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EUA ameaçam quem comprar ouro ou petróleo da Venezuela

O secretario John Bolton falou grosso aos “banqueiros e operadores de bolsas” de todo o mundo: quem negociar ouro ou petróleo [oriundos da Venezuela] será punido pelo governo dos Estados Unidos. E deixou entrever que os EUA não descartam enviar “5000 tropas para a Colômbia”.

O assessor de Segurança Nacional do presidente Donald Trump, John Bolton, ameaçou adotar medidas punitivas contra países que realizarem negócios em geral com a Venezuela. O rigor será absoluto, afirmou Bolton, quando de tratar de negócios referentes a ouro ou petróleo – riquezas naturais que sempre asseguraram a sobrevivência da economia Venezuela.

Bolton, o ultradireitista que esteve com o presidente Bolsonaro para tratar precisamente de questões venezuelanas, reafirmou que os Estados Unidos estão preparados para seguir adiante com as sanções a Maduro.

Acima, o assessor de Segurança Nacional do presidente Donald Trump, John Bolton, com o presidente de extrema-direita Jair Bolsonaro

A determinação de Trump de asfixiar Venezuela, porém, é menos simples do que parece à primeira vista. A Venezuela exporta para os Estados Unidos quase a metade do petróleo que, transformado em gasolina, abastece milhões de automóveis e caminhões nos EUA. Além disso, Caracas é proprietária de uma dezena de refinarias instaladas em território norte-americano e, sim, tem mais, é da Venezuela uma rede de milhares de postos de gasolina espalhados por vários estados dos EUA – a famosa rede Citgo.

Fechar essas torneiras da noite para o dia não é um feijão-com-arroz como foi a deposição de Manuel Noriega no Panamá, em 1989.

Tump e Bolton nunca esconderam – ao contrário – que o único objetivo dessa operação é derrubar Maduro, eleito com 67% dos votos, e no lugar dele colocar o coxinha – ou “escuálido”, como dizem lá – Juan Guaidó, sabidamente ligado a interesses norte-americanos. O pretexto dos gringos é “restabelecer a democracia” – metáfora para se referir ao tesouro de 302 bilhões de barris de petróleo, a maior reserva do planeta, que jazem sob o solo venezuelano.

Em sua conta no Twitter, Bolton não escondeu sujas intenções:

Meu conselho aos banqueiros, brokeres, operadores de bolsas, intermediários e outras empresas: não teremos dúvidas em punir quem negocie ouro, petróleo e outras matérias primas [originárias da Venezuela].

A advertência de Bolton foi divulgada logo depois que a estatal petrolífera venezuelana, a PDVSA, anunciou que responderia com idênticas sanções aos EUA caso Trump cumpra a promessa de estabelecer embargos sobre a petroleira Citgo Petroleum Corporation instalada nos Estados Unidos.

Em entrevista à agência Prensa Latina, o analista Edward Glossop, especialista da consultora Capital Economics, afirmou que as decisões adotadas pela Casa Blanca “atentam contra a paz e a estabilidade regionais”.

Como provocação adicional, recentemente Departamento de Estado emitiu una “advertência de viagem de nível vermelho” na qual aconselha a seus cidadãos não se dirigirem à Venezuela.

Trump repetiu que tem sobre a mesa “todas as alternativas possíveis” contra Maduro. E Bolton acentua que entre elas está, sim, uma ação militar direta.

Ontem, durante uma conversa com os jornalistas nos jardins da Casa Branca, Bolton não procurou esconder a anotação manuscrita que aparecia no bloco de papel que trazia nas mão: “5000 tropas para a Colômbia”.

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