Brasil

Não podemos ter dúvidas: são as trevas contra a educação.

É hora de tomar posição. Educadores brasileiros têm o dever de lutar contra qualquer forma de obscurantismo, combater qualquer forma de fascismo que sempre foi avesso às questões educacionais.

Olá, eu sou Cesar Callegari e antes de mais nada quero cumprimentar os professores e professoras pela sua semana. Nós estamos no período que se comemora aquilo que deveria ser e deve ser a profissão mais importante da nossa sociedade, a de professor e professora.

É claro que estamos todos muito preocupados às vésperas do segundo turno das eleições brasileiras. Estamos aí, o tempo inteiro amargurados diante do que pode vir e entre as propostas que estão sendo colocadas, sobretudo, pelo candidato da extrema direita, o capitão reformado, Jair Bolsonaro. Nós temos a perspectiva de um retrocesso brutal para a educação do nosso país.

As professoras e os professores precisam tomar consciência disso e se mobilizarem. Nós somos formadores de opinião, nós temos responsabilidade para a formação do nosso presente, com os nossos estudantes e com o nosso futuro.

Portanto, ter consciência dessas propostas é absolutamente fundamental.

Vocês acham que é razoável que um candidato à Presidência da República queira substituir a escola pública, substituir os professores, substituir laboratórios, livros didático e retirar a possibilidade de acesso à merenda escolar de milhões de crianças pobres? Isso porque ele quer transformar a escola pública em escola de educação a distância.

Eu digo e repito, a escola é o que nós temos que defender o tempo inteiro.

Somente um candidato reacionário, que não tem compromisso com a democracia e com as instituições, defende o fim da escola, dos professores, do direito à convivência dos estudantes – e nós todos sabemos que muito daquilo que as crianças e jovens aprendem na escola não estão nos livros, nas aulas, e sim na convivência entre eles, onde eles podem aprender e desenvolver sentimentos como solidariedade, respeito às diferenças, saber trabalhar de uma maneira colaborativa, ou seja, tudo aquilo que o mundo da atualidade exige de cada cidadão de cada habitante deste planeta.

É uma proposta que nós temos que rejeitar. Isso está no programa de governo da extrema direita e que nós não podemos admitir.

E tem mais, o candidato da extrema direita, o capitão reformado, propõe a volta da educação moral e cívica. Pode parecer simpático para alguns que querem mais brasilidade, mais patriotismo, mas na realidade o que uma pessoa como ele pretende é a volta da educação moral e cívica imposta na época da ditadura militar.

Nós não podemos permitir um retrocesso como esse, temos que olhar o Brasil do presente pensando o futuro e não uma coisa que volte para o passado e com uma espécie de marca do medo, da opressão e da ameaça.

Ainda tem mais para nos preocupar.

O capitão reformado sempre defendeu, como deputado federal, a chamada escola sem partido. Claro que nós não queremos partidarizar a escola mas nós queremos garantir que professoras e professores não sejam perseguidos e denunciados por algum desafeto pessoal.Denúncias falsas poderão ser feitas dizendo que o professor está pregando algum tipo de ideologia.

Esse candidato propõem que seja abolido do processo educacional qualquer referência a gênero. Portanto, qualquer referência às mulheres da sociedade brasileira – que é uma questão de gênero – que tem sido duramente discriminadas, colocadas em sobretrabalho, esforços absurdos, violência de todas as espécies. Essa é uma questão de gênero que precisa ser tratada nas escolas.

O candidato Bolsonaro propõem que nós tenhamos, dentro do processo educacional, uma espécie de militarização. Ora, educação militar deve ser para educar os militares e não as crianças e os jovens. Crianças e jovens precisam ser educadas por profissionais da educação, que são as professoras e os professores brasileiros e não ficar fazendo ordem unida e obedecendo regras que são próprias da caserna e do processo militar.

Estou dizendo essas coisas para chamar a sua atenção.

Ou nos mobilizamos agora, junto aos nossos estudantes, as famílias, as nossas próprias famílias ou nós vamos esperar chegar o tempo fechado que vai significar a destruição da educação.

Na outra ponta, do lado do Brasil, está o candidato Fernando Haddad. Nós já o conhecemos, foi o ministro da Educação que realizou uma das maiores obras educacionais em todos os tempos no país.

Digo isso porque o conheço. Fui seu secretário da Educação, no município de São Paulo, quando ele foi prefeito e acompanhei todas as ações quando ele foi ministro da Educação, porque na época eu atuava como membro do Conselho Nacional da Educação.

Nesse momento nós não temos que ter dúvida, são as trevas, o obscurantismo, uma ação anti educacional, contra uma ação propositiva que leva o Brasil, os educadores, o Plano Nacional da Educação – feito pelo Fernando Haddad – ao aumento real de verbas para a educação.

Essas questões têm que envolver todos os educadores brasileiros.

É hora de tomar posição, não é possível ficar em cima do muro. Educadores brasileiros têm um dever a cumprir nesse momento e o dever é a consciência, a paz, lutar contra qualquer forma de obscurantismo, combater qualquer forma de fascismo que sempre foi avesso às questões educacionais.

Está nas nossas mãos, professores e professoras brasileiros, no próximo 28 de outubro, nas urnas brasileiras, nós estamos decidindo o nosso futuro e não é só o futuro do Brasil é também o futuro da educação – que por sua vez é o futuro do Brasil.

Vamos à luta, vamos exercer o nosso papel, vamos fazer do Brasil uma nação democrática, desenvolvida e socialmente justa.

Só faremos isso com educadores e com educação.

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