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Na ONU, impera a lei da selva

Trump foi para a Assembleia Geral da ONU com uma mensagem incisiva: os Estados Unidos não vão “tolerar” que sua soberania e supremacia, e muito menos que seu “direito” (muitas aspas) de agir unilateralmente e livre de qualquer tipo de responsabilidade frente aos organismos unilaterais, sejam contestadas.

Trump foi para a Assembleia Geral da ONU com uma mensagem incisiva: os Estados Unidos não vão “tolerar” que sua soberania e supremacia, e muito menos que seu “direito” (muitas aspas) de agir unilateralmente e livre de qualquer tipo de responsabilidade frente aos organismos unilaterais, sejam contestadas. Ou seja, o globalismo e o multilateralismo agora dão lugar ao exercício da conveniência: se foros de concertação podem ser instrumentalizados para avançar meus interesses, muito bem. Se não, eu levo a bola para casa e não brinco mais.   

Se há algo que não podemos acusar Trump, é de inconsistência. À frente do governo dos Estados Unidos, ele não só empoderou e deu espaço para que os setores mais reacionários de Washington pudessem finalmente agir movidos por ressentimentos de longa data, mas também tem feito jus à sua promessa de desmantelar espaços de concertação e acordos entendidos como inconvenientes ao seu projeto de poder. E deixa isso bastante claro.

Ao anunciar sanções unilaterais contra a Venezuela, em clara violação do Direito Internacional, justamente em meio ao maior encontro anual da ONU, ou ao acusar China de interferência nas eleições regionais agendadas para novembro (que prometem uma significativa vitória dos democratas), ou mesmo ao defender uma posição em relação ao Irã já desacreditada por especialistas da própria ONU, Trump mostra que está disposto, ainda mais que seus antecessores, a instrumentalizar o organismo para ganho próprio.

Essa é a primeira vez que os Estados Unidos presidem uma reunião desse Conselho defendendo uma posição minoritária. A atuação arrogante e irresponsável dos Estados Unidos deixa a descoberto os perigos do militarismo e de sua cruzada global de poder. Mas também retoma um questionamento fundamental: até onde a diplomacia de suborno e manipulação pode se sustentar? Até quando os países-membros do Conselho de Segurança aceitarão ser cúmplices (silenciosos ou não) das agressões estadunidenses?

É um retorno à lógica do poder pelo poder. Resta saber se estamos frente a um ponto fora da curva ou a uma tendência a se consolidar.

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