Brasil

O Brasil na encruzilhada

Por um lado, temos a emergência e consolidação de projetos que buscam construir uma sociedade mais justa e por outro vemos ressurgir uma espécie de estado hobbesiano, tanto nas relações intra-nacionais, quanto no âmbito das relações internacionais.

1968 foi um ano decisivo. Foi o ano em que assistimos o movimento pelos direitos civis emergir com uma força nunca vista; em que assistimos às ruas de Paris sendo tomadas por estudantes e operários, levando a uma intensa revisão da sociedade e avançando em conquistas sociais fundamentais. Mas foi também o ano em que o governo mexicano enviou suas tropas para massacrar estudantes em Tlatelolco. Foi o ano que mergulhou o Brasil na fase mais sangrenta da repressão, que eliminou nossas liberdades individuais, que legalizou o inominável com a assinatura do AI5.

O que estava em disputa eram duas visões antagônicas de mundo, um projeto emancipador versus um projeto de perpetuação da ordem vigente – custe o que custar.

Cinquenta anos depois, nos vemos novamente frente a essa disputa.

Por um lado, temos a emergência e consolidação de projetos que buscam construir uma sociedade mais justa, um sistema internacional embasado em relações de reciprocidade entre países soberanos, não em relações de vassalagem. Por outro, vemos ressurgir uma espécie de estado hobbesiano, tanto nas relações intra-nacionais, quanto no âmbito das relações internacionais, um estado onde vale tudo para consolidar o poder real ou financeiro ou simbólico. Um estado onde a manipulação dos medos e preconceitos profundamente arraigados em nossas sociedades dá espaço para o ressurgimento e empoderamento do que há de pior na história da humanidade.

E é justamente nesse contexto que se inserem as eleições de domingo no Brasil, que terão um impacto profundo não só internamente, mas também do ponto de vista geopolítico.

É a disputa do Brasil como ator global versus o Brasil fantoche dos interesses transnacionais, disposto a abrir mão de nossa soberania, de nossas reservas estratégicas, de abrir nossos quartéis aos militares gringos. É a disputa pela reconstrução do nosso tecido social e das instituições republicanas, ou o empoderamento da face mais cruel e perigosa da política do medo e do ódio.

O que está em jogo no domingo é o futuro do Brasil como nação.

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