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NYT desmente governo dos EUA: quem queimou caminhão com “ajuda humanitária” foi a oposição, não os chavistas.

O governo dos EUA culpou Maduro por queimar um caminhão de “ajuda humanitária” à Venezuela. Vídeos obtidos hoje (10) pelo jornal The New York Times, no entanto, comprovam que o ato de terrorismo foi realizado por um oposicionista. A fake news correu mundo pelo Twitter e pela televisão.

CÚCUTA, Colômbia – A narrativa parecia se encaixar no governo autoritário da Venezuela: as forças de segurança, por ordem do presidente Nicolás Maduro, incendiaram um comboio de ajuda humanitária, enquanto milhões em seu país sofriam de doença e fome.

O vice-presidente Mike Pence escreveu que “o tirano em Caracas dançou” enquanto seus capangas “queimavam alimentos e remédios”. O Departamento de Estado divulgou um vídeo dizendo que Maduro ordenou que os caminhões fossem queimados. E a oposição da Venezuela manteve as imagens da ajuda em chamas, reproduzida em dezenas de sites de notícias e telas de televisão em toda a América Latina, como prova da crueldade de Maduro.

Mas há um problema: a oposição em si, não os homens de Maduro, parece ter acendido a carga acidentalmente.

Imagens não publicadas obtidas pelo The New York Times e fitas previamente lançadas – incluindo imagens divulgadas pelo governo colombiano, que culpou Maduro pelo incêndio – permitiram a reconstrução do incidente. Isso sugere que um coquetel Molotov lançado por um manifestante antigoverno foi o gatilho mais provável para o incêndio.

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Em um ponto, uma bomba caseira feita de uma garrafa é lançada contra a polícia, que estava bloqueando uma ponte que ligava a Colômbia e a Venezuela para evitar que os caminhões de ajuda passassem.

Mas o pano usado para acender o coquetel Molotov se separa da garrafa, voando em direção ao caminhão de primeiros socorros.

Meio minuto depois, o caminhão está em chamas.

O mesmo manifestante pode ser visto 20 minutos antes, em um vídeo diferente, atingindo outro caminhão com um coquetel Molotov, sem incendiá-lo.

A queima da ajuda no mês passado levou a uma ampla condenação do governo venezuelano.

Mais de três milhões de pessoas fugiram do país por causa da crise humanitária causada pela má administração da economia por Maduro. Os opositores políticos que permaneceram no país enfrentam a repressão de suas forças de segurança, com muitos presos, torturados ou forçados ao exílio. Muitos manifestantes foram mortos e ainda mais feridos durante protestos de rua.

Muitos dos críticos de Maduro afirmam que ele ordenou que o medicamento fosse queimado durante o impasse na fronteira – apesar de muitos de seus funcionários terem morrido devido à escassez de medicamentos nos hospitais.

(Por Christoph Koettl, Deborah Acosta, Drew Jordan, Anjali Singhvi e Nicholas Casey)

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