Este incêndio, para além da desgraça em si, se apresenta como o epitáfio do Brasil, é como se o imponderado, diante do incêndio do 5º maior Museu do Mundo, anunciasse para a História o fim de uma das maiores nações do chamado Mundo Novo… resta o Estado, mas, morre a nação.
Começo com trechos da música “Canto das Três Raças” de Mauro Duarte e Paulo Cesar Pinheiro
Ninguém ouviu
Um soluçar de dor
no canto do Brasil
…
E ecoa noite e dia
É ensurdecedor
Ai, mas que agonia
O canto do trabalhador
Esse canto que devia
Ser um canto de alegria
Soa apenas
Como um soluçar de dor
O Museu Nacional do Rio de Janeiro, um dos guardiães de nossa memória, foi incendiado pelo descaso do Poder Público para com o património cultural e para com a história do Brasil.
Este incêndio, para além da desgraça em si, se apresenta como o epitáfio do Brasil, é como se o imponderado, diante do incêndio do 5º maior Museu do Mundo, anunciasse para a História o fim de uma das maiores nações do chamado Mundo Novo… resta o Estado, mas, morre a nação.
Pois, nesta mesma semana, o STF, desferiu o mais duro e profundo golpe à consciência de classe trabalhadora, com a aprovação da terceirização irrestrita.
Usando a lógica do historiador Eric Hobsbawm, é o fim do século vinte no Brasil.
Século que celebrou a vitória do trabalhador, da trabalhadora sobre a exploração desmedida do capital, com a promulgação da CLT, pela resistência à ditadura e, consequente, vitória sobre a mesma, vitória consagrada na Constituição Cidadã de 1988.
Pois, onze seres humanos, brasileiros e brasileiras que juraram proteger a Constituição a destruiram, e, com ela, um século de lutas pelo direito do trabalhador, da trabalhadora.
Voltamos ao século dezenove.
Quando, segundo a matéria da Agência Brasil, de 30/08/2018 “O ministro (Celso Mello) entendeu que os empresários são livres para estabelecer o modo de contratação de seus funcionários.” voltamos ao princípio que vigeu até que o século dezenove acabou, no Brasil, com a promulgação da CLT (Consolidação das Leis doTrabalho) em 01/05/1943.
Essa fala do ministro me remeteu ao grito de Ásafe, no Sl 82: “Até quando julgareis injustamente e tomareis partido pela causa dos ímpios? Fazei justiça ao fraco e ao órfão, procedei retamente para com o aflito e o desamparado. Socorrei o fraco e o necessitado; tirai-os das mãos dos ímpios.”
Em primeiro lugar, na terceirização, a empresa fim não contrata funcionários ou funcionárias, contrata empresas que lhes garantem não apenas o preenchimento do posto de trabalho como a substituição, a tempo e à hora, do profissional, da profissional caso haja qualquer embaraço; mais ou menos como quando se aluga um carro… a locadora se responsabiliza por substituir o veículo alugado mediante qualquer problema com o mesmo.
Em segundo lugar, a terceirização do trabalhador, da trabalhadora, sim, porque não é o trabalho que é terceirizado é o trabalhador, a trabalhadora, pois, passa a não ter mais nenhum vínculo com a empresa fim. Além do que, o trabalho deixa de ser uma arte e passa a ser uma mecânica que, na ausência de um robô, seja por custo ou defasagem tecnológica, pode ser executado por qualquer peça humana de reposição.
Em terceiro lugar, a terceirização do trabalhador, da trabalhadora é, entre aspas, a “emancipação profissional” do “Capitão do Mato” que, de resgatador dos escravizados, escravizadas em fuga, passa ser o senhor dos escravizados, das escravizadas e os aluga para a Casa Grande, segundo necessidade ou demanda.
Em quarto lugar, a terceirização do trabalhador , da trabalhadora é, simplesmente, a “mais valia” em dobro.
Não bastasse isso, nesta mesma semana macabra, se vingarem as pesquisas de intenção de votos, o TSE nos entregou à sanha da barbárie, criando a possibilidade do país cair no neonazismo, pois, mais uma vez, contra a constituição, contra a lei da ficha limpa, e contra a ONU, o Tribunal impediu que o cidadão Luis Inácio Lula da Silva, condenado à revelia de provas, fosse candidato à Presidência da República nestas eleições de 2018, ainda que seja a encarnação da esperança do trabalhador, da trabalhadora.
E agora, estaremos condenados ao soluçar de dor?
Não!
Proponho a retomada de um antigo hino composto por um personagem que a história custou a reconhecer… retomo alguns trechos:
Os grilhões que nos forjava
Da perfídia astuto ardil
Houve mão mais poderosa
Zombou deles o Brasil
Não temais ímpias falanges
Que apresentam face hostil
Vossos peitos, vossos braços
São muralhas do Brasil
Brava gente brasileira!
Longe vá… temor servil
Ou ficar a pátria livre
Ou morrer pelo Brasil
Lula Livre!
Nosso luto vem do verbo lutar!
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José Eduardo Garcia de Souza says:
O pastor, pelo visto e na sua santa ira, “esquece” que, como informa a EBN, em matéria de junho deste ano, “A direção do Museu Nacional e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) assinaram hoje (6) um contrato que prevê investimento de R$ 21,7 milhões para o plano de revitalização do prédio histórico, seu acervo e espaços de exposição. O Museu Nacional, na Quinta da Boa Vista, zona norte do Rio, completa 200 anos em 2018. Os recursos são um apoio não reembolsável do BNDES à instituição e serão aplicados na recuperação física do imóvel, acervos, espaços expositivos e na revitalização do entorno do museu. O objetivo é garantir mais segurança às coleções e reforçar o trabalho dos pesquisadores para aumentar a demanda de público, além de promover políticas educacionais vinculadas aos acervos.… O valor previsto no contrato assinado hoje corresponde à terceira fase do plano de recuperação do museu, que tem um total de R$ 28,5 milhões. Mais R$ 24 foram milhões investidos nas fases anteriores. Os recursos serão usados também para o fortalecimento da gestão da instituição, com ações de aprimoramento e esforços para a constituição de um fundo patrimonial (endowment) que contribua para o futuro das atividades do museu.”
Quem quiser conferir a matéria completa, o link é http://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2018-06/museu-nacional-recebe-r-21-milhoes-para-revitalizar-predio-e-acervos
E se ele, mesmo à luz do acima, fala de descaso do estado, deveria, entãoperguntar o que ocorreu aos diretores da UFRJ (universidade pública), cuja lista vai aqui:
Reitor: Roberto Leher – filiado ao PSOL;
Vice-reitora: Denise Fernandes Lopez – filiada ao PSOL;
Pró-reitor de graduação: Eduardo Gonçalves – filiado ao PCB;
Pró-Reitor de Planejamento, Desenvolvimento e Finanças: Roberto Antonio Gambine Moreira – filiado ao PCdoB;
Pró-Reitora de Extensão: Maria Mello de Malta – filiada ao PSOL;
Pró-Reitor de Pessoal: Agnaldo Fernandes – filiado ao PSOL.
Franco says:
O descaso do “poder público” deve ser entendido como descaso da UFF, que, no mínimo, negligenciou em manter um prédio em condições precárias aberto à população. Sabemos que as universidades dão prioridade para os gastos de seus professores ideologicamente alinhados. A ADM era da esquerda. O museu é um exemplo de uma administração de esquerda: um desastre.
Mas, não surpreende esse viés vindo de um sacerdote da missa negra que o Lula fez antes de ser preso.
O Sr. Ariovaldo é só mais um adorador de ideologia. Um ideólatra.