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É preciso dar um voto de confiança a Mauricio Macri: ele vai se igualar a Michel Temer.

Os pontos de coincidência entre a destruição da Argentina e do Brasil: desvalorização da moeda, alta do desemprego, crescimento da população de rua e politização do Judiciário.

Eu acabo de voltar de 22 dias na Argentina. Uma vez mais fiquei impactado com os pontos de coincidência entre o que vive a Argentina de Mauricio Macri e o que vivemos no Brasil com Michel Temer e sua quadrilha.

Há diferenças, é verdade. A nossa inflação não vai passar de 4%, segundo as projeções. A da Argentina de Macri vai passar de 30%.

Outra coisa: o dólar. Aqui no Brasil o real perdeu 16%. Na Argentina o peso perdeu 50% do valor no começo do ano. Aliás, desde a chegada do Macri, o dólar se valorizou três vezes diante do peso. Isso é complicado porque a Argentina tem uma dívida bilionária em dólares – algo que nós não temos. A gente tem uma reserva bilionária em dólares.

O resto é muito parecido. O desemprego deles não chega no nível do nosso, mas é preciso dar um voto de confiança a Macri, porque vai chegar. Nós temos 33% da força de trabalho no Brasil entre desempregada, subempregada ou em trabalhos precários. A Argentina tá na base de 23%, mas repito, é preciso dar um voto de confiança a Macri.

Por exemplo, outra coincidência: política econômica, o desmantelamento do Estado. O Conicet, que é uma espécie de Capes deles, está sem dinheiro para pesquisa científica, bolsa de estudos, etc.

Mas o que mais me impressionou foi o número de moradores de rua em Buenos Aires num inverno que está sendo dos mais perversos em muitos anos. Desde a chegada de Macri, a população de rua de Buenos Aires dobrou. Não chegou ainda ao desastre que vivemos aqui no Rio de Janeiro, onde a dupla Pezão e Temer triplicaram de 2015 para cá os moradores de rua.

Mas é preciso dar um voto de confiança a Mauricio Macri. Ele vai se igualar a Temer. É impressionante como nossos dois países estão sendo destruídos.

Outra coincidência nefasta: a politização do Judiciário. Lá, o Sergio Moro deles se chama Claudio Bonadio. Tem uma diferença: não é jeca que nem o nosso, que fica aparecendo em festinhas de Nova York e paraísos fiscais como Mônaco. É um pouco mais comedido. Aliás, é mais fácil ser mais comedido do que Sergio Moro.

Agora mesmo eu vi uma pantomima lá incrível. Fotocópias de cadernos, feitos por um motorista, indicando pagamento de propina, corrupção do governo de Néstor e Cristina Kirchner. Não foi feito um exame grafológico, os originais sumiram. E o mais impressionante: o chofer em questão escreve como Borges, Cotázar, e fala como um jogador de futebol de terceira divisão. Evidente que era uma falcatrua.

Aí, grande escândalo: invadiram e revistaram a casa de Cristina Kirchner. 15 dias de discussão no Senado se ia autorizar ou não. Aliás a própria Cristina votou a favor porque não tem o que esconder. E se tivesse, 15 dias era tempo mais do que o suficiente para sumir com tudo. Palhaçada. Pobres os países como os nossos.

Mais Nocaute:

Damous: “Agora não tem mais meio termo. É civilização versus barbárie”.

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