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Venezuela adverte Trump e Bolsonaro: “Nenhuma aliança neofascista suplantará a soberania do povo venezuelano”.

Governo de Nicolás Maduro acende sinal de alerta depois de reunião entre Bolsonaro e Donald Trump. O presidente brasileiro sinalizou uma aliança com o governo americano e não descartou que o Brasil possa ceder território para uma intervenção militar na Venezuela, liderada pelos Estados Unidos.   

O governo venezuelano condenou as declarações dadas pelo presidente brasileiro, Jair Bolsonaro e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump sobre a Venezuela na última terça-feira (19), durante encontro no Salão Oval da Casa Branca.

Donald Trump e Jair Bolsonaro participaram também de um coletiva de imprensa na qual voltaram a afirmar a intenção de intervenção na Venezuela.

“A Venezuela não pode continuar da maneira como se encontra. Aquele povo tem que ser libertado e contamos com o apoio dos EUA para que esse objetivo seja alcançado”, disse Bolsonaro.

Trump agradeceu o Brasil por ter permitido o uso de suas fronteiras para o oferecimento de ajuda humanitária para a Venezuela. E que o socialismo no hemisfério está em seu momento final.

“O crepúsculo do socialismo chegou em nosso hemisfério e, a propósito, a hora final também chegou ao nosso grande país, que está indo muito melhor do que já foi economicamente. A última coisa que queremos nos EUA neste momento é o socialismo”, disse Trump.

Para o governo da Venezuela, os militares brasileiros, avessos à uma operação no país, seriam o pilar para que não houvesse intervenção. Em especial, o vice-presidente Hamilton Mourão que é tido como uma pessoa com uma visão estratégica mais moderada. O general foi adido militar do Brasil na Venezuela de 2002 a 2004, no primeiro governo de Lula, quando Hugo Chávez era o presidente do país.

Segundo informações da UOL, um dos principais embaixadores venezuelanos admitiu, na condição de anonimato, que a viagem de Bolsonaro nesta semana foi recebida com “extrema preocupação”. A suspeita é de que, em Washington, o presidente americano tenha pressionado Bolsonaro a convencer seus militares da necessidade de uma ação.

“Sabemos que o Brasil tem um presidente instável e que pode querer dar uma demonstração a Donald Trump de que o país está disposto a tudo para agradar ao novo aliado”, disse o diplomata.

O político venezuelano e líder do PSUV (Partido Socialista Unido da Venezuela), William Fariñas afirmou nesta quarta-feira (20) que Estados Unidos sabem que a Venezuela tem aliados estratégicos.

“No caso da Venezuela, a intervenção militar pode gerar uma conflagração global, mas nesta circunstância existem aliados estratégicos. Os Estados Unidos sabem que a Venezuela tem alguns aliados aos quais estão se dirigindo diretamente”, disse Fariñas.

Leia na íntegra a resposta do governo Venezuelano:

O Governo da República Bolivariana da Venezuela condena veementemente as a perigosas declarações do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e do Brasil, Jair Bolsonaro, no dia de hoje, 19 de março de 2019.

É grotesco ver dois chefes de Estado com grandes responsabilidades internacionais fazerem apologia à guerra sem qualquer vergonha, em uma clara violação da Carta das Nações Unidas.

Também preocupa a influência bélica estadunidense sobre o Brasil e as teses supremacistas de Donald Trump sobre Jair Bolsonaro. Sem dúvida os dois presidentes refletem os ideais mais retrógrados para os povos da região, assim como para a paz e a segurança mundial.

O governo venezuelano alerta contra essa ameaça à paz e a segurança internacional, ao mesmo tempo que convoca os povos do mundo a estarem atentos às pretensões de colocar a Amazônia sul-americana ao alcance de forças militares estrangeiras.

O governo bolivariano seguirá trabalhando com base no direito internacional a fim de garantir que a América Latina e o Caribe sigam como zona de paz. Nenhuma aliança neofascista conseguirá suplantar a vontade por independência e soberania do povo venezuelano, tampouco conseguirá espalhar estratégias de ódio e de guerra entre os povos de nossa América.

Caracas, 19 de março de 2019.

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