Brasil

Na noite da virada, 70 mil pessoas lotam Arcos da Lapa para apoiar Haddad e a Democracia.

Cerca de 70 mil pessoas se reuniram nesta terça-feira (23) nos Arcos da Lapa para o “Ato da Virada – Brasil pela Democracia”, realizado em apoio ao candidato do PT à Presidência da República, Fernando Haddad. Organizado pelo teólogo Leonardo Boff, o músico Chico Buarque, o escritor e tradutor Eric Nepomuceno, o sociólogo Emir Sader e o escritor e jornalista Fernando Morais, o evento reuniu artistas, intelectuais e políticos como Mano Brown e Caetano Veloso.

O ato foi marcado pelo repúdio às recentes declarações do candidato do PSL, Jair Bolsonaro, que durante um discurso ameaçou seus opositores com “a prisão ou o exílio” e afirmou que colocará as forças de segurança do país para “dar no lombo” dos “petralhas” e dos “bandidos do MST e do MTST”.

“Ele disse que depois das eleições eu teria dois destinos: a prisão ou o exílio. Eu fiz uma opção: resolvi derrotar Jair Bolsonaro. Eu não o quero preso nem exilado. O que eu quero é que ele viva com saúde para ver os negros na universidade, as mulheres emancipadas e donas do seus destinos, as terras indígenas demarcadas, os nordestinos progredindo com água, comida, trabalho e educação”, disse Haddad em resposta às declarações do ex-capitão.

O petista adotou um tom duro contra o adversário: “Ele disse que quer acabar com o ‘coitadismo’ de mulheres, negros, nordestinos e gays. O meu recado pra ele é: Jair, se olha no espelho, o coitado é você, que não passa de um soldadinho de araque e só fala grosso porque tem gente armada à sua volta. Você não é capaz de enfrentar um debate, não é capaz de enfrentar uma entrevista sem censurar jornalista livre”.

A atividade também reuniu membros de partidos da “Frente Democrática”, constituída pelo PSOL, PCdoB, PSB, PDT e PV. Importantes figuras da história política nacional também foram lembradas durante o ato: “Se estivesse vivo, Leonel Brizola certamente estaria neste palco. Nós trabalhistas, brizolistas, nacionalistas votaremos em Haddad no domingo”, disse Vivaldo Barbosa, fundador e militante histórico do PDT.

Durante sua fala Caetano afirmou que a eleição de Fernando Haddad e Manuela D’Ávila representará a dignidade do povo brasileiro, de cada homem brasileiro”, enquanto Chico Buarque disse que a violência não é o caminho para mudança: “Não queremos mais mentiras, não queremos mais força bruta. Queremos paz, queremos alegria, queremos Fernando e Manuela”.

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    Cristina Silveira says:

    Eu estava lá. O Mano Brown, falou o certo, falou da esquerda sem espírito, gostei muito. Até a bisneta do Lula tava lá, uma pequenininha que, quando gritavam Lula, ela fazia L com os dedos. Vamos pra virada!

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    JORNALISTA DA FOLHA COBRA DO PRÓPRIO JORNAL UMA CLARA DEFINIÇÃO A FAVOR DA DEMOCRACIA E CONTRA A DITADURA DA BARBÁRIE

    Eleonora de Lucena, na Folha

    Ninguém poderá dizer que não sabia. É ditadura, é tortura, é eliminação física de qualquer oposição, é entrega do país, é domínio estrangeiro, é reino do grande capital, é esmagamento do povo. É censura, é fim de direitos, é licença para sair matando.

    As palavras são ditas de forma crua, sem tergiversação –com brutalidade, com boçalidade, com uma agressividade do tempo das cavernas. Não há um mísero traço de civilidade. É tacape, é esgoto, é fuzil.

    Para o candidato-nojo, é preciso extinguir qualquer legado do iluminismo, da Revolução Francesa, da abolição da escravatura, da Constituição de 1988.

    Envolta em ódios e mentiras, a eleição encontra o país à beira do abismo. Estratégico para o poder dos Estados Unidos, o Brasil está sendo golpeado. As primeiras evidências apareceram com a descoberta do pré-sal e a espionagem escancarada dos EUA. Veio a Quarta Frota, 2013. O impeachment, o processo contra Lula e sua prisão são fases do mesmo processo demolidor das instituições nacionais.

    Agora que removeram das urnas a maior liderança popular da história do país, emporcalham o processo democrático com ameaças, violências, assassinatos, lixo internético. Estratégias já usadas à larga em outros países. O objetivo é fraturar a sociedade, criar fantasmas, espalhar medo, criar caos, abrir espaço para uma ditadura subserviente aos mercados pirados, às forças
    antipovo, antinação, anticivilização.

    O momento dramático não permite omissão, neutralidade. O muro é do candidato da ditadura, da opressão, da violência, da destruição, do nojo.

    É urgente que todos os democratas estejam na trincheira contra Jair Bolsonaro. Todos. No passado, o país conseguiu fazer o comício das Diretas. Precisamos de um novo comício das Diretas.

    O antipetismo não pode servir de biombo para mergulhar o país nas trevas.

    Por isso, vejo com assombro intelectuais e empresários se aliarem à extrema direita, ao que há de mais abjeto. Perderam a razão? Pensam que a vida seguirá da mesma forma no dia 29 de outubro caso o pior aconteça? Esperam estar livres da onda destrutiva que tomará conta do país? Imaginam que essa vaga será contida pelas ditas instituições –que estão esfarrapadas?

    Os arrivistas do mercado financeiro festejam uma futura orgia com os fundos públicos. Para eles, pouco importam o país e seu povo. Têm a ilusão de que seus lucros estarão assegurados com Bolsonaro. Eles e ele são a verdadeira escória de nossos dias.

    A eles se submete a mídia brasileira, infelizmente. Aturdida pelo terremoto que os grandes cartéis norte-americanos promovem no seu mercado, embarcou numa cruzada antibrasileira e antipopular. Perdeu mercado, credibilidade, relevância. Neste momento, acovardada, alega isenção para esconder seu apoio envergonhado ao terror que se avizinha.

    Este jornal escreveu história na campanha das Diretas. Depois, colocou-se claramente contra os descalabros de Collor. Agora, titubeia – para dizer o mínimo. A defesa da democracia, dos direitos humanos, da liberdade está no cerne do jornalismo.

    Não adianta pedir desculpas 50 anos depois.
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    PS – É o que nós, da Esquerda, vimos denunciando desde as vésperas do golpe.

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