uma “armação”, citando uma uma tal “conexão russa” – sem dizer de onde veio a denúncia – incluindo até o ex-deputado Jean Wyllys (que chamou de ex-BBB) que estaria recebendo uma mesada de 10 mil dólares. Moro riu pela primeira vez, dizendo de como conheceu Bolsonaro pai, e voltou ao assunto de que duvida da autenticidade das mensagens, e que tudo será investigado.

Plinio Valério (PSDB-AM)
Quase um poeta, disse que não queria sair dali e receber um abraço do ministro Moro. Garantiu que não viu nada de anormal nos diálogos divulgados e que o Brasil precisa de um ministro da Justiça forte. Disse que não tem pergunta alguma pra fazer e que estava ali apenas para demonstrar o seu apoio ao Moro. Ensinou que dois e dois são quatro e só faltou partir pro abraço. Major Olímpio (PSL/SP)
De cara, elogios e mais elogios ao ministro da Justiça. E foi assim até o final de seus minutos. Dispensa comentários. Moro agradeceu o efusivo apoio do major.

Lasier Martins (PODEMOS -RS)
Disse, de cara, que Moro é um exemplo de eficiência e honestidade. O ministro agradeceu e voltou a recitar sua ladainha, dizendo que tem absoluta convicção de sua imparcialidade.

Nelsinho Trad (PSD-MS)
O senador começou lembrando o “indiscutível legado” que Moro deixou para o Brasil. “Houve uma orientação, nos diálogos?” Fez um discurso típico de parlamentar, citando inclusive o pai advogado. Moro retoma o assunto dos diálogos, reafirmando pela enésima vez que não se sabe se são autênticos.

Luis Carlos Heinze (PP-RS)
Abre criticando o Partido dos Trabalhadores e elogiando o trabalho anticorrupção de Moro. Não quis fazer perguntas, só elogios. “O Brasil vai mudar nos próximos quatro anos”, disse. Fez elogios a Bolsonaro e foi tudo. Moro agradeceu o apoio e disse que estão juntos.

Álvaro Dias (PODEMOS-PR)
Veio com um discurso pronto falando da corrupção no Brasil, usando as mesmas palavras que usou durante a campanha eleitoral de 2018

Jorge Kajuru (PSB-GO)
Disse que, como jornalista, já fez dezenas de elogios ao ex-juiz e apenas uma crítica, a de não ter investigado o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Kajuru terminou passando os seus telefones, pediu que o rackeasse e garantiu que não tem amante. Moro fez um discursinho de como funcionava a Lava-Jato, mais uma vez.

Oriovisto Guimarães (PODEMOS-PR)
O senador fez um discurso citando parábolas e chegou à sua frase: “Existem dois Brasis, o Brasil de antes da Lava-Jato e o de depois da Lava-Jato”. E perguntou: “Qual é a diferença entre neutralidade e imparcialidade?” Moro respondeu que a Lava-Jato sempre foi neutra e imparcial, tomando decisões unicamente baseadas na lei. Moro repete – sempre que dá – números da Lava-Jato. Acusações, condenações, absolvições… Em todas as respostas, Moro faz propaganda da operação, desviando o assunto do vazamento.

Parte 3

Moro na CCJ: “Querem constranger o Supremo Tribunal Federal”.

Marcio Bittar (MDB-AC)
O senador foi enfático: “O que houve foi um crime, com objetivo de desmoralizar e enfraquecer a Lava-Jato”. Com um ar de advogado de defesa de Moro, cita a operação como um pilar que demoliu a corrupção no Brasil. Cita até Tio Patinhas, personagem de Disney, quando viu os dólares apreendidos num apartamento. Depois que um senador bajula, Moro sempre começa agradecendo “as suas considerações”. Moro falou como candidato, louvando os feitos da Lava-Jato e os vazamentos ficaram esquecidos. O senador deu parabéns a Moro e encerrou o assunto.

Mecias de Jesus (PRB-RR)
O senador começa afirmando que Romero Jucá, aquele que queria “estancar a sangria”, é um dos maiores envolvidos na Lava-Jato, está solto. “Dois pesos, duas medidas?”, perguntou. Criticou até mesmo uma novela da Globo, que acusou os moradores de Roraima de hostilizar os refugiados venezuelanos. Moro falou, falou, deu explicações sobre os refugiados mas esqueceu-se de responder sobre Jucá.

Cid Gomes (PDT-CE)
Questiona enfaticamente a imparcialidade da Lava-Jato e volta ao assunto curso de media training. Moro se defende, dizendo que nunca fez curso e que as decisões foram tomadas com base na lei. Moro sempre insiste que os diálogos divulgados são diálogos “normais, normais”.

Senador Jean Paul Prates (PT-RN)
Questiona a validade ou não dos vazamentos e levanta a questão da delação premiada, chamando de “indústria da delação premiada”. Pergunta sobre o ex-advogado da Odebrecht, Tacla Duran, que afirmou ter pago para não ser preso. Moro diz que o colaborador é uma realidade em qualquer processo e encerrou chamando Tacla Duran de bandido.

Renan Calheiros (MDB-AL)
O senador se atrapalhou todo, estourou o seu tempo, argumentou, interrompeu Moro, chamou Elio Gaspari de “maior jornalista brasileiro vivo”, que pediu, em artigo, a renúncia de Moro. Houve um certo bate-boca, e Moro falou apenas o que vinha falando desde o início e não comentou o artigo de Elio Gaspari.

