Brasil

Tucano histórico, Alberto Goldman, ex-governador de São Paulo, declara voto a Haddad.

Após três minutos e trinta e sete segundos falando bem de si e mal do PT, Goldman declara apoio a Fernando Haddad: “Contra a minha vontade, contra o que eu pensava, contra os princípios e contra esses anos todos de luta contra o PT, vou acabar votando em Haddad”.

A seguir, a íntegra do vídeo de Goldman:

Eu acho que ninguém duvida da minha história política, de toda minha luta no período da ditadura e depois o período democrático, as minhas posições.

Minhas posições foram muito fortemente anti-petistas, especificamente quando eu estava no governo Fernando Henrique Cardoso. Eu era apenas um deputado, líder de governo, às vezes na comissão de orçamento e atuava principalmente como relator, como presidente de várias comissões importantes que tentavam fazer as reformas que o Brasil precisava.

O PT foi apenas um sabotador de todas essas tentativas, se alguma coisa a gente conseguiu foi na luta, na conquista, mas sempre com a sabotagem do PT.

O PT nunca se manifestou como um partido pensando no progresso do país, sempre amarrando o desenvolvimento desse país, sempre amarrando as reformas, sempre amarrando, fazendo o papel de partido reacionário, um agrupamento reacionário da sociedade brasileira.

Isso é a história do PT.

Não pense PT como um partido progressista, não era não, era reacionário.

Durante todo o governo Fernando Henrique foi assim, eu sofri bastante.

Depois, viemos ver o Lula e no governo Lula até tentei ajudá-los em algumas coisas, até pude ajudá-los em algumas coisas, contra o mais acirrado dogmatismo interno que havia dentro do PT mas nunca estive com eles, sempre fui oposição.

Nesses últimos anos, inclusive, nos anos mais recentes, eu fui o autor, praticamente, da CPI do mensalão. Passou pela minha mão, eu que trabalhei por ela, eu era líder do PSDB, eu que consegui as assinaturas, eu que fui busca-las, que que fui levá-las e a CPI só pode se concretizar, exatamente, pelo meu esforço, quase que apenas um esforço pessoal.

Portanto, minha objeção a eles, eu acompanhei todo o andamento da CPI, vi o que eles fizeram, surpreendentemente para mim, evidentemente, eu nunca imaginava que eles pudessem chegar ao ponto que chegaram e pra mim eles causaram um sentimento de frustração brutal.

Nunca pensei que poderia um dia votar neles, nunca quis votar neles mais, em função disso.

Agora nós estamos em uma situação, absolutamente, diferente.

De repente eu me sinto em uma situação difícil, por quê?

Porque aparece uma candidatura que, afinal de contas, eles criaram, Bolsonaro é produto do PT. O que nós temos dessa direita que saiu do armário de uma forma violenta, não os conservadores que têm muito na sociedade brasileira mas de um direita, direita, aquela que baba, aquela que morde, aquela que quer causar mal as pessoas, essa estava no armário e agora saiu do armário por glória, honra e trabalho do PT.

Bem, mas essa realidade estamos diante de nós hoje, duas candidaturas, a candidatura de Haddad, pelo PT e a candidatura do Bolsonaro, por essa direita raivosa.

Bem, é … Haddad, PT, nunca me passou pela cabeça que poderia votar neles. Agora, me sinto diante de dificuldade porque do outro lado está, exatamente, essa direita raivosa.

E eu estava, até o domingo passado, com a disposição em não votar em ninguém, como muita gente. Eu vejo muita gente na mesma forma, mas o discurso no domingo, na praça, aliás, na avenida paulista, feito até por videoconferência pelo candidato a presidente Bolsonaro, no qual ele veio de uma forma tão raivosa, e tão absurda, tão inaceitável, dizendo até que aquelas pessoas que fossem suas adversárias poderiam e deveriam ser banidas e mais do que banidas, aqueles que seriam presos apodreceriam na prisão.

Uma linguagem absurda, uma linguagem que não corresponde a lei brasileira, não corresponde a democracia brasileira, não corresponde a Constituição, não corresponde a nada.

Aí cheguei a conclusão, minha conclusão, é que eu não estou disposto a pagar para ver.

Não acredito que as instituições brasileiras estejam tão frágeis a ponto de perderem suas características que conquistaram nos últimos anos de democracia. Acho que não.

Acho que nem Bolsonaro e seu agrupamento mais próximo vai conseguir fazer isso mas, evidentemente, pontos de retrocessos nós poderemos vir a ter, não uma quebra do processo democrático.

No entanto, eu sinceramente não quero pagar para ver e vou, contra a minha vontade, contra o que eu pensava, contra os princípios e contra esses anos todos de luta contra o PT, vou acabar votando em Haddad.

E vou ter que no final da votação pedir desculpas e pedir desculpas, principalmente, pedindo a Deus que me perdoe.

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  1. Avatar
    PERICLES PEGADO CORTEZ says:

    Não é hora de ficar em cima do muro. Só FHC fica. Estamos decidindo entre a democracia (HaddadSim) ou a barbárie (o coisa ruim). Respeito os seus argumentos, não concordo totalmente com eles, mas uma virtude do PT foi governar durante 14 anos de forma republicana e democrática, até ser apeado pelo golpe perpetrado pelo “aécim” e o psdb do qual o senhor faz parte. Não fosse isso estaríamos disputando, novamente, PSDB x PT uma eleição normal. Quem criou “o coisa ruim” foram as forças golpistas civis, militares, empresariais e financeiras daqui e de lá. Aplaque o seu desconforto, o senhor escolheu o lado bom da força. Ditadura nunca mais. Como o senhor vou votar no Paes para tentar derrotar o lado mal da força e suas legiões de demônios. Vade retro satanás!

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