Brasil

Educadores desafiam Weintraub: “O senhor não tem autoridade jurídica e política para nos punir.”

Uma carta aberta ao ministro da Educação coleta assinaturas em todo o país: “Sua frágil ameaça não nos amedronta. Cumpriremos o nosso dever de educadoras e educadores e continuaremos, como já o fizemos nos dias 15 e 30 de maio deste ano, nas ruas, juntos com os estudantes, apoiando a resistência à destruição das instituições de ensino público e contra afrontas ao conhecimento.”

Carta Aberta ao Ministro da Educação

O Ministro que ocupa a pasta da educação, depois de publicar um vídeo artisticamente desastroso, veio a público para ameaçar professoras, professores, servidoras e servidores da rede pública, dizendo que esses profissionais não podem participar de manifestações ou mesmo divulgar e estimular protestos, pois se o fizerem estarão sujeitos a punições legais.

No entanto, Ministro, o senhor não tem autoridade jurídica e política para nos punir. Sua frágil ameaça não nos amedronta. Aliás, só nos fortalece na convicção em torno da necessidade de rechaçarmos arroubos autoritários, como forma, inclusive, de se correlacionarem teoria e prática, o que nos é muito caro, já que a educação é voltada à formação de cidadãs e cidadãos e não há cidadania sem estímulo à atuação concreta em defesa das liberdades democráticas e dos direitos fundamentais. Toda ação neste sentido merece ser amplamente divulgada, como forma, inclusive, de reforçar a democracia.

Firmamos o presente documento, para deixar muito claro que somos contra os cortes da educação; que repudiamos a forma agressiva, desrespeitosa e leviana com que estudantes, professoras e professores, servidoras e servidores têm sido tratados; que resistiremos à destruição do ensino público; e que não nos calaremos diante de qualquer tipo de autoritarismo.

Enfim, cumpriremos o nosso dever de educadoras e educadores e continuaremos, como já o fizemos nos dias 15 e 30 de maio deste ano, nas ruas, juntos com os estudantes, apoiando, estimulando e protagonizando a necessária resistência contra a destruição das instituições de ensino público e contra toda forma de afronta ao conhecimento, ao estudo, à formulação do pensamento crítico, à democracia e ao pluralismo político e ideológico.

Brasil, 31 de maio de 2019.

Alfredo Andrade

Amarilio Ferreira Jr.

Ana Lúcia Ferreira

Ari Marcelo Solon

B. Boris Vargaftig

Daniela Valle da Rocha Muller

Décio Alves da Silva

Eduardo Pinto e Silva, Depto de Educação da UFSCAR

Eleonora C. Albano

Elsa Cristine Bevian

Fernando Frederico de Almeida Junior

Flávio Roberto Batista

Fred Siqueira Cavalcante

Gilberto de Lima

Gustavo Seferian

Hugo Cavalcanti Melo Filho

João Adolfo Hansen

João dos Reis Silva Júnior

João Virgílio Tagliavini

Jorge Luiz Souto Maior

José Carlos Rothen

Juan Francisco Amaral Ramos

Juliana Teixeira Esteves

Luciano Delgado

Luiz Bezerra Neto

Luiz Carlos de Freitas

Luiz Roberto Gomes

Magda Barros Biavaschi

Mara Cristina de Almeida

Márcio Túlio Viana

Marcos Luiz da Silva

Marcus Orione Gonçalves Correia

Maria Rosaria Barbato

Maria Victoria de Mesquita Benevides

Marilena Chaui

Marina Maluf

Marise Tavares de Carvalho

Noemi Jaffe

Otávio Pinto e Silva

Paulo Eduardo Vieira de Oliveira

Reginaldo Melhado

Renata Conceição Nóbrega Santos

Renato Cassio Soares de Barros

Ricardo Antunes

Roberto Heloani

Rodrigo Carelli

Rui Carlos Lopes de Alencar

Ruy Braga

Sérgio Salomão Shecaira

Sílvio de Souza

Valdete Souto Severo

Vanderlei Elias Nery

Novas adesões devem ser dirigidas a jorge.soutomaior@uol.com.br

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