Brasil

Como chegamos aqui?

As “ditaduras de segurança nacional” foram o grande plano dos anos 70, resultado deste projeto. Porém, à medida que as brutalidades dessas ditaduras vinham à tona, se fazia necessário usar novas táticas de controle social e do Estado.

Nos últimos dias, tenho ouvido de pessoas das mais diversas partes do mundo: como o Brasil chegou a esse cenário?

Bom, primeiramente, não foi da noite pro dia. É um processo longo e complexo. São elementos internos articulados também aos interesses e ações internacionais.  

Por um lado, o projeto neoliberal, que mais interessa à elites, foi completamente esvaziado. Sendo reiteradamente rejeitado, então a única solução que se apresenta é impor, de maneira violenta, algo que já não encontra respaldo popular — e é nesse contexto de crise que entra o avanço do autoritarismo em nível global.

Na América Latina, a argentina Stella Calloni alerta sobre um elemento bastante particular deste processo, uma vez que é a expressão de um projeto de longo prazo de manutenção do poder. Calloni ressalta que as “ditaduras de segurança nacional” foram o grande plano dos anos 70, resultado deste projeto. Porém, à medida que as brutalidades dessas ditaduras vinham à tona, se fazia necessário usar novas táticas de controle social e do Estado.

É aí que entra o que Calloni chama de “democracias de segurança nacional”, onde as estruturas judiciais são infiltradas por interesses externos e as instituições já não funcionam como garantidores da democracia. Ou seja, uma ditadura encoberta, que começa a ter suas bases construídas já na década de 90.

Paralelo a esse processo de ocupação das estruturas do Estado, vem outro tão ou mais importante: a manipulação das percepções, ou a fabricação de consenso, na análise de Chomsky — a chamada guerra de quarta geração ou guerra psicológica. Com a ajuda de tecnologias de ponta, os medos e anseios mais profundos de nossas sociedades são utilizados como insumos de manipulação psicológica para atingir determinados fins políticos.

O que eu quero dizer com isso? Que estratégias como notícias falsas e apelativas são uma arma importante. Mas é uma arma que só funciona porque são como semente em terreno fértil, fornecem a desculpa ideal para que preconceitos e ressentimentos floresçam sem maiores pudores. Terreno cuidadosamente preparado, cabe lembrar.

O que vivemos hoje no Brasil, na Ucrânia, nas Filipinas não é um ponto fora da curva. É o resultado de uma tática muito bem arquitetada, que se fortalece com o enfraquecimento de valores democráticos e o desgaste do tecido social.

E é conhecendo essas estratégias de controle que podemos voltar a trilhar o caminho para nossa emancipação.

 

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    Gleisi entra com uma ação no TSE contra a candidatura de Bolsonazi. Pois os seus discípulos estão fazendo anarquias, perseguições, hostilizacoes e homicídios contra os seus adversários. Não há mais democracia. A promessa dele de acabar com a violência é uma farsa, pois transferiu a violência propagada pelos bandidos do morro para os NNB (neo nazistas bolsonarstas) bandidos da classe média.

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