O presidente do Uruguai, Tabaré Vázquez, mandou prender o comandante em chefe do Exército do Uruguai, Guido Manini Ríos, por 30 dias por opinar sobre um projeto de lei de reforma do sistema de pensões militares e uma nova lei para as Forças Armadas. A sanção foi imposta na segunda-feira.
Vázquez não esclareceu qual das ações de Ríos motivou a punição, mas afirmou que o militar violou a Constituição: “Comentar um projeto de lei que está em discussão no Parlamento é uma atividade política”.
O artigo 77 da Constituição do Uruguai estabelece que os militares em atividade deverão se abster de “fazer parte de comissões ou de clubes políticos, de subscrever a manifestos de partidos, de autorizar o uso de seu nome e, de modo geral, de executar qualquer outro ato público ou privado de caráter político, exceto o voto”.
Manini Ríos já foi alvo de controvérsia diversas vezes. Em julho, o general publicou em sua conta no Twitter uma homenagem ao coronel Artigas Álvarez, assassinado em 1972, irmão do ex-ditador Gregório Álvarez, e afirmou que era “parte de uma política institucional de recordar os companheiros caídos em combate”.
Um mês depois, o general publicou a foto de um quadro com a inscrição “Quando a pátria está em perigo, não há direitos para ninguém, apenas deveres”.
Manini Ríos também foi acusado em novembro do ano passado pela Organização de Mães e Familiares de Detidos Desaparecidos durante a ditadura militar de ter mentido sobre a localização dos restos mortais de um desaparecido.
Não é a primeira vez que um militar é punido no governo Vázquez. Em 2006, durante o primeiro mandato, o presidente destituiu o então comandante em chefe do Exército, Carlos Díaz, por ter participado de uma reunião com o ex-presidente Julio María Sanquinetti e o ex-ministro da Defesa Yamandú Fau. Os generais Pedro Aguerre e Miguel Dalmao, que também estavam presentes no encontro, ficaram presos por cinco dias.
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joao sigrist says:
Que isso sirva de exemplo para o pais vizinho ao norte do Uruguai que deveria ja ter tomado atitudes identicas aos que extrapolam seus direitos constitucionais.
Netho says:
Decisão pertinente, devidamente ancorada no texto constitucional uruguaio.
O presidente Tabare Vasques fez cumprir a Constituição.
Ciro Gomes foi o único candidato a enquadrar o general Villas Bôas.
Os demais candidatos sequer deram um pio, amarelados, todos.
Parabéns ao presidente uruguaio.
Sergio Trindade (@trindade_sergio) says:
Parece que, na verdade, ele cometeu um grande erro. Deveria ter destituído o general do comando do exército.
José Carlos Sibila says:
Creio que precisamos criar um grupo apartidário no cone sul para debater estas intromissões de militares na vida dos países membros.