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Extrema direita cresce na Andaluzia, tradicional base dos socialistas espanhóis.

Berço histórico do socialismo espanhol, a região da Andaluzia, na Espanha, viu a extrema direita ganhar espaço no parlamento regional. O Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE) obteve 33 cadeiras, número insuficiente para impedir uma possível coalizão direitista na região. O PSOE, partido do presidente Pedro Sánchez, controla a região há 36 anos.

As cadeiras conquistadas por partidos de centro, de direita e de extrema direita chegam a 59, de um total de 109, com destaque para o VOX, legenda radical de direita que ganhou força recentemente no país, que conseguiu eleger 12 deputados. Depois do PSOE, os resultados mostram o Partido Popular (PP), do ex-presidente de governo Mariano Rajoy, no segundo lugar, com 26 cadeiras. Na sequência vem o Ciudadanos, com 21, e a coalizão esquerdista Adiante, com 17.

Em relação às eleições regionais de 2015, o PSOE perdeu 14 cadeiras, o PP sete e o Adiante três. O Ciudadanos, assim como o VOX, foi o grande destaque do pleito, conquistando 12 vagas a mais no parlamento da Andaluzia do que há três anos.

Em artigo publicado no jornal El País, a socióloga espanhola Esther Solano afirma que a esquerda deve enfrentar dificuldades em todo o cenário nacional: “Esta derrota da esquerda espanhola é daquelas que ficarão escritas nos livros de História, daquelas que inauguram novos ciclos. A Espanha enfrentará em 2019, provavelmente, eleições antecipadas diante dos problemas de governabilidade de Pedro Sánchez. Se o Vox ganhou 12 deputados na terra do PSOE, imaginem quantos poderá ganhar em regiões da Espanha governadas pela direita. É como se Bolsonaro tivesse entrado na política brasileira pelo Nordeste”.

Vox

Desde o início da campanha os eixos do discurso do Vox foram muito claros: o nacionalismo espanhol, o anti-independentismo, mensagens contra a imigração, a lei da memória histórica e a lei contra a violência de gênero; além de constantes elogios às forças de segurança e ao Exército.

Contrário ao aborto e ao casamento homossexual, o partido de extrema-direita concentrou grande parte de seus ataques aos imigrantes e aos muçulmanos. “O Vox foi o partido que marcou o debate político nestas eleições. Colocamos sobre a mesa o controle das fronteiras e acabar com a invasão da imigração ilegal”, disse Javier Ortega, secretário-geral do partido, em entrevista ao El País.

Entre outras medidas, o partido quer deixar os imigrantes ilegais sem cuidados de saúde e fala de construir um “muro intransponível” em Ceuta e Melilla. Também fala em suspender o espaço Schengen (convenção entre países europeus sobre abertura das fronteiras e livre circulação de pessoas) enquanto houver líderes independentistas fugidos da Justiça em outros países europeus; fechar as televisões das comunidades autonômas; baixar impostos, especialmente para aqueles com maior renda; liberalizar o solo; promover uma lei para proteger as touradas e abolir a lei contra violência machista. Estas são suas prioridades.

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