Ex-secretário-geral da Liga Árabe, Amr Moussa, afirmou que a decisão seria uma retaliação dos países árabes ao governo Jair Bolsonaro que anunciou a mudança da embaixada do Brasil em Israel de Tel Aviv para Jerusalém.
A decisão da Arábia Saudita de barrar a importação de frangos de cinco frigoríficos brasileiros foi tomada nesta segunda-feira (21). Segundo a Associação Brasileira de Proteína Animal, cinco frigoríficos foram cortados e não podem mais exportar para aquele país.
O Brasil é o maior exportador de frango do mundo e a Arábia Saudita é o nosso maior importador, com compras no valor de US$ 808 milhões em 2018.
Para atender a esse mercado, os produtores usam a técnica de abate halal, que significa legal – exige que o animal seja abatido por um muçulmano, que o animal esteja com o peito virado para Meca e que a morte seja rápida para evitar sofrimentos.
O Ministério da Agricultura se limitou a falar dos frigoríficos ainda habilitados. A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) informou que 58 plantas são habilitadas pelo Ministério da Agricultura para exportar. Do total, 30 exportam para a Arábia Saudita – 25 foram habilitadas e cinco, não.
“As razões informadas para a não autorização das demais plantas habilitadas decorrem de critérios técnicos. Planos de ação corretiva estão em implementação para a retomada das autorizações. A ABPA está em contato com o governo brasileiro para que, em tratativa com o Reino da Arábia Saudita, sejam solvidos os eventuais questionamentos e incluídas as demais plantas”, diz nota da associação divulgada em seu site.
O ex-secretário-geral da Liga Árabe e hoje um dos diplomatas do Oriente Médio de maior influência na região, Amr Moussa, afirmou que a decisão seria uma retaliação dos países árabes à ideia estudada pelo governo Jair Bolsonaro de mudar a embaixada brasileira em Israel de Tel-Aviv para Jerusalém.
“O mundo árabe está enfurecido (com o Brasil)”, disse Moussa, que participa do Fórum Econômico em Davos. “Essa é uma expressão de protesto contra uma decisão errada por parte do Brasil”, finalizou o ex-secretário.
O presidente em exercício, Hamilton Mourão, afirmou que a intenção do presidente Jair Bolsonaro de mudar a embaixada brasileira em Israel de Tel-Aviv para Jerusalém não deveria ser motivo para um embargo saudita à carne de frango de frigoríficos brasileiros já que medida ainda não foi concretizada.
“A embaixada não está mudada ainda, o pessoal está se antecipando ao inimigo”, declarou Mourão, quando perguntado se a suspensão seria uma retaliação.
O ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno, disse em entrevista ao Estadão que não dá para saber se a decisão da Arábia Saudita de descredenciar cinco frigoríficos brasileiros para exportar carne de frango ao país saudita “teve viés ideológico”.
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