Parte2

Moro na CCJ, hora a hora: “Foi um sensacionalismo desacerbado”.

Rogério Carvalho (PT-SE)
O senador lembrou que Moro estava de férias e interrompeu suas férias para interferir no habeas corpus concedido ao ex-presidente Lula. Moro não respondeu.

O senador disse que Moro pagou 180 mil por um curso de três dias para se preparar para responder aos senadores. Moro disse que ele está delirando, que não é verdade.

Humberto Costa (PT-SE)
O senador disse que Moro veio aqui de livre e espontânea vontade, mas não está respondendo nada. Lembrou que Gleen Greenwald não é foca, é Prêmio Pulitzer.

“O senhor deveria pedir demissão e pedir desculpas ao povo brasileiro porque o senhor não deixou o eleitor votar em quem ele queria. Moro não comentou o Pulitzer de Gleen Greenwald e disse que não responderia ofensas.

Soraya Thronicke (PSL-MS)
Saiu em defesa de Moro, como era esperado. Advogada, fez um discurso professoral cheio de termos jurídicos que poucos entendem. Ela disse que o vazamento foi uma “armação da oposição”. Moro respondeu no mesmo tom, sempre falando em “supostos diálogos”, “sensacionalismo” e “organização criminosa”. Ficou parecendo juiz defendendo o seu voto. A senadora terminou pedindo ajuda de Deus para proteger. E encerrou o assunto.

Marcos Rogério (DEM-RO)
Começou afirmando: “O povo brasileiro não está do lado de criminosos”, “Trata-se de um ciber-ataque”. “Estamos aqui falando de uma prova ilícita” e “Não vi nada que o comprometa”. Levantou a bola de Moro: “O que o senhor está fazendo para avançar na luta contra a corrupção?” “Como está a investigação desses ciber-ataques?” Moro disse que o site Intercept (sem citar o nome) deveria entregar todo o material para a policia, para que seja verificada a autenticidade do material.

Esperidião Amim (PP-SC)
O senador disse que Moro tem toda razão de ficar repetindo a mesma história, porque tem gente que não entende, mesmo depois de repetir cem vezes a mesma coisa. O senador fez um discurso como se estivesse no plenário do Senado, falando aos seus colegas. Disse que está preocupado com a “guerra cibernética” que está em curso no Brasil e no mundo. Falou, falou e não disse nada. Moro adorou, disse que o discurso dele foi muito pertinente e que precisamos nos preocupar muito com esses fatos que estão acontecendo, como a clonagem do celular de um ministro da Justiça. Moro voltou a citar um artigo “que li em inglês”, sem citar a publicação: “O escândalo que encolheu”.

Parte1

Uma hora de Moro na CCJ.

Pouco antes das nove horas da manhã, o ministro da Justiça, Sérgio Moro, chegou para prestar esclarecimentos a Comissão de Constituição e Justiça do Senado (CCJ). Entrou pelos fundos.

Nove horas e oito minutos, Moro chega ao plenário com a cara fechada de sempre, ar sisudo e cabelos caprichosamente penteados.

Nove horas e doze minutos, a senadora Simone (MDB-MS) abriu a sessão, explicando que Moro se ofereceu, de livre e espontânea vontade, a apresentar esclarecimentos sobre os vazamentos publicados pelo site The Intercept Brasil.

O senador Humberto Costa (PT-PE), fala rapidamente e esclarece que Moro está ali como investigado.

A senadora Simone lembra, mais uma vez, que Moro está ali por livre e espontânea vontade.

O senador Major Olímpio (PSL-SP), claro, sai em defesa de Moro, dizendo que ele está ali apenas para esclarecer dúvidas.

Nove e vinte e nove, Moro começa a falar. Relata sobre a importância da Lava-Jato e parte para o ataque aos hackers: “Existe uma organização criminosa por detrás do vazamento”, “o crime não foi feito por adolescentes com espinhas e sim por criminosos”, e por aí vai.

Moro se defende dizendo que “ouviu dizer” que jornalistas também teriam sido atacados. E não fala o nome The Intercept Brasil. Fala em “veiculo” e “esse órgão”. Defende que é comum um juiz dialogar com advogados, policiais e promotores. E diz que o que houve foi puro “sensacionalismo”

O senador Weverton Rocha (PDT/PE0 foi o primeiro senador a fazer perguntas. Fez, pelo menos, uma dúzia de perguntas embaraçosas para o ministro, apontando sua tentativa de mudar o rumo do processo.

Moro diz que não anotou todas as perguntas e volta ao blá-blá-blá de que foi uma ação criminosa e que ele não poderia garantir a autenticidade das escutas. Não respondeu ao senador Weverton.

O senador replicou que vai encaminhar as perguntas por escrito ao ministro.

O segundo a fazer perguntas foi o senador Fernando Bezerra (MDB-PE), que rasgou elogios a Moro, apontando números divulgados recentemente mostrando a queda da criminalidade desde que morro assumiu o ministério. Agiu como um advogado de Defesa.

Resumindo: Na primeira hora, o ministro Moro ficou batendo na tecla do “ato criminoso”, ganhando tempo para não responder as perguntas feitas pelos senadores.

